PÍLULAS | Os atrasados na 3ª dose

• Planos de saúde querem diminuir cobertura • Atrasados na 3ª dose • Hesitação na vacinação pediátrica • Jovens indígenas sem vacina • Profissionais da saúde e covid • Covid longa, explicada • Leucemia infantil • Câncer de colo de útero •

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Risco de imensa perda para usuários de planos de saúde

O Superior Tribunal de Justiça dia 23/2 vai tomar uma decisão crucial para os clientes das operadoras de saúde. A dúvida é se vale ou não o entendimento da lei de planos de saúde, de que todos os tratamentos das doenças incluídas na lista de doenças da OMS (Organização Mundial de Saúde) são de cobertura obrigatória pelos planos. O ministro Luis Felipe Salomão acolheu o argumento das operadoras de que as coberturas previstas gerariam desequilíbrio financeiro no setor. Ana Carolina Navarrete, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), discorda. “O terrorismo econômico é o único argumento das operadoras para defender a mudança no caráter do rol (a lista de tratamentos)”. “Para os consumidores, que são sempre o lado mais vulnerável nessa relação“, diz ela, “uma mudança no caráter do rol significaria uma perda imensurável e o risco de não poder acessar um tratamento no momento de maior necessidade”.


Os atrasados na 3ª dose

Cerca de 33 milhões de brasileiros ainda não tomaram a dose de reforço contra a covid. Segundo levantamento da agência O Globo, que obteve resposta de 18 secretarias estaduais de saúde. Entre as razões para o alto número de faltosos estão a sensação de segurança com as primeiras doses, notícias falsas e efeitos adversos anteriores. A alta taxa de infectados no começo do ano também é um fator, pois é necessário esperar 30 dias após a infecção. O estado com mais atrasados é SP, seguido pelo Pará, Minas Gerais e Bahia. Para avançar com essa fase da imunização, estados pedem aos municípios para abrir o máximo de postos para vacinação com “menos burocracia”; fazer busca ativa dos faltosos, ampliar as campanhas educativas em rádio e TV; alertas por SMS e até adotar o passaporte vacinal. Enquanto isso, já se discute a 4ª dose da vacina contra o coronavírus, onde o único consenso sobre isso, até agora, é que ela deve ser tomada pela população de imunossuprimidos.


Má notícia: muitos ainda hesitam em vacinar as crianças

A vacinação contra a Covid em crianças de 5 a 11 anos no Brasil está em cerca de 250 mil doses aplicadas por dia. Isso é um quarto da quantidade ideal e constitui um risco para todos. “Esse entendimento é importante para tomar a decisão e orientar os pais em relação a vacinar os seus filhos”, pondera Cristiana Toscano, da Sociedade Brasileira de Imunizações em Goiás. Pelos registros atuais, apenas 28% das crianças entre 5 e 12 anos receberam a primeira dose – embora a vacinação tenha começado há mais de um mês. Com isso, as crianças têm sido atingidas em muito maior proporção pela covid do que os adultos. Eles já chegaram a responder por mais de 60% das internações em UTIs, conforme apurou a Folha de S. Paulo: houve um salto de 284 em dezembro para 2.232 em janeiro. Uma escalada de 686% – triste para as crianças e ainda beneficia a proliferação da covid.


Jovens indígenas do Vale do Javari à mercê da covid

Mais de oito meses após a Anvisa autorizar a vacinação anticovid para a faixa de 12 a 17 anos, os jovens indígenas do Vale do Javari, oeste do Amazonas, ainda não receberam uma dose sequer, apurou a Repórter Brasil. Detalhe: os índios são prioridade na vacinação. “Mas essa é mais uma mentira, porque na prática isso não vem ocorrendo”, diz Beto Marubo, representante da Unijava (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) em Brasília. As doses de Pfizer para os jovens do Javari foram enviadas no início de outubro à Secretaria de Saúde do Amazonas, que no entanto alegou falta de aviões para levá-los às aldeias, informou a prefeitura de Atalaia do Norte.


Fiocruz: infecção do pessoal da saúde tem a cara do Brasil

Artigo publicado na Lancet mostra que a contaminação pela covid dos trabalhadores da saúde do Instituto Nacional de Saúde da Mulher (IFF), da Fiocruz, foi marcada pela desigualdade social brasileira. Os 1.154 profissionais estudados sofreram as iniquidades típicas dos determinantes sociais na população brasileira. Eles tiveram contaminação mais frequente: 30% dos profissionais foram afetados, sendo a taxa da população em geral de apenas 3% a 5% (no período em questão, junho/julho de 2020). E desigual: 37,1% dos não brancos tiveram resultado positivo em comparação com 23,1% dos brancos. Até 40,4% dos trabalhadores de apoio tiveram resultados positivos, mas apenas 25% dos médicos, enfermeiros e outros. Os agentes de limpeza tiveram a maior taxa de contaminação: 47,5%. O artigo saiu na The Lancet Regional Health – Americas, e sua primeira autora é a fisioterapeuta do IFF, Roberta Fernandes Correia.


Como a estranha e temível covid longa exaure o corpo

O New York Times fez um balanço desagradável das possíveis causas da covid longa, que se estima de 10 a 30% dos infectados. Sabe-se pouco sobre essa complicação mas é impressionante a disseminação do vírus no corpo – dos intestinos aos gânglios linfáticos – e sua relação com o próprio sistema de defesa de suas vítimas, inclusive por meio de inflamações. O vírus pode provocar efeitos autoimunes duradouros, levando o sistema imunológico a atacar, em vez de defender, o organismo. Pode levar a disfunção imune crônica. Bolsões de vírus, que restam no sistema circulatório pós-infecção, podem prejudicar o fluxo de oxigênio para os músculos e outros tecidos. São capazes de gerar coágulos sanguíneos microscópicos. Ou podem danificar fibras em um tipo de neuropatia associada à disautonomia. No cérebro, mesmo infecções leves parecem causar inflamação significativa.


Um protocolo para diminuir as mortes de crianças pela leucemia

Países desenvolvidos, como os EUA, têm taxas de sobrevida da leucemia linfoide aguda (LLA), o câncer mais frequente em crianças, em 90%. No Brasil, indicador está estagnado nos 70% já há algumas décadas. Oncologistas entendem que, além da demora do diagnóstico, a falta de padronização nos tratamentos também contribui para o cenário. Desde 2019, o Grupo Brasileiro para Tratamento da Leucemia Linfoide Aguda (GBTLI) formula um novo protocolo para atacar esse problema. O documento define padrões para o período de tratamento; estratificação do nível da doença de acordo com a idade e número de leucócitos detectados; necessidade de reavaliação e fases do tratamento. O objetivo dos médicos brasileiros é seguir esse mesmo protocolo formulado pelo GBTLI em todo o território nacional. Para implementação, foram definidos coordenadores específicos da iniciativa em cada região, que estão em contato com os centros oncológicos.


Estudiosos buscam vigiar de perto o câncer do colo do útero

É possível melhorar o rastreamento do câncer do colo do útero, acreditam pesquisadores da Fiocruz Brasília, conforme propostas publicadas na Cancer Research Prevention, revista credenciada no assunto. Os autores consideraram diferentes realidades no país buscando facilitar o acesso e a adesão aos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento no SUS, priorizando as mulheres que apresentam maior risco. A incidência do câncer do colo do útero no Brasil é de 16.710 novos casos por 100 mil mulheres ao ano, e a mortalidade, de 6.385 por 100 mil mulheres ao ano. São dados atualizados do Instituto Nacional de Câncer.

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