PÍLULAS l A submissão de médicos a Bolsonaro

• CFM aplaude Bolsonaro • Varíola dos macacos: Brasil comete os mesmos erros da covid • Desnutrição afeta mais crianças negras • Trabalhadores ficam estéreis por uso de pesticida • G20 terá interesse em combater novas pandemias? • A história da intolerância a lactose na Europa •

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Os aplausos do CFM a Bolsonaro

Se alguém pensava que só o cercadinho do Alvorada engolia docilmente a perdigotagem autoadulativa de Bolsonaro, as definições de sabujice foram atualizadas, com o mais miserável sucesso, no Conselho Federal de Medicina. Na tarde desta quarta-feira, o presidente acusado de crime contra a humanidade pela gestão da saúde na pandemia visitou o órgão e discursou para um auditório só de médicos. A qualificada plateia teve o privilégio de assistir a Bolsonaro no seu melhor. Defendeu a cloroquina, atacou a ciência e arrematou: “Não me vacinei e estou vivo até hoje”. Foi aplaudido. De pé – certamente para que as palmas soassem uns poucos centímetros acima do capacho.

O erro que leva a varíola dos macacos a se espalhar pelo Brasil 

No domingo passado, 24/7, a OMS declarou emergência sanitária global diante do surto de varíola dos macacos, que já infectou mais de 16 mil pessoas em todo o mundo. Rosamund Lewis, líder técnica para a doença na OMS, disse em entrevista coletiva que “a situação do Brasil é preocupante” e reforçou a necessidade de acesso a testes. O país já tem 813 casos confirmados, a maioria no estado de São Paulo – mas parece haver subnotificação. Faltam testes. Em entrevista à Folha, Nésio Fernandes, presidente do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), criticou o “silêncio epidemiológico” em relação à varíola dos macacos no Brasil. Ele nota que o ministério da Saúde está cometendo os mesmos erros do início da pandemia de covid, ao não ampliar a testagem, orientar sobre o isolamento de casos e correr atrás de vacinas. “Sem coordenação nacional, a aquisição de insumos, medicamentos e tecnologias também fica muito mais difícil”, critica, em uma fala capaz de causar um déjà vu sinistro.

Meninos negros são maiores vítimas da desnutrição no Brasil

A desnutrição entre crianças de 0 a 19 anos cresceu no Brasil entre 2015 e 2021, afetando de forma mais grave meninos negros, segundo o Panorama da Obesidade de Crianças e Adolescentes. O levantamento divulgado nesta terça (26) aponta que, a partir de 2018, o nível de desnutrição aumentou em todos os grupos etários acompanhados pelo SUS. Entre meninos negros e pardos, o percentual foi dois pontos acima do valor observado em meninos brancos, com ápice observado em 2019 – 7,5%. 

Pesticidas norte-americanos que geraram esterilidade

Milhares de ex-trabalhadores de plantações de banana dizem que ficaram estéreis devido a um pesticida usado por empresas estadunidenses em plantações na América Latina na década de 1970. O uso do agrotóxico dibromocloropropano ou DBCP já era proibido em solo norte-americano devido aos seus riscos para a saúde, mas foi amplamente utilizado por empresas agrícolas como a United Fruit. 

G20 debate preparação contra futuras pandemias

Os ministros das finanças dos países do G20 se reuniram para discutir o enfrentamento de crises sanitárias globais. Foi proposto um investimento de 10 bilhões de dólares anuais para o enfrentamento de doenças com risco de contágio global, investimento que deverá ser gerenciado por um fundo administrado pelo Banco Mundial. Os líderes afirmaram que pretendem contar com a OMS para “aconselhar” sobre a melhor forma de investir a verba.

Intolerância a lactose: europeus bebiam leite mesmo fazendo mal

Os humanos consomem leite na Europa há 6 mil anos. Mas novos estudos sugerem que, seis séculos atrás, a grande maioria das pessoas passava mal por não ser capaz de digeri-lo – ainda assim, não deixavam de consumir. Cientistas estudaram o DNA de 1.786 esqueletos antigos e só encontraram a enzima necessária para a digestão da lactose em estruturas corporais de 4 mil anos. Mas o problema, apesar de desconfortável, não causava mortes ou queda de fertilidade. “É possível que algumas pessoas ocasionalmente sofriam com cólicas desconfortáveis ​​e gases, mas isso não foi suficiente para afetar sua saúde”, afirmaram os pesquisadores.

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