OMS conclama governos a cortar subsídios ao tabaco

• OMS incorpora estratégia de saúde indígena brasileira • Investimento em saúde cai 1 bilhão por ano • Mortes por Alzheimer no Brasil • “Doutor Google” é procurado por 47% • Estadunidenses perdem planos de saúde •

Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, em sua mensagem para o Dia Mundial Sem Tabaco de 2018.
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Para o Dia Mundial Sem Tabaco (31/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou os governos do mundo a cortar subsídios ao cultivo de tabaco e apoiar a agricultura sustentável e voltada à produção de alimentos. O apelo se baseia no relatório Grow food, not tobacco, disponível no site da OMS, que denuncia uma série de problemas ligados a seu plantio: os agricultores se expõem a diversas doenças do trato respiratório e à intoxicação por nicotina e pesticidas, além de frequentemente se endividarem com as grandes empresas da área. Ainda segundo a organização, mais de 1 milhão de crianças trabalham em lavouras de tabaco ao redor do globo. Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, “o tabaco é responsável por 8 milhões de mortes ao ano e, ao escolhermos produzir comida em vez de tabaco, priorizamos a saúde, preservamos ecossistemas e fortalecemos a segurança alimentar de todos”.

OMS aprova proposta do Brasil e terá estratégia global para saúde indígena

Uma resolução apresentada pelo governo brasileiro à 76ª Assembleia Mundial da Saúde e aprovada por unanimidade encarrega a OMS de formular um plano global de saúde indígena, elevando a pauta ao nível de uma questão prioritária do órgão internacional. O secretário de Saúde Indígena do ministério da Saúde Weibe Tapeba, liderança indígena cearense, foi escolhido para defender a proposta no plenário da Assembleia. Esta é a primeira vez que a OMS adota uma resolução específica sobre a saúde dos povos indígenas. Como explica o secretário à Agência Brasil, além de encaminhar a criação de um plano global, a resolução “encoraja os demais países a desenvolverem planos nacionais e a buscarem estratégias que possam assegurar o acesso à saúde dos povos indígenas, respeitando o direito à consulta e fortalecendo a participação social na construção de ações”. O feito marca outro êxito da retomada do protagonismo do Brasil na diplomacia internacional da saúde.

Investimento em saúde pública cai 64% em 11 anos no Brasil

Pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) aponta que o investimento público em saúde caiu em cerca de R$10 bilhões de 2013 a 2023. Segundo matéria do UOL, os números representam uma queda de 64% nos recursos para ampliação na infraestrutura do SUS, que passaram de R$16,8 bilhões há uma década para R$6,4 bilhões neste ano. A cifra do orçamento vigente não é a menor da série histórica: em 2022, o governo Bolsonaro investiu apenas R$4,4 bilhões na saúde, e em 2020 R$4,1 bilhões – os recordes negativos ressaltam o caráter criminoso de sua gestão da pandemia da covid-19. A saúde indígena foi uma das áreas mais afetadas, pois perdeu R$253 milhões em investimentos e apenas 43% dos recursos formalmente repassados foram efetivamente aplicados. Os dados empregados na pesquisa, extraídos do SIAFI, mostram que 2016 é o ano que marca o início das restrições paralisantes no orçamento, cujas consequências podem ser percebidas nos índices desanimadores da saúde brasileira no último período.

Número de mortes associadas ao Alzheimer e outras demências dobra em dez anos

O Brasil registra agora quase quatro óbitos associados à demência por hora, diz levantamento do Estadão com base em informações do DataSUS. Em uma década, os números mais que dobraram: 2012 marcou 15,6 mil óbitos do tipo, enquanto 32,4 mil foram notificados no ano passado. 77,5% das vítimas já eram octogenárias e 18,4% estavam entre os 70 e os 79 anos de idade. Apesar da associação entre o envelhecimento da população e o crescimento dos casos de demência ser clara, especialistas alertam que isso não explica tudo: “a pandemia e as vulnerabilidades socioeconômicas de grande parte da população idosa brasileira pioram o cenário”, apontam. Desde 2020, tramita no Congresso um projeto de lei apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) que institui a Política Nacional de Enfrentamento à Doença de Alzheimer e Outras Demências. A iniciativa não recebeu ainda um parecer do relator da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados – e o Brasil segue sem uma abordagem detalhada para a questão.

Google é o meio mais usado no Brasil para tirar dúvidas sobre saúde

47% dos brasileiros citam o Google como um meio que utilizam para acessar informações sobre saúde – marcando cinco pontos a mais que o médico de confiança ou o posto de saúde, procurados por 42% dos cidadãos, o buscador virtual é a ferramenta mais usada para essa finalidade no país. O dado provém de uma pesquisa do Datafolha realizada em novembro do ano passado. Na edição anterior do levantamento, realizada em 2017, o Google foi citado por 37% das pessoas ouvidas. Para um pesquisador entrevistado pela Folha de São Paulo, o crescente acesso às tecnologias digitais no Brasil pode explicar a alta na utilização do site para o esclarecimento de dúvidas sobre saúde. Apesar disso, quando os entrevistados são perguntados sobre qual meio consideram mais confiável, os dados mudam de figura: os médicos são citados por 38% dos participantes da pesquisa, enquanto o Google merece o crédito de apenas 19%.

Centenas de milhares de estadunidenses perderam plano de saúde no pós-pandemia

Em 2020, como parte de um pacote de medidas emergenciais de combate à pandemia, o governo dos EUA impediu os estados de excluírem cidadãos do Medicaid – programa de saúde pública voltado aos mais pobres – enquanto durasse a emergência da covid-19. Uma reportagem do New York Times descobriu que, desde o fim dessa proibição em março, centenas de milhares de estadunidenses já perderam o acesso à rede de saúde. Ainda segundo a matéria, os estados aplicam os cortes com justificativas burocráticas, alegando que os segurados não puderam ser encontrados ou não preencheram formulários de elegibilidade. O governo federal projeta que 15 milhões de pessoas serão excluídas do Medicaid – 7 milhões delas por razões meramente administrativas. Mais da metade das crianças do país acessa a saúde por meio do programa, e elas devem ser as mais afetadas: a notícia cita o caso de um garoto na Flórida com leucemia que perdeu a cobertura do Medicaid e não consegue mais fazer biópsias.

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