PÍLULAS | Fumaça de queimadas atinge Manaus 

• Fumaça de queimadas atinge Manaus • Alckmin acena às Santas Casas • São Paulo inicia ações contra a nova varíola • A covid e o apartheid vacinal • Agrotóxicos causam aborto no MT • Patentes: Moderna processa Pfizer •

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Dias de fumaça em Manaus: explodem os focos de fogo

Os ataques à floresta amazônica continuam. Manaus, entre outras cidades, está com o céu coberto há pelo menos seis dias, quando as queimadas do sul do estado e em cidades do Pará emitiram fumaça em quantidade suficiente para chegar à capital. O INPE monitora os focos de calor na região e relata um incrível salto de julho para agosto: saiu-se de 361 para 5269 focos de calor no estado, que vive sua época seca, enquanto as queimadas batem recordes históricos. O Conselho Nacional da Amazônia, órgão criado pelo governo Bolsonaro para contentar as Forças Armadas e simular preocupação ambiental, mais uma vez não se pronuncia. Como ficou claro na fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, queimar a floresta é um projeto. Os militares que monopolizam o Conselho, que não inclui órgãos tradicionais de proteção socioambiental, não organizaram uma única ação de proteção da floresta e dos povos que nela vivem, cada vez mais assediados por agentes econômicos de todo tipo.

Alckmin acena para Santas Casas

Vítimas do subfinanciamento na Saúde, as instituições filantrópicas, notadamente as Santas Casas de Misericórdia, receberam um importante sinal de Geraldo Alckmin, candidato a vice-presidente na chapa de Lula. Na 30ª Convenção das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, realizada em Brasília entre terça e quinta-feira da semana passada, o ex-governador de São Paulo e médico disse que pretende criar uma secretaria especificamente voltada a tais instituições. No evento, Alckmin também discutiu a necessidade de mais financiamento para o SUS, em consonância com exigências dos movimentos de saúde pública, ainda que não claramente delineado no programa oficial de governo de sua chapa. O político mencionou como referência o programa Santas Casas Sustentáveis que criou em seu governo estadual. A Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) diz que o déficit do setor chega a R$ 10,9 bilhões. Mais de 500 unidades fecharam no país nos últimos 5 anos, tempo que coincide com as políticas de arrocho social que se aprofundaram.

São Paulo inicia ações contra varíola dos macacos

A cidade de São Paulo, que concentra quase 50% dos casos da nova varíola no Brasil, divulgou protocolos de combate ao novo vírus nas escolas. Em documento oficial, a prefeitura recomenda divisões de turma em grupos menores, higienização dos materiais usados em sala de aula e pede que professores observem possíveis sintomas. Mais: o poder público recomenda o retorno da máscara. A comunidade escolar da cidade ainda não se manifestou a este respeito, mas as restrições preventivas à covid já tinham sido relaxadas há meses e o uso de máscara prosseguiu obrigatório apenas no transporte coletivo. Para casos confirmados de infecção, a recomendação é o isolamento de 21 dias ou até o desaparecimento das feridas cutâneas que caracterizam a doença.

“Sul Global foi abandonado na vacinação de covid”, diz relatório

Relatório produzido pela consultoria de saúde Matahari Global Solutions refuta a ideia de que países mais pobres se vacinaram menos por uma suposta menor adesão às campanhas de imunização. “Ficou evidente o racismo sistêmico”, disse Maaza Seyoum, da People’s Vaccine Alliance, uma das organizações que compõem o estudo. Feita em 14 países diferentes, a pesquisa afirma que as razões reais têm relação direta com a fragilidade econômica destes países, refletida em menores taxas de testagem, rastreamento e, claro, menor solidez de seus sistemas de saúde. O objetivo da OMS era que ao menos 70% da população mundial estivesse vacinada neste momento, mas a marca atual é 62%. No fim das contas, nem a maior crise sanitária em 100 anos foi capaz de tocar na lógica de mercado na produção e distribuição de vacinas. Os imunizantes foram comprados quase em sua totalidade pelos países mais ricos e as grandes produtoras do insumo não sinalizam uma maior produção e rebaixamento dos preços, conforme apela a Matahari Global Solutions.

Agrotóxicos e aborto: nexos causais

Matéria de O Joio e o Trigo relata aumento exponencial de casos de aborto espontâneo em regiões de agricultura de uso intensivo de agrotóxicos. Apoiada por dados oficiais e trabalhos acadêmicos em áreas rurais do Mato Grosso, a reportagem mostra que as taxas de ocorrência, em determinadas regiões, são duas ou mais vezes maiores do que a média nacional. Dos cerca de 4.600 agrotóxicos liberados para uso no Brasil, aproximadamente um terço foi autorizado sob o governo Bolsonaro, mais especificamente pelo ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, capitaneado pela empresária ruralista Tereza Cristina. Estudos anteriores, quase sempre censurados do debate público por esse poderoso lobby político e econômico, já davam conta da maior incidência de câncer em trabalhadores que vivem em contato direto com agrotóxicos. Agora, a má formação fetal parece outro dado incontestável do uso intenso e desregulado de pesticidas.

Moderna processa Pfizer por suposta violação de patentes

Depois de terem bloqueado o acesso de bilhões de pessoas às vacinas contra a covid, as corporações farmacêuticas agora brigam entre si pelos direitos da chamada “propriedade intelectual”. O laboratório Moderna, dos EUA, anunciou que processará sua rival Pfizer, além do laboratório alemão BioNtech, por supostamente violar a patente da primeira vacina contra o covid-19. A empresa acusa sua concorrente de copiar o RNA mensageiro, transmissor genético com o qual conseguiu criar a capacidade de as células gerarem uma proteína que imuniza o organismo do vírus. Tal cópia, diz a Moderna, ocorreu entre 2010 e 2016, quando ela buscava criar uma vacina contra a Síndrome Respiratória do Oriente Médio, que eclodira em 2012, mas nunca chegou a lançá-la no mercado. A empresa ainda lembra que não quis ativar seu direito à patente durante a pandemia para permitir que países pobres pudessem desenvolver suas vacinas, mas, em março, sua diretoria disse esperar respeito à propriedade intelectual por parte de empresas concorrentes. Ambas as corporações sofrem outros processos nos Estados Unidos e Alemanha por violação de propriedade intelectual.

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