PÍLULAS l OMS aconselha menos parceiros sexuais contra varíola dos macacos

• Recomendação da OMS para conter a varíola dos macacos • Sinais de que a doença pode ser sexualmente transmissível • Covid-19 veio mesmo de Wuhan? • Carlos Nobre fala na reunião da SBPC • Uma vacina para vários coronavírus • Um livro sobre a saúde indígena •

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OMS: diminuir parceiros sexuais para conter varíola dos macacos

“Os homens que fazem sexo com homens devem fazer escolhas seguras, para si mesmos e para os outros. Isso inclui reduzir, no momento, o número de parceiros”. Não se trata de uma fala homofóbica, mas de recomendação do diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, para tentar conter a varíola dos macacos. Duas observações sobre a doença apoiam a orientação. Não há certeza de que o vírus transmissor circule no sêmen (veja abaixo). Mas está claro que os contatos corporais propagam-no – e o sexo, como se sabe, os favorece. Além disso, por uma questão puramente circunstancial, a varíola dos macacos propagou-se especialmente entre os gays. “Não tem a ver com quem você é, mas o que você faz”, explicou a Outra Saúde Jamal Suleiman, infectologista do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. Ele prossegue: “a gente já sabe qual é a população mais vulnerável nesse momento e precisamos difundir a informação dentro dessa comunidade, e rápido”.

Seria a doença uma IST? 

Até o momento, sabe-se que o vírus da varíola dos macacos é transmitido por fluidos corporais e principalmente pelo contato pele com pele  – devido às lesões cutâneas provocadas pela enfermidade. Mas um novo estudo publicado no New England Journal of Medicine encontrou o DNA do microrganismo no sêmen de 29 dos 32 homens analisados e aponta que 95% dos casos analisados são suspeitos de transmissão durante a relação sexual. Isso não necessariamente comprova o caráter de Infecção Sexualmente Transmissível, visto que pode se tratar de um fragmento de DNA, o que não caracterizaria a atividade do vírus. 

Estudo volta a apontar Wuhan como origem da covid

Estudos da Universidade do Arizona e da Califórnia publicados na revista Science indicam novamente que o mercado de Wuhan, onde ocorre o comércio de animais selvagens, foi o provável epicentro do aparecimento do novo coronavírus. O método da pesquisa envolveu  análises espaciais para estimar a localização em longitude e latitude de mais de 150 dos primeiros casos relatados do vírus em dezembro de 2019. Além disso, os pesquisadores analisaram a diversidade genômica do Sars-CoV-2 no início da pandemia – uma das primeiras linhagens, designada B, ocorreu por transmissão zoonótica por volta de 18 de novembro de 2019; segundo os cientistas, é muito provável que o vírus estivesse presente em mamíferos vivos ou recém-abatidos vendidos ao público no final de 2019. Essa linha de estudo se opõe àquela defendida pelo economista Jeffrey Sachs, de que o vírus foi criado em laboratório, e foca na problemática relação exploratória que a sociedade desenvolveu com os animais selvagens e de criação. 

Carlos Nobre: Amazônia é fundamental para metas climáticas 

Durante debate realizado segunda-feira (25/07), na 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Carlos Nobre, pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), afirmou que se algo entre 50% e 70% da floresta amazônica for destruída, não será possível limitar o aquecimento global em 1,5 graus – meta definida pelo Acordo de Paris. As porcentagens dramáticas a que aludiu Nobre são esperadas caso o atual ritmo de desmatamento mantenha-se. A perda de mais de 50% da floresta “jogaria na atmosfera 300 bilhões de toneladas de carbono” e, segundo ele, aumentaria a temperatura em 2,4 graus. 

Vacina única contra vários coronavírus 

A covid-19, causada pelo Sars-CoV-2, é um tipo específico de coronavírus – microrganismos chamados assim devido ao seu formato de “coroa”. Agora, cientistas do Francis Crick Institute, no Reino Unido, descobriram que uma parte da proteína spike do Sars-CoV-2 pode ser usada para produzir vacinas que protejam contra múltiplos coronavírus – inclusive alguns dos que causam a gripe comum. No novo estudo, os pesquisadores investigaram se os anticorpos direcionados à “subunidade S2” da proteína spike do Sars-CoV-2 também eram capazes de neutralizar outros coronavírus – e o resultado foi positivo em camundongos. A conclusão é que essa parte da proteína spike é um alvo promissor para uma potencial vacina comum contra coronavírus, já que a estrutura é semelhante entre diferentes vírus desse tipo.

Os desafios enfrentados pelos povos indígenas na saúde

A Editora Fiocruz e a plataforma editorial PISEAGRAMA lançam, em coedição, o livro Vozes indígenas na saúde: trajetórias, memórias e protagonismos. A coletânea compila relatos de 13 lideranças, que contam suas suas trajetórias de vida e de atuação no movimento indígena, com ênfase no campo da saúde. O livro é resultado do projeto de pesquisa Saúde dos povos indígenas no Brasil: perspectivas históricas, socioculturais e políticas, coordenado por Pontes e Ventura Santos, pesquisadores da Fiocruz. 

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