Os três novos gols da pesquisa médica brasileira

Sufocada pelo desmonte da Ciência e Tecnologia, ela resiste – e acaba de dar passos importantes contra a covid

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A semana passada provou que a pesquisa científica e médica brasileira está viva, apesar dos cortes de verbas devastadores. Destacam-se três desenvolvimentos interessantes. Em São Paulo, uma equipe diversificada reunida pelo Instituto Butantan mostrou que é muito promissor o imunizante nacional ButanVac, em estudo nos seus laboratórios. Em estudos pré-clínicos, ele demonstrou alto poder de produzir anticorpos contra a covid-19. Os testes foram feitos em duas versões: com o vírus inativo e com o vírus vivo. O Instituto informa que suas conclusões foram divulgadas na revista inglesa Nature. O artigo foi assinado por pesquisadores do Butantan, da Escola de Medicina Icahn do Hospital Mount Sinai, em Nova York, da Universidade de Maryland, do PATH Center for Vaccine Innovation and Access, do Instituto de Vacinas e Biologia Médica do Vietnã e da Organização Farmacêutica Governamental da Tailândia. A ButanVac será produzida totalmente em solo brasileiro por meio de uma técnica muito barata e especialidade do Butantan: a partir da inoculação do vetor viral em ovos embrionados de galinhas.

No Rio de Janeiro, a boa nova veio da Fundação Oswaldo Cruz, que vai começar a avaliar a combinação das vacinas CoronaVac e AstraZeneca – ambas produzidas no Brasil – em termos do efeito resultante sobre a imunização. A pesquisa é importante porque ainda não há dados suficientes sobre a intercambialidade das vacinas CoronaVac e AstraZeneca, explica a coordenadora do projeto, Adriana Vallochi. Espera-se que confira uma resposta imune intensa e duradoura, e assim ajude a ampliar a cobertura vacinal da população. Essas informações, de acordo com Adriana, podem contribuir para o planejamento do Programa Nacional de Imunizações.

Em Brasília, finalmente, o Laboratório de Diagnóstico Molecular do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) desenvolveu uma nova tecnologia para identificar a covid-19. A nova técnica, testada desde maio passado, é bem mais barata que as usuais e dá resultado rapidamente, em apenas duas horas e meia. Essas vantagens facilitam monitorar o possível aparecimento de variantes na população, explica Alex Pereira, da Faculdade de Ceilândia, coordenador do estudo.

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