PÍLULAS l Cresce agitação para a Conferência Livre de Saúde

• Conferência Livre de saúde no Rio • Em reunião da SBPC, a defesa da democracia • Planos de saúde de olho nas campanhas eleitorais • Onde estão os remédios para covid? • Pesquisa com agrotóxicos e censura • 8 anos após derramamento de petróleo na amazônia •

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Conferência Livre de Saúde reúne mais de 200 no Rio

O caldo continua engrossando, quando faltam apenas dez dias para etapa final da Conferência Livre, Democrática e Popular de Saúde (marcada para 5 de agosto, em São Paulo). No último sábado, 22/7, aconteceu a Conferência Regional no Rio de Janeiro, um dos eventos mais potentes desse ciclo até agora. Foi realizada na UERJ e teve a presença de cerca de 200 participantes, que elaboraram uma Carta de Compromisso para ser debatida em 5/8. Entre os pontos mais importantes do documento, está o financiamento digno do SUS e as questões relacionadas ao compartilhamento tripartite de sua gestão, a valorização de seus trabalhadores, o investimento em ciência e pesquisa e o combate à fome. Entre os participantes do evento, estavam Lúcia Souto, presidente do Cebes, Túlio Franco, coordenador da Rede Unida e o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Reunião Anual da SBPC começa com manifesto

Um manifesto político marcou, no último domingo (24/7), o início da da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A organização levanta-se a favor da democracia brasileira, com o tema “Ciência, independência e soberania nacional” – e lança um abaixo-assinado em defesa das eleições e das urnas eletrônicas. Trata-se de um recado claro ao presidente Jair Bolsonaro, que busca desesperadamente desacreditar o processo eleitoral brasileiro, antevendo sua derrota. Seu governo é responsável por um desmonte histórico da ciência brasileira, além de ser propagador de mentiras e anticientificismo. Mas a reunião não se resume a criticar o presidente em fim de mandato: entre os debates que acontecem em Brasília e pela internet até sexta-feira, 29/7, os participantes discutirão meio ambiente e democracia. A participação é gratuita e a SBPC oferece também minicursos virtuais durante a semana.

Mario Scheffer vê os acenos de planos de saúde a Lula e Bolsonaro

Em sua coluna no Estadão de sexta-feira passada, 22/7, o professor e pesquisador Mário Scheffer demonstrou com ironia uma preocupação que cresce em setores que defendem o SUS, à medida que as eleições se aproximam. Trata-se do financiamento de operadoras de planos de saúde a campanhas eleitorais – e o fato que essas empresas não costumam escolher lado na hora de tentar influenciar candidatos. Neste ano, já acendem, segundo Scheffer, uma vela para Lula e uma para Bolsonaro. “Já houve tempo em que coalizões partidárias, desse ou daquele matiz ideológico, causavam medo em empresários da saúde”, provoca: “Eles passaram a dormir tranquilos quando constataram que os planos privados de saúde para trabalhadores, inclusive financiados diretamente com recursos públicos, são unanimidade entre os candidatos com chance de vitória”. 

Por que ainda não há remédios contra covid no Brasil?

Embora tenham sido aprovados pela Anvisa há meses, os medicamentos anticovid ainda não chegaram ao SUS. Além disso, não são oferecidos aos usuários dos planos de saúde.  As drogas são o Paxlovid, da Pfizer e o Molnupiravir, da MSD. Para a distribuição da primeira, ainda falta um acordo da empresa com o ministério da Saúde – o governo parece continuar lento para responder aos emails desta farmacêutica… Já o Molnupiravir poderia ser uma grande promessa, já que já foi feito um acordo de produção nacional com a Fiocruz. Mas sua entrada no sistema de saúde esbarra na Conitec — a Comissão Nacional para Incorporação de Tecnologias — que ainda não autorizou a compra. Ambos os medicamentos mostram boa eficácia no tratamento contra covid e já estão sendo utilizados em grande escala em países como EUA, Japão e Austrália.

Pesquisadora sofre perseguição por estudar agrotóxicos no Brasil

Uma série especial dos sites O Joio e o Trigo e De Olho nos Ruralistas sobre os agrotóxicos apresenta o caso de Mônica Lopes Ferreira, imunologista e pesquisadora científica do Instituto Butantan. Ela foi responsável por uma pesquisa de grande repercussão, que mostrou que não há níveis seguros de consumo de agrotóxicos. Chamou a atenção de ruralistas e políticos. Depois disso, sofreu represálias, perdeu seu cargo e começou a ser perseguida pelo Butantan. Mas decidiu responder com ciência: ajudou a coordenar, com outros oito pesquisadores, uma revisão sistemática de dezenas de estudos publicados por cientistas e produzidos a partir de 27 instituições públicas brasileiras que revelam os impactos dos agrotóxicos na saúde humana. E confirmou: os danos desses produtos são muito abrangentes, estão em mais alimentos do que se imagina e a exposição a eles causa mais de 20 efeitos no corpo humano.

Impactos de derramamento de petróleo na amazônia peruana

Reportagem publicada na Info Amazônia analisa a situação do rio Cuninico, no norte do Peru, oito anos após um derramamento de petróleo de um duto na região – foram derramados cerca de 2.300 barris. A pesca ainda não se recuperou, causando escassez de alimentos. Pescadores estão deixando a comunidade. Pessoas que moravam na região do derramamento ainda têm de lidar com os resíduos de petróleo. O vazamento foi pequeno, se comparado a outros desastres de mais repercussão, mas seu impacto é enorme pois afetou comunidades que dependem da água do rio para todos os aspectos da vida. As promessas de auxílio feitas pelo governo aos trabalhadores ainda não foram cumpridas.

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