Nas “bactérias amigas”, pistas sobre o diabetes tipo 1

Alterações na microbiota do intestino podem estar associadas ao surgimento da doença, apontam estudos realizados na UFMG e USP

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Desde o fim do mapeamento do genoma humano, surgiram pesquisas similares, e uma das mais interessantes se propôs a fazer um levantamento geral dos micróbios habitantes do corpo humano. Eles podem ter papel decisivo tanto para a boa saúde quanto para o desenvolvimento de doenças. Parece ser o caso do diabetes tipo 1, a julgar pela investigação que vem sendo realizada por diversas equipes de pesquisadores sobre alterações orgânicas em bactérias que colonizam o intestino.

Certas mudanças observadas nas bactérias intestinais resultam em destruição das células do pâncreas produtoras de insulina, característica do diabetes tipo 1. Talvez isso resolva o enigma de ele ser considerado um desarranjo de fundo genético, mas poucos casos refletirem essa percepção. Menos de 10% das pessoas suscetíveis desenvolvem a doença.

Pode haver mais de mil espécies bacterianas no trato intestinal humano. A maioria tem efeitos benéficos, pois participam diretamente da síntese de vitaminas, auxiliam na degradação de substâncias essenciais como lipídios e polissacarídeos. Estudos recentes estimam que seu repertório molecular e bioquímico é dos mais ricos da natureza. No entanto, os estudos brasileiros indicam que camundongos de linhagem especial desenvolvem diabetes quando caem suas defesas naturais na membrana do intestino. Bactérias inofensivas, nesse caso, podem causar malefícios que resultem no aparecimento do diabetes tipo 1.

Os pesquisadores recomendam que se evitem dietas ricas em carboidratos refinados e gorduras. Eles poderiam facilitar o desenvolvimento da doença. A ideia é promover o que os cientistas chamam de “intervenções nutricionais à base de fibras, ou de probióticos” de modo a manter saudável a microbiota intestinal – nossos aliens internos que desde 2007 estão sendo catalogados pelo Projeto do Microbioma Humano.

Imagem: Katie Scott

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