PÍLULAS l EUA: Paxlovid não chega a quem mais precisa

• Resultados decepcionantes do Paxlovid nos EUA • A lógica manicomial que ainda persiste no Brasil • Medicamento para a varíola dos macacos? • Novo pacote de leis ambientas norte-americano • O aquecimento global registrado na temperatura de bulbo úmido • Pesquisa sobre o câncer no pâncreas tem bons resultados •

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Paxlovid não funciona ou não está chegando aos pacientes corretos?

A revista The Economist fez uma investigação minuciosa nos dados de internações e mortes por covid nos Estados Unidos e descobriu que o uso do medicamento da Pfizer está fazendo pouca diferença nos rumos da doença. O Paxlovid começou a ser usado por lá neste ano, com mais intensidade a partir de maio. Deveria, segundo os testes pré-lançamento, reduzir as mortes em 89% entre pacientes graves. Mas informações de condados norte-americanos, a partir do uso de 2,4 milhões de doses do remédio, não mostram efeito claro na contenção da doença. Não há diferença significativa entre condados onde o uso da droga foi alto e aqueles onde pouco foi administrada. Problema: as regiões onde o Paxlovid está mais disseminado são as mesmas onde a vacinação foi mais ampla e também onde há menos pessoas com comorbidades como diabetes. Por isso, a Economist lança uma hipótese: pode ser que o medicamento não esteja sendo oferecido a quem mais precisa dele…

Os manicômios que ainda persistem

Mesmo após 21 anos da Reforma Psiquiátrica, que instituiu um novo modelo de tratamento para pessoas em sofrimento psíquico baseado em sua cidadania, ainda há quem esteja isolado da sociedade por conta de transtornos mentais. O problema foi tema de uma reportagem da série “Brasil no divã”, que está sendo publicada pela Folha. Ela retrata a história de pacientes que vivem em lugares como a enfermaria de um presídio em Macapá (AP): em más condições, trancafiados e sem diagnóstico claro – que dirá tratamento para os transtornos. O ministério da Saúde não tem um número oficial de quantas pessoas vivem nessas condições, mas segundo a reportagem são 35 só na cidade do Rio de Janeiro. Eles estão, em teoria, em situação transitória, mas muitos seguem assim há anos. Os investimentos públicos na Rede de Atenção Psicossocial (Raps) estão estagnados. Mas o governo federal tem investido milhões nas Comunidades Terapêuticas – instituições quase sempre religiosas que afirmam apoiar-se na espiritualidade para tratar pacientes com transtornos mentais, método de eficácia altamente questionada por especialistas. Também aproveitam-se dos internos para o que chamam de “laborterapia” – o que muitas vezes significa trabalho forçado para a instituição.

Varíola dos macacos: OPAS enviará remédio ao Brasil

O ministério da Saúde anunciou, ontem, 1º/8, que receberá doses do medicamento tecovirimat graças a uma parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O remédio deve ser usado em pacientes graves que enfrentam casos hemorrágicos, sepse, encefalite e outras condições. É originalmente utilizado para tratar a varíola comum, mas demonstrou em estudo inicial – bastante restrito, diga-se – que pode ser eficaz também contra a varíola dos macacos. Para casos leves da doença, são recomendados apenas medicamentos para tratar os sintomas específicos.

EUA e seu possível novo pacote de leis ambientais…

Logo após rejeitar um plano ousado de investimentos e impostos para tentar reverter o impacto humano sobre o meio ambiente, o Senado norte-americano pode aprovar uma versão mais suave de mudanças que foi festejada por ambientalistas. Uma matéria na revista Science resumiu a situação política: o plano é apoiado apenas por membros do partido Democrata e não será fácil ser aprovado. 

… que pode ser aprovado após concessões à indústria do carvão

Embora o partido seja hoje majoritário nas duas casas legislativas, o senador John Manchin, democrata da Virgínia do Oeste e herdeiro de magnatas da indústria do carvão, ameaçou por meses boicotar a proposta. Há poucos dias anunciou que poderá ceder – mas apresentou como contrapartida uma série de medidas para favorecer a indústria de energia fóssil. Ainda assim, se entrar em vigor, a lei permitirá o maior investimento federal já feito em energia limpa e redução das mudanças climáticas. Direcionará bilhões de dólares para pesquisa de energia e projetos de restauração florestal e costeira. Para especialistas e ativistas pelo clima, o projeto ainda está longe do que é necessário para trazer mudanças, mas pode ser um bom (embora tardio) sinal de mudança dos ventos…

Aquecimento global: quanto o corpo aguenta de calor e umidade

Os eventos climáticos extremos estão acontecendo com uma frequência cada vez maior, e por isso faz-se necessário considerar novas unidades de medida para entender os problemas que causam. Nos últimos meses, o calor combinado com a alta umidade do ar começa a preocupar pesquisadores, com as ondas quentes que afetam a Índia e a Europa. Uma matéria publicada no jornal Guardian explica o uso da temperatura de bulbo úmido (TBU), uma combinação das medidas de temperatura com umidade relativa, para saber o quanto o corpo é capaz de se refrescar de calores como os de 40ºC, por exemplo. Dependendo das condições, se há muita umidade no ar, o suor não evapora e o corpo esquenta. Até 2010, acreditava-se que a temperatura de bulbo úmido máxima que o corpo poderia suportar era de 35ºC. Um estudo recente descobriu que o número mais correto pode ser 31,5ºC. A pesquisa também descobriu que, globalmente, o número de vezes que um TBU de 30ºC foi alcançado – ainda considerado um evento extremo de umidade e calor – mais que dobrou entre 1979 e 2017.

Pesquisa da USP busca tratamento para o câncer no pâncreas

Uma pesquisa realizada por doutorandos do Instituto de Ciências Biomédicas da USP conseguiu impedir a evolução do câncer de pâncreas em três modelos celulares da doença. Eles podem ter aberto um caminho para o desenvolvimento de um novo tratamento para esse que é um dos cânceres mais agressivos e para o qual há poucas terapias disponíveis. No estudo a partir de uma base de dados de informações genéticas de milhares de pacientes, os pesquisadores perceberam uma alta quantidade da proteína ezrina está presente na maior parte daqueles que não resistem à doença e morrem de dois a cinco anos. Analisaram, então, um inibidor da ezrina e constataram, nos três modelos, um índice maior de morte nas células tumorais. O próximo teste será feito em animais, e os estudiosos também avaliam o inibidor de ezrina no tratamento de outros cânceres.

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