PÍLULAS | Dengue: aparece no Brasil a variante mais contagiosa

• Gripe aviária faz indústria matar 37 milhões de animais • OPAS tenta conter crise na saúde mental • Calor extremo na Índia e as desigualdades da crise climática • Assim o Rio Amazonas transforma o mar •

.

A onda de dengue que percorre o Brasil em 2022 precisa ser enfrentada já, ou pode se tornar ainda mais grave. Surgiu em Aparecida de Goiânia (GO) o primeiro caso no país de uma linhagem mais transmissível, e que exacerba os sintomas da doença. A descoberta foi feita pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás, em parceria com a Fiocruz, após uma análise de 52 amostras de soro de pacientes de todo o estado.

Possível difusão da cepa pode agravar onda da doença no país

Os vírus da dengue são divididos em quatro sorotipos, cada um com diferentes linhagens. A cepa agora encontrada no Brasil é uma das seis do sorotipo 2. Ocorre principalmente em países da Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África. Nas Américas foi encontrada pela primeira vez em 2020, no Peru. O rastreamento de amostras colhidas em todo o país revela que a nova linhagem não tem relação com o recente surto. Uma nova investigação será feita em junho para apurar se houve mais contaminações com a variante.


EUA: Surto de gripe aviária varre milhões de aves em cativeiro

Depois dos recentes casos de gripe aviária em diversos países na Europa, e que resultaram no abate recorde de 16 milhões de animais na França na semana passada, é a vez dos criadouros de aves norte-americanos enfrentarem um dos piores surtos de sua história. Mais de 37 milhões de galinhas e perus já foram sacrificados, provocando a mais rápida inflação dos preços de ovos e derivados em quatro décadas. A gripe é uma influenza do tipo H5N1, e sua transmissão para humanos é rara (o primeiro caso foi registrado há duas semanas). Mas a doença tem criado uma enorme crise de abastecimento e prejuízo aos granjeiros. Alterações nos padrões climáticos, que estendem o período de umidade e provocam tempestades de neve em meio a primavera, têm ajudado o vírus a prosperar. Ele é favorecido também pelo modelo de criação intensiva, que enclausura e amontoa milhões de animais. Uma fazenda, no estado de Iowa, chegou a sacrificar 5,3 milhões de aves de uma só vez, utilizando prática controversa que faz as galinhas sofrerem por horas até a morte.


A OPAS desperta para a crise na saúde mental

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) criou, na última sexta-feira (6/5), a Comissão de Alto Nível sobre Saúde Mental e Covid-19. Está encarregada de estabelecer diretrizes e recomendações para enfrentar o sofrimento e o impacto na saúde mental causado pela pandemia. Como se sabe, a incidência de distúrbios como depressão e ansiedade saltou ao longo da crise sanitária, sobrecarregando os sistemas públicos de saúde já deficitários. Uma análise da OPAS condensa os dados da situação nas Américas: um terço da população infectada com covid foi diagnosticada com algum transtorno mental; em 2020, entre 14,7 e 22% dos profissionais de saúde apresentavam sintomas de ansiedade ou depressão. E não é só problema dos países pobres. No New York Times, reportagem expõe a falta de atendimento nos centros de tratamento para pessoas com ideação suicida nos EUA, onde crescem os casos.


Índia vive onda de calor extremo no Sul

A Índia viveu o março mais quente de seus últimos 122 anos, e as temperaturas escaldantes continuaram até abril. As autoridades de saúde relataram centenas de mortes em todo o país por insolação, e o número real provavelmente será muito maior. Agora, para suprir aumento do consumo de eletricidade, na retomada das atividades econômicas pós-covid, a demanda por carvão aumentou 40%. Ainda sim, a participação do país na emissão global de CO² na atmosfera é de apenas 3,4% – contra 20% dos EUA. 

Fenômeno expõe a chaga das desigualdades climáticas

Mas – sinal das desigualdades climáticas – as economias do sul da Ásia estão dez vezes mais expostas às ameaças do aquecimento global. O último acordo climático firmado na COP 26 desonera mais uma vez as nações ricas de arcarem com os custos do caos. E um fenômeno inusitado ocorre também no solo dos próprios países desenvolvidos, segundo estudo recente. Em uma paisagem desértica no estado do Colorado (EUA), o biocrosta – camada superior do deserto, que abriga organismos vitais para o ecossistema – também aproxima-se de um ponto de inflexão causado pelo aumento das temperaturas. O processo destrói as camadas de fungos, líquens e bactérias que protegem os desertos da erosão.


Como o Rio Amazonas divide as espécies do Atlântico

O biólogo brasileiro Luíz Rocha, curador de ictologia da Academia de Ciências da Califórnia (EUA), acaba de lançar uma hipótese importante sobre a vida marinha do Oceano Atlântico. Ele crê que o despejo de sedimentos pelo Rio Amazonas no mar forma uma barreira natural que separa as espécies de organismos encontradas no Caribe das que vivem ao sul da foz do rio. O resultado é uma diversidade de espécies maior, pensa Rocha, que estuda o fenômeno há vinte anos. São cerca de 300 milhões de litros de água doce do rio Amazonas lançados, por segundo, na foz que sai em frente à ilha do Marajó, no Pará, formando uma pluma de sedimentos que penetram quilômetros do oceano. A quantidade equivale a 20% do que todos os rios do planeta levam aos mares. O volume colossal de partículas em suspensão, carregadas às vezes desde os Andes, equivale à massa de um morro do Pão de Açúcar por mês. A última edição da revista Pesquisa FAPESP traz reportagem ampla sobre o tema.

Leia Também: