Avança vacina da UFMG contra covid

• UFMG testa vacina de covid em humanos • USP identifica compostos que bloqueiam coronavírus • Neofascismo na política e suas consequências psicológicas • Antidepressivos na gravidez • Histórias do aborto legal •

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Mais uma boa notícia no esforço de contenção do coronavírus sai das universidades brasileiras: a Anvisa autorizou que a SpiN-tec MCTI, imunizante desenvolvido na UFMG, seja testada em humanos. O nome se deve à fórmula utilizada pelos pesquisadores no desenvolvimento, que juntou a proteína S (spike, que invade a célula humana e efetiva a contaminação) e N (nucleocapsídeo, que abriga a carga genética do vírus). A novidade é que as vacinas até aqui desenvolvidas se focalizaram apenas em utilizar a proteína S como alvo da erradicação viral. A vacina será apresentada como dose de reforço para adultos de 18 a 85 anos e, para ser definitivamente aprovada, deverá apresentar desempenho semelhante ao da Astrazeneca, que será usada nos testes de forma comparativa. A primeira fase irá testar o imunizante em 72 pessoas e, se nada der errado, após seis meses começa a fase 2, com aplicação em 360 voluntários, informa a Agência Brasil. A fase 3 vem a seguir, com aplicação em um grupo de milhares de pessoas. Os testes dividirão os voluntários em dois grupos: o primeiro de 18 a 55 anos e o segundo de 56 a 85 anos, a fim de se observarem eventuais diferenças imunológicas.

Brasil faz novas descobertas no combate ao coronavírus

Estudos realizados pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP identificaram três compostos naturais que bloqueiam a replicação da proteína PLpro, enzima que permite a multiplicação do Sars-CoV-2 no organismo. Em parceria com o laboratório Unit for Drug Discovery e pesquisadores alemães em visita à universidade, o trabalho testou mais de 500 substâncias e concluiu que os polifenóis (bioativos que agem nas plantas) 4-(2-hidroxietil) fenol (YRL), 4-hidroxibenzaldeído (HBA) e metil 3,4-dihidroxibenzoato (HE9) reduzem a atividade de proliferação do vírus entre 50 e 70%. Como informa a Agência Fapesp, os testes foram realizados em células vero, oriundas do rim dos macacos e bastante similares à composição celular humana. Publicado na Nature, os testes passarão à fase animal e, se bem sucedidos, poderão ser provados clinicamente.

Neofascismo na política faz mal à saúde… 

Matéria da Folha mostra que estudo com 500 mil adultos publicado no Jornal General Internal of Medicine em 2016, época da eleição em que Donald Trump derrotou Hillary Clinton para a presidência dos EUA, relatou aumento do estresse em razão das questões políticas. Já a Associação Americana de Psicologia, acusou aumento das tensões físicas e emocionais em 81% de adultos por conta da política em 2020, quando Biden bateu Trump, que por sua vez contaminou seus apoiadores com acusações falsas de fraude eleitoral a ponto de gerar uma tentativa de golpe de Estado no país.

 …e continuará fazendo

A mesma matéria apresenta brasileiros que padecem dos mesmos males e relatam aumento do sofrimento psíquico em razão do processo político e eleitoral interno. “Hoje, para construir esse argumento político, independentemente do lado, busca-se mobilizar afetos relacionados a essa sensibilidade que a pandemia deixou. Uma estrutura discutindo um pouco mais projetos e política em si, e não só oposições e comoção social, talvez nos desse menores índices de sofrimento”, afirmou o psicólogo Luckas Reis. A explicação, corroborada por depoimentos publicados pelo jornal, mostra a complexidade do fenômeno, atrelado à crise sanitária e até à dinâmica algorítmica, carregada de forte viés comercial, das redes sociais e sua produção de sentidos sobre as pessoas. Rodrigo Huguet, da Associação Mineira de Psiquiatria, afirma que as pessoas precisam “descatastrofizar o tema”. Nada simples, em um contexto onde a violência política aumenta e a classe detentora do poder é agente ativa da piora das condições concretas da vida.

Antidepressivos e gestação: há riscos?

A revista científica JAMA Internal Medicine publicou estudo em que 145 mil mulheres e seus filhos foram acompanhados até seus 14 anos e verificou que o uso de antidepressivos pelas mães, inclusive durante a gravidez, não afetou o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças. Em matéria publicada pelo Globo, Carmine Pariante, professora de psiquiatria biológica do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College London, afirmou a importância do resultado por muitas mães acreditarem que o uso de tais fármacos causaria danos a seus filhos e, assim, paravam tratamentos. De toda forma, o Centro de Controle de Doenças, órgão de saúde dos EUA, alerta que parte dos antidepressivos está associada a defeitos de nascença em crianças e grávidas sempre devem procurar um médico antes de tomar algum remédio deste tipo.

Histórias do aborto legal na Argentina

Matéria de Maria Martha Bruno publicada na revista Gênero e Número, mostra a irracionalidade do movimento antiaborto brasileiro – capitaneado por homens brancos e ricos, ressalte-se. A partir do acompanhamento do procedimento de interrupção de gravidez, algo permitido sem exigência de justificativas até a 14ª semana de gestação, a reportagem mostra facilidades criadas pelo Estado argentino para as mulheres que não querem ser mães. Com consultas e soluções rápidas, são oferecidas as opções para a mulher abortar e, feito o procedimento, segue-se acompanhamento obstétrico. Caso a mulher deseje interromper a gravidez após a 14ª semana de gestação, pode ainda recorrer à interrupção legal da gravidez, para situações de estupro ou perigo físico ou mental à mãe, sem necessidade de boletim de ocorrência ou autorização judicial. O Hospital Evita, onde se fez a reportagem, atrelada ao documentário Verde-Esperanza: Aborto Legal na América Latina, registra cerca de 1100 interrupções anuais de gestações desde que a legislação foi aprovada, em 2020.

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