PÍLULAS: Ômicron dá primeiro sinal de que vai descer a ladeira

• Ômicron em queda • Covax na América Latina • Oligopólios farmacêuticos • Saúde versus lucro • Poluição e saúde • Maconha medicinal banida em PE •

.

Ômicron dá primeiro sinal de que vai descer a ladeira

Foi a primeira vez no ano, diz o Observatório Covid-19 Fiocruz, que se viu tendência de melhora, em 14/2, nas taxas de ocupação de leitos de UTI para covid destinados a adultos no SUS. Na sua Nota Técnica, o Observatório informa que caiu a menos da metade o número de estados que se encontram na zona crítica, com taxas de ocupação iguais ou superiores a 80%. Eram nove na semana anterior, agora são quatro. As outras cinco passaram para alerta intermediário (taxas entre 60% e 80%). Além disso, Amapá e Ceará saíram da zona de alerta. Algumas taxas ainda estão muito elevadas. Mas o enfraquecimento da onda da Ômicron está começando a se refletir na diminuição da ocupação de leitos de UTI.


Melhora a vacinação anticovid na América Latina

A Covax, articulada pela Organização Mundial de Saúde, elevou a 100 milhões a quantidade de doses disponíveis para a América Latina e o Caribe. As compras na região, anunciou a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) são feitas pelo Fundo Rotatório. O último lote de vacinas chegou dia 15/2 com 151,2 mil doses da vacina da Moderna e 1,5 milhão, da Pfizer. É um marco significativo, acredita a OPAS. Os países da região estão em melhor condição de proteger sua população. Especialmente, explica, os mais vulneráveis. Aproximadamente 30% das vacinas foram doadas por nove países: EUA, Canadá, Espanha, Alemanha, França, Japão, Suécia, Noruega e Dinamarca.


Os preços exorbitantes dos oligopólios farmacêuticos

O governo monitora o esquema de acionar a justiça para obrigá-lo a pagar tratamentos absurdamente caros. Como o que utiliza o fármaco zolgensma no cuidado de pacientes de atrofia muscular espinhal, e que sai, no total, por cerca de 10 milhões de reais, apurou a Folha de S. Paulo. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos fixou seu preço em 2,9 milhões, quando ele passou a ser usado no Brasil em 2020. A Novartis, porém, quer receber o preço internacional, três vezes maior. A advogada Ana Carolina Navarrete questionou as decisões da justiça. “Antes de perguntar quanto a sociedade está disposta a pagar por uma vida, há outro questionamento: por que o medicamento custa tanto?” O governo, débil, pretende elevar o teto dos seus pagamento nesses casos: de R$ 2,9 milhões para R$ 6,5 milhões – um preço igualmente absurdo.


Autoridades mundiais: lucro não pode orientar a Saúde global

Em um artigo crucial sobre as grandes desigualdades na Saúde, 19 autores de vários países defenderam que a pesquisa e o desenvolvimento de produtos biomédicos atendam ao interesse público global. Advertem que, sem isso, países de baixa e média rendas continuarão não tendo garantia de acesso aos produtos. A indiana Soumya Swaminathan, da Organização Mundial de Saúde, e a brasileira Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz, aparecem entre os autores do artigo, publicado na revista Nature. O texto trata de temas usuais, como preços altos e produção insuficiente de remédios e o desinteresse das grandes empresas nas mazelas das maiorias globais. É preciso evitar que o mercado atenda às necessidades da saúde com base apenas no lucro, diz o texto, citando inúmeras propostas práticas para realizar esse fim. É hora de aplicar a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que “reconhece o direito das pessoas de ‘compartilhar o avanço científico e seus benefícios’. Se não agora, quando?”


O ar do mundo vira sujeira e espalha doença

A poluição do ar gera um pacote de doenças, e se tornou um grande problema de saúde pública, informou a médica Maria Neira da OMS (Organização Mundial de Saúde). Ocorrem hoje mais de 7 milhões de mortes prematuras, todos os anos, associadas à exposição à poluição, contou ela em entrevista. Nove em 10 pessoas no mundo, principalmente nas cidades, estão respirando ar que não é saudável. Já se sabia que essa exposição causa doenças pulmonares. Mas não só, diz ela. Sabe-se agora que partículas aéreas tóxicas passam dos pulmões para a corrente sanguínea, e podem causar muitas doenças, como distúrbios isquêmicos do coração e neurológicos, e até disfunções do sistema reprodutivo. Até a covid a poluição ajuda, diz Maria. Respirar partículas aéreas por muito tempo afeta o sistema imunológico e o torna mais suscetível a doenças respiratórias.


Maconha medicinal: a proibição em Pernambuco

Liminar que garantia direito da Associação Amme Medicinal de cultivar cannabis para fins medicinais foi derrubada pelo Desembargador Federal Francisco Roberto Machado, da 1ª turma do Tribunal Regional Federal da 5ª região (TRF-5) na última semana. Ao todo, mais de 100 famílias que seriam beneficiadas correm o risco de não garantir um tratamento que já tem eficácia comprovada para mais de 250 tipos de doenças. No Brasil, a Anvisa permite o registro de medicamentos à base da planta, a importação, mas não o plantio. Assim como a Amme, dezenas de associações lutam para garantir o acesso aos tratamentos, que chegam a custar os olhos da cara: “A gente pode importar o óleo ou comprar em algumas farmácias por um preço que é muito caro para a realidade do brasileiro, por volta de $2.000. Então, por exemplo, você vê em uma associação o mesmo remédio por $180 ou $200”, comenta Ladislau Porto, advogado da associação. Mesmo com a decisão, o trabalho deles irá se manter enquanto recorrem à decisão na Justiça.

Leia Também: