PÍLULAS: Câncer infantil: os pequenos milagres do mapeamento genético

• Mapeamento de câncer infantil • STF bloqueia negacionismo • Síndrome em crianças não vacinadas • Ômicron causou crise em hospitais • Sem vantagens nas vacinas específicas • Carrefour esconde agrotóxicos • Vem aí o Abrascão 2022 • Arqueologia médica •

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Câncer infantil: os pequenos milagres do mapeamento genético

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), os casos de câncer infantis atingem 2% da população. A principal causa do surgimento de tumores em crianças decorrem de mutações aleatórias no gene e também de forma hereditária, quando uma mutação presente em um dos pais biológicos aumenta a chance de desenvolver câncer nos filhos. Em ambos os casos, identificar os genes associados pode ajudar a diagnosticar e prevenir o desenvolvimento das doenças, bem como criar tratamentos especializados. Um estudo que avaliou 3,7 milhões de recém nascidos, constatou que 1,8 mil desenvolveram alguma síndrome de predisposição para câncer – e, neles, a identificação precoce reduziu o risco de morte em 7,8%. Os principais hospitais referência no tratamento da doença já acumulam grandes bancos de dados, com dezenas de milhares de sequências genômicas realizadas, com base em anos de mapeamento nos principais tipos de câncer infantil. O principal gargalo é diminuir as disparidades entre instituições e ampliar o acesso aos testes no sistema público de saúde.


STF mira o negacionismo no governo

Na última segunda-feira (14), o ministro Ricardo Lewandowski determinou que os ministérios da Saúde e da Mulher, Família e Direitos Humanos alterem as notas técnicas contra obrigatoriedade da vacinação. Eles têm de fazer constar o entendimento, validado pelo Supremo, de que “a vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário” – mas que a obrigatoriedade pode ser implementada de forma indireta como restrição a certas atividades ou frequência em determinados lugares. O ministro proibiu que o Disque 100, canal do governo para denúncia de violações de direitos humanos, seja usado para queixas contrárias à exigência do passaporte da vacina. Ele afirmou ainda que as pastas comandadas pelos ministros Marcelo Queiroga e Damares Alves contribuem “para a manutenção do ainda baixo índice de comparecimento de crianças e adolescentes aos locais de vacinação”, acarretando no aumento da internação de menores com complicações da covid.


Covid: síndrome letal avança em crianças não vacinadas

Mais de 1.500 crianças e adolescentes de zero a 19 anos já tiveram, nos últimos meses, um mal muito perigoso associado à infecção pela covid: a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), que pode levar à morte 6,2% dos infectados. O Instituto Butantan destaca esse fato em seu site e lembra que a imunização de crianças é pra ontem, como advertiu o diretor médico do Instituto Butantan, Wellington Briques: “a única forma de diminuir drasticamente o risco da SIM-P é vacinando as crianças o mais rápido possível”. Ela atinge os não vacinados e está avançando: de casos esporádicos, a cada dois meses, para até três casos por semana. Um tipo de ingerência do corona no sistema imunológico, a síndrome afeta o processo de inflamação. “A inflamação, que é um mecanismo de proteção, passa a ser um mecanismo de agressão”, resume Wellington.


Vacinas específicas contra a ômicron não oferecem vantagens

À medida que a nova variante se espalha em velocidade recorde pelo mundo, as principais fabricantes de imunizantes mRNA, a Pfizer e a Moderna, investem em recursos e ensaios clínicos para vacinas adaptadas à nova realidade. Mas os resultados indicam que o reforço contra a ômicron não oferece mais proteção que uma terceira dose das que são atualmente aplicadas, segundo noticiado pela Nature. Em macacos, utilizando duas doses do imunizante original da Moderna e outro que incorporou a proteínas spike presente na ômicron, os autores descobriram que os animais reforçados com qualquer vacina montaram uma ampla resposta de anticorpos contra todas as variantes preocupantes – mas o tempo de duração da proteção não está claro. Em outra análise, com camundongos, um reforço compatível com ômicron após duas doses de vacina baseada em mRNA não oferecia mais benefícios do que um reforço padrão. “O que esses estudos estão nos ensinando são as regras de engajamento do sistema imunológico quando você aplica uma vacina” diz David Montefiori, diretor do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas contra a AIDS, da Carolina do Norte (EUA).


