OPAS terá diretor-geral brasileiro

• Jarbas Barbosa, novo diretor da OPAS • O veto do governo a uma pesquisadora brasileira na OMS • Violência política e saúde mental • Os números das mortes de ativistas ambientais • Surto de meningite em SP •

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Jarbas Barbosa, novo diretor da OPAS

A partir de 1º de fevereiro de 2023, um brasileiro presidirá a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). É o médico sanitarista Jarbas Barbosa, atual diretor assistente da entidade que é braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) no continente. Ele especialista em saúde pública e epidemiologia pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). Foi secretário municipal de Saúde de Olinda (PE) e secretário estadual de Saúde de Pernambuco. Em Brasília, foi secretário de Vigilância em Saúde, no ministério da Saúde, e presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2015 a 2018. Na OPAS, Jarbas lidera os esforços para diminuir a desigualdade vacinal no combate à covid-19, além de trabalhar para que países da região tenham capacidade de desenvolver medicamentos.  Ele substitui a dominiquense Carissa F. Etienne.

Mas pesquisadora brasileira não será indicada a cargo na OMS, por boicote bolsonarista

O ministério da Saúde do governo Bolsonaro vetou a indicação do nome de Deisy Ventura, pesquisadora da USP, para integrar o comitê que atualizará o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), um dos mais importantes da OMS. Alegou vagamente que a cientista não tem “perfil adequado para a função”. Mas entidades denunciam que a decisão foi política. Em nota, a Sociedade Brasileira para o Progresso à Ciência (SBPC) protestou: “Ao se opor ao nome da pesquisadora, sem apresentar explicações, o ministério da Saúde age de forma puramente ideológica, enquanto a OMS busca escolher entre as personalidades mais qualificadas por sua competência técnica.” Deisy é professora de ética da Faculdade de Saúde Pública da USP, e também faz parte do programa de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da universidade. Destacou-se por sua forte atuação durante a pandemia de covid-19, relembra a SBPC.

Como a violência política também deprime

“Vamos fuzilar a petralhada” disse, em 2018, o então candidato a presidente Jair Bolsonaro. Com sua subida ao poder, a violência política foi endossada – e parece ter feito estragos na saúde mental da população. Pode acarretar em ansiedade, depressão ou aumento no uso de drogas até em quem não foi alvo do ataque. É o que constatou uma pesquisa publicada em 2019 por três autores brasileiros e uma italiana. A pesquisa foi resgatada pela Folha para refletir sobre o processo eleitoral que o Brasil atravessa. Apenas no primeiro semestre de 2022, foram registrados 214 desses casos. Esse tipo de violência pode ser tanto física quanto psicológica, e geralmente afeta atores políticos, na tentativa de coibir a representação política de grupos sociais – o assassinato de Marielle Franco é um dos mais representativos dos últimos tempos.

Dez anos de violência contra ambientalistas

A América Latina é a linha de frente na guerra pela proteção ambiental. É o que diz a pesquisa Global Witness, que analisou os últimos dez anos de violência contra ativistas ecológicos. Segundo seus dados, 68% mais de 1.700 assassinatos desse tipo aconteceram na região, com Brasil, Colômbia, México e Honduras no topo deles. Muitos dos mortos foram indígenas protegendo suas terras de mineiradores, madeireiros, da exploração de petróleo ou da construção de hidrelétricas. A Amazônia brasileira parece ser o centro da crise. “Os assassinatos de pessoas importantes como o jornalista britânico Dom Philipps e o indigenista Bruno Pereira, no território de traficantes do Vale do Javari, na Amazônia brasileira, são indicativos do ataque aos povos indígenas e aqueles que tentam protegê-los”, escreve o relatório.

A tragédia pode ser superada – mas o Brasil está fora da mudança

Brasil e Índia foram países onde essa violência aumentou, ao longo dos dez últimos anos. Na Índia e no México, foram registrados doze assassinatos em massa. A pesquisa destaca a resistência, embora muito desproporcional: um executivo de uma empresa de energia foi condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato de um ativista em 2016. E, ainda mais relevante, o Acordo de Escazú, primeiro tratado internacional da América Latina e do Caribe relativo ao meio ambiente, e o primeiro do mundo a incluir disposições sobre os direitos dos defensores do meio ambiente. O Brasil ainda não assinou o tratado.

Um surto de meningite assusta São Paulo

Cinco casos de meningite, e uma morte, foram registrados em São Paulo nas últimas semanas. Segundo a secretaria municipal da cidade, devido à gravidade da doença, esse já pode ser considerado um surto, e tratado com a devida importância. A meningite é a inflamação das meninges, membranas que envolvem o sistema nervoso central, e pode ocorrer de formas infecciosas ou não – mas as causadas por bactérias são de maior risco. A taxa de letalidade da meningite meningocócica, uma das mais letais, é altíssima: 30% dos pacientes morrem. No Plano Nacional de Imunizações (PNI), são oferecidas vacinas contra algumas meningites. Como meio de contenção da doença, 8.445 pessoas foram imunizadas na região onde ocorreram os casos. Algumas bactérias que causam meningite são transmitidas por vias aéreas, então usar máscaras e evitar aglomerações são medidas eficazes para evitar o contágio.

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