PÍLULAS: Piso da enfermagem continua a incomodar empresários

• Os candidatos profissionais da saúde • Vacinas contra a nova varíola na América Latina • Pacientes soropositivos sem remédios na Índia • Novo surto de ebola no Congo • Anemia infantil na Amazônia •

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Piso da Enfermagem: sindicatos defendem; empresas rechaçam

Duas matérias publicadas ontem (24/8) em jornais antagônicos demonstram o cabo de guerra em que se encontra a lei 14.434/22, sancionada em 4 de agosto para garantir o piso salarial de profissionais da enfermagem. No Poder360, o diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados queixa-se de supostos “erros graves” na aprovação da lei e declara “absoluta impossibilidade” de pagar salários dignos aos enfermeiros. Faz ameaças: empresas terão de fazer demissões, diminuirão o número de leitos, o preço dos planos de saúde terá de aumentar. O piso aprovado é de R$ 4.750 para enfermeiros e valores proporcionais para auxiliares e técnicos. Já o Brasil de Fato dá voz ao Sindicato dos Enfermeiros, que está se organizando para garantir que a lei seja respeitada – realizando visitas in loco, tomando medidas jurídicas e pedindo aos trabalhadores que ajudem denunciando através das redes sociais oficiais.


Eleições pós-pandemia e os candidatos doutores

Candidatos ligados à saúde estão longe de formar um bloco homogêneo, analisa Mário Scheffer em seu blog no Estadão. As diferenças, que ficam claras quando se observa o perfil dos 1.752 profissionais de saúde que disputarão as eleições em outubro, parece ser um reflexo da polarização política do país. Há os que pendem para o lado da ultradireita: pró-cloroquina e afins; e aqueles que se aproximam do outro lado, defensores do SUS e das vacinas. Entre os médicos, são 149 filiados em partidos da coligação de Lula e 146 entre os que estão com Bolsonaro. Ex-ministros da Saúde do atual presidente, Mandetta e Pazuello estão na disputa. Também está Monica Calazans, a primeira brasileira a ser vacinada pela CoronaVac. Há ainda agentes comunitários de saúde em partidos que atuam contra a saúde pública. Entre todas as contradições, Scheffer alerta: “Quanto mais políticos da saúde de perfil conservador ou reacionário forem eleitos, mais difícil será, entre 2023 e 2026, preservar o SUS constitucional progressista”.


Nova varíola: vacinas para a América Latina começam a chegar em setembro

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da OMS para as Américas, fechou a parceria para a compra de vacinas contra a varíola dos macacos. Segundo matéria do jornal O Globo, elas devem começar a ser entregues à América Latina no mês que vem. A única farmacêutica a produzir a vacina contra a doença, considerada emergência global de saúde pela OMS, é a dinamarquesa Bavarian Nordic. Seu imunizante é aprovado para a prevenção da varíola humana, já erradicada, mas funciona também contra o vírus que está atualmente circulando pelo mundo. Já há campanhas de vacinação em andamento nos Estados Unidos e Europa, mas sua falta de disponibilidade atrasa sua chegada às periferias globais. 


Escassez de remédios na Índia deixa pacientes HIV+ sem tratamento

Cerca de duas dezenas de indianos estão acampados há um mês no escritório da National Aids Control Organisation (Naco) em Délhi. A entidade é uma divisão do ministério da Saúde e Bem-Estar Familiar, que controla o programa de controle do HIV/AIDS na Índia. Os manifestantes, ligados a organizações de combate e tratamento da AIDS, afirmam que estão encontrando enormes dificuldades para conseguir seus medicamentos antirretrovirais. Desde julho, o fornecimento parou, e os lapsos no tratamento já começam a prejudicar os pacientes soropositivos. A Naco, após algumas reuniões, sinalizou uma regularização na entrega de medicamentos – que está sendo aguardada pelos manifestantes para decidirem se encerram o protesto.


Os surtos intermitentes de ebola no Congo

Na noite de 22/8, as autoridades do Congo declararam um novo surto de ebola, poucas semanas após o fim da última crise causada pela doença, em outra região do país. Quando um novo caso aparece, vacinas são enviadas para a região onde ele aconteceu e aplicadas em pessoas que tiveram contato com o paciente – e os contatos dessas pessoas. O último surto havia durado dois meses, causando seis mortes e onze casos. “Os ressurgimentos do ebola estão ocorrendo com maior frequência na República Democrática do Congo, o que é preocupante,” afirmou Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África. A Organização presta auxílio no atendimento para pacientes do país.


Anemia: a importância do consumo de carne de caça para crianças amazônicas

Um estudo da USP na Amazônia Central brasileira buscou observar a incidência de anemia nas crianças de seis meses a cinco anos de idade. Coordenada por Patricia Carignano Torres, a pesquisa descobriu que aquelas crianças que comem carne de caça – paca, anta, porcos-do-mato e aves – estavam mais saudáveis por terem maior concentração de hemoglobina no sangue. Nas comunidades ribeirinhas, onde come-se mais peixe, a proteção contra a anemia é menor. Participaram do trabalho 610 crianças de 1.111 domicílios localizados até 250 km de centros urbanos. Essa deficiência prejudica o desenvolvimento físico e mental dos pequenos. Mas a alimentação não é o ponto principal, mostra a pesquisa: investimento em saúde, saneamento básico e educação também são primordiais, relata o Jornal da USP.

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