A desassistência dos hospitais durante o pico da ômicron

Os dados mais recentes do MonitoraCovid-19, da Fiocruz, mostram que a nova variante foi responsável por um forte impacto dos sistemas de saúde brasileiros, gerando risco de desassistência à população, especialmente nas UTIs, durante o mês de janeiro deste ano. A falta de dados provocada pela invasão cibernética e o longo apagão na Saúde podem ainda não mostrar todo o estrago. “Nós observamos os casos de pacientes hospitalizados. A maior parte dos leitos de UTI estavam ocupadas durante o mês de janeiro, e, em muitos casos, houve um excedente de óbitos ocorridas fora das UTIs”, explica o pesquisador Diego Xavier, do Laboratório de Informação em Saúde do Icict/Fiocruz, mostrando que grande parte da população não teve o direito de atendimento adequado. A pesquisa aponta que o fenômeno ocorreu em quase todos os estados. Segundo os dados, ainda é possível correlacionar o aumento de internações e casos de UTI ao fato de que uma parte ainda grande da população brasileira não completou seu esquema de vacinação contra a covid-19.


Agrotóxicos acima do limite na rede Carrefour

Estampado no site de uma das maiores redes de supermercados do mundo, um manifesto em defesa da alimentação saudável com o slogan “um mundo que come melhor, vive melhor”. Porém, uma reportagem da Agência Pública em parceria com a Repórter Brasil revelou que o Carrefour dificulta a fiscalização de seus produtos – e lojas chegaram a ser autuadas na Justiça. Na Bahia, uma rede de estabelecimentos do grupo foi condenada em última instância por vender morangos com substâncias proibidas pela Anvisa e verduras com agrotóxico acima do permitido. No Rio Grande do Norte, a empresa foi multada por vender maçã, couve, pepino, pimentão e abacaxi também com produtos proibidos ou acima do nível permitido. No Rio Grande do Sul, além de alimentos contaminados, a empresa se envolveu com problemas de validade dos produtos.


Avançam os preparativos para o Abrascão 2022

Uma série de reuniões e encontros mobilizaram o retorno dos encontros presenciais da Abrasco e deram sinal verde para o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, que será realizado em Salvador (BA) entre os dias 21 e 24 de novembro de 2022. A comissão organizadora contará com com membros do Instituto de Saúde Coletiva, das Faculdades de Medicina e Odontologia e do Bacharelado Interdisciplinar da Universidade Federal da Bahia; da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB); da Universidade do Estado da Bahia (Uneb); da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), do IGM-Fiocruz BA; e das secretarias municipais de saúde e de ciência & tecnologia de Salvador. Haverá também a inserção dos movimentos sociais locais. O tema do Congresso também foi escolhido. Será Saúde é democracia: diversidade, equidade e justiça social.


Pesquisadores acham doença em criança que viveu no ano 550

A bactéria Haemophilus influenzae tipo b acaba de virar um caso de arqueologia médica. Ela já foi uma ameaça para as crianças, especialmente as pequenas, por causar doenças como pneumonia e meningite, no final do século 19. Ou ao menos era o que se pensava: ela é significativamente mais antiga. A pista surgiu do estudo de um menino de 6 anos que viveu no ano de 550, na Inglaterra medieval, publicado na revista Genome Biology. O H. influenzae foi identificado pela primeira vez em 1892, reporta a revista Science News. Ela deixou de ser perigosa no final da década de 1980, quando se criou uma vacina contra ela.

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