PÍLULAS | Os efeitos intensos da covid abateram os idosos…

• Banco genômico • Vacina universal contra coronavírus • Nova regra para planos de saúde • Os desafios das doenças raras • Os males trazidos pela obesidade • Tuberculose bovina • O misterioso epstein-barr •

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Até o início de março foram registrados 43.910 óbitos de pessoas de 90 anos ou mais, o que representa quase 6% da população brasileira nessa faixa etária, 774.304 pessoas. E embora a intensidade da pandemia tenha diminuído, mais de 10% daquele total de mortes ocorreram nos últimos 60 dias: foram 4.600 óbitos em 2022. Os idosos revelam fragilidade crescente. Um grupo de pesquisadores e ativistas da saúde procurou protegê-los criando, no final do ano passado, o movimento nacional “Vidas Idosas Importam”, fundado pelo gerontólogo Crismedio Costa. Ele disse à Folha de S. Paulo que, além da própria doença, “o pavor teve um impacto forte e negativo na vida dessas pessoas”.


…Que podem se beneficiar de um banco genômico recém-criado

A ideia do banco é procurar, na genética, possíveis fórmulas que propiciem um envelhecimento saudável. Não por acaso, o estudo foi feito em São Paulo, explica a geneticista Mayana Zatz, da USP: “Queríamos ver como é o genoma de quem resiste ao estresse de São Paulo, à toda a loucura dessa cidade, e chega aos cem anos com uma boa saúde física e mental. Queremos entender o segredo deles”. Ela fez parte do grupo de pesquisa, que sequenciou o genoma de 1.171 pessoas acima dos 80 anos, na cidade, e identificou 78 milhões de variantes genéticas, que diferenciam uma pessoa da outra. Informações como essas comporão o primeiro banco genômico dos idosos brasileiros, que podem ajudar a criar longevidades saudáveis.


Avançam os imunizantes contra vários tipos de corona

Instituições de pesquisa e empresas de biotecnologia avançaram na busca de imunizantes que dão proteção contra várias variantes de coronavírus. Duas dessas vacinas começaram a ser testadas em humanos e outras foram aprovadas em ensaios com animais. A mais avançada é a SpFN, do Instituto de Pesquisa Walter Reed, nos EUA. Esses imunizantes podem, em princípio, proteger contra várias estirpes de vírus, como os sarbecovírus, ramos do vírus Sars-CoV-1 e do Sars-CoV-2 e suas variantes. A próxima geração de vacinas, diz a revista da Fapesp, virão vacinas para lidar também com as estirpes merbecovírus e os embecovírus (dos resfriados comuns).


Planos devem levar quimioterapia à casa dos pacientes

Uma nova lei obriga os planos de saúde a oferecer quimioterapia oral aos pacientes de câncer em suas casas. A entrega deve ser feita dez dias após a prescrição médica. O quimioterápico em questão precisa estar aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Uma novidade da lei, nos seus aspectos mais gerais, relata texto da Folha de S. Paulo, é que ela fixa prazos para a incorporação de novas tecnologias ao rol de tratamentos a serem pagos pelos planos: inclusive medicamentos, transplantes e outros procedimentos de alta complexidade. Após nove meses (ou 270 dias), a incorporação ocorre automaticamente. A lei 14.307/22 foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro dia 3/3.


Pesquisador da Fiocruz expõe os desafios das doenças raras

Até o momento foram catalogadas pouco mais de seis mil enfermidades classificadas como raras. Cerca de 72% delas têm origem genética e 70% delas iniciam-se na infância, explica Cláudio Cordovil Oliveira, membro do projeto Social Pharmaceutical Innovation. Elas estão no foco internacional desde o final de fevereiro. Afetam algo entre 3,5% a 5,9% da população mundial. São 300 milhões de pessoas no mundo, 30 milhões na União Europeia, 25 milhões nos EUA e 13 milhões no Brasil. São doenças muitas vezes graves, incapacitantes e que cursam com risco de vida. Apenas 5% delas possuem tratamento medicamentoso. Seus fatores de risco, diz Cláudio, são inatos ou congênitos. De difícil tratamento por estratégias de prevenção, têm desafiado os sistemas de saúde, globalmente.


OMS alerta: excesso de peso gera crise de saúde evitável

Até 2025, cerca de 167 milhões de pessoas – adultos e crianças – ficarão menos saudáveis por estarem acima do peso ou obesas. Trata-se de uma condição que atinge o coração, fígado, rins, articulações e sistema reprodutivo. Leva à diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e várias formas de câncer, além de problemas de saúde mental. Pessoas nessa condição têm três vezes mais chance de serem hospitalizadas devido à covid. No dia mundial da obesidade, 4/3, a Organização Mundial da Saúde lembra que é necessário um esforço para reverter esse quadro. Mais de 1 bilhão de pessoas são obesas – 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças. E esse número continua aumentando. A chave para prevenir a obesidade é agir cedo, diz, idealmente antes mesmo de o bebê ser concebido, por meio de uma boa nutrição na gravidez.


Tuberculose bovina se espalha para diversas espécies no Sul

E pode causar mal até às pessoas. Foi mais grave do que se imagina o surto da doença ocorrido em um parque temático em Gravataí, RS, alguns anos atrás. Atingiu ao menos 16 espécies silvestres, em sua maioria cervídeos, com três variantes genéticas da bactéria causadora da doença, a Mycobacterium bovis. A análise do caso foi publicada no final do ano passado. A tuberculose bovina ataca animais domésticos, silvestres e seres humanos. A transmissão para o homem se dá, como reporta o Jornal da USP, principalmente pela ingestão (de leite não pasteurizado, na maioria das vezes) ou inalação de aerossóis, partículas presentes no ar próximo a animais com a doença.


Epstein-Barr, o misterioso vírus letal que todos no planeta têm

Um dos grandes patógenos universais, a maioria das pessoas adquire o vírus Epstein-Barr (VEB) da mãe, quando bebê e tem então uma infecção leve, em geral, ou mesmo assintomática. E assim o vírus, conhecido por causar a herpes, viaja o mundo “voando sob o radar”, na expressão da revista The Atlantic, que dedicou extenso artigo às tentativas recentes de decifrá-lo, por enquanto sem sucesso. Infecções na adolescência provocam resposta imune brava, com dor dor de garganta, febre e debilidade. Uma vez dentro do corpo, se esconde nas células pelo resto da vida. E pode se manifestar de maneira terrível, na forma de cânceres e doenças autoimunes, como artrite reumatóide, lúpus e até esclerose múltipla. Curiosamente, a covid aumentou o interesse pelo VEB que é um dos quatro principais fatores de risco da pandemia. Alguns sintomas da covid longa, acredita-se, podem ser causados pela reativação de VEBs acoitados nas células dos pacientes do corona.

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