PÍLULAS l Balanço mundial sobre a varíola dos macacos

• O que se sabe sobre a varíola dos macacos: transmissão, vacinas e remédios • Ultraprocessados e demência • A chuva contaminada • A humanidade corre, sim, risco de extinção •

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Varíola dos macacos: um balanço do que se sabe até agora

Uma matéria publicada pelo New York Times tratou de organizar as informações mais atualizadas sobre a doença que, em 23/7, foi considerada Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional pela OMS. Há algo de desafiador nessa nova crise sanitária: embora se trate de um vírus que já era conhecido pelos cientistas, algumas descobertas só estão sendo feitas agora que a doença se propagou para além de países africanos.

Dúvida principal: quais são de fato as formas de transmissão

Sobre a transmissão, já se sabia que ocorre pelo contato próximo com a pele de infectados. Mas agora há estudos para saber se o vírus presente na saliva, na urina, nas fezes e no sêmem também causa infecções. Essa investigação é importante para compreender por que quase a totalidade das infecções acontece por meio do sexo. Segundo órgãos norte-americanos, a transmissão não acontece facilmente e indivíduos que não possuem sintomas não parecem ser capazes de infectar outros.

As vacinas e remédios contra a doença

Imunizantes já estão sendo oferecidos em alguns estados dos Estados Unidos, embora haja poucas doses em estoque. Grandes cidades como Washington e Nova York estão tendo de fazer racionamento: seguram a segunda dose da vacina para que a primeira seja propagada para mais pessoas, enquanto uma quantidade maior de injeções não está disponível. A vacina mais eficaz para a varíola dos macacos chama-se Jynneos, e é produzida por uma farmacêutica norueguesa de pequeno porte, chamada Bavarian Nordic. Já o remédio que está sendo utilizado para conter o surto nos EUA é o tecovirimat – já encomendado também pelo ministério da Saúde brasileiro, em acordo com a Opas. Os estudos do remédio para conter a varíola dos macacos em humanos são muito iniciais, mas pacientes que fizeram relatos à matéria dizem ter sentido grande alívio nas bolhas causadas pela doença após serem medicados.

Ultraprocessados também aceleram demência

Até agora, já se sabia que o consumo de alimentos ultraprocessados aumenta os riscos para doenças cardiovasculares e obesidade; mas um novo estudo da USP apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, nos Estados Unidos, mostrou que a presença desse tipo de alimento pouco nutritivo na dieta pode acelerar em 30% o declínio cognitivo. Isso acontece entre aqueles que consomem, em sua alimentação diária, mais de 20% de comida ultraprocessada. A pesquisa foi muito abrangente, tendo acompanhado mais de 10 mil brasileiros por até dez anos. As causas para a demência podem estar ligadas a danos nos vasos sanguíneos no cérebro. Os ultraprocessados são formulações alimentícias que utilizam aditivos para melhorar sua aparência, gosto ou cheiro. São pouco nutritivos e nocivos ao coração e à saúde cerebral. Com a alta do preço dos alimentos, o empobrecimento da população e a propaganda massiva da indústria, os ultraprocessados estão sendo consumidos em quantidades cada vez maiores no Brasil.

Os químicos na água da chuva em nível muito além do seguro

Novas pesquisas mostram que a água da chuva na maioria dos países contém níveis de químicos que “excedem muito” os níveis de segurança. Essas substâncias sintéticas chamadas PFAs são usadas em panelas antiaderentes, espuma de combate a incêndio e roupas repelentes à água. Apelidados de “produtos químicos imortais”, eles persistem por anos no meio ambiente. Pesquisadores da Universidade de Estocolmo dizem que é “de vital importância” que o uso dessas substâncias seja rapidamente restringido.

É preciso considerar o risco de extinção humana

O risco de colapso da sociedade global ou extinção humana tem sido “perigosamente pouco explorado”, alertaram cientistas do clima em uma nova análise. Embora tenha uma pequena chance de ocorrer, dadas as incertezas nas emissões futuras e no sistema climático, cenários cataclísmicos não podem ser descartados, dizem. “Enfrentar um futuro de aceleração da mudança climática, cego para os piores cenários, é uma gestão de risco ingênua na melhor das hipóteses e fatalmente tola na pior”, disseram os cientistas, acrescentando que havia “amplas razões” para suspeitar que o aquecimento global poderia resultar em um desastre apocalíptico. O artigo, assinado por diversos cientistas, foi publicado no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences.

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