Deisy Ventura critica desigualdade na saúde pública global

• Conferência de Saúde Quilombola • Fiocruz produzirá remédio contra hepatite C • Covid no acelerador de partículas • Variante da dengue na Bahia • China monitora preservação ecológica •

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Em entrevista à Rádio USP, a professora Deisy Ventura criticou a “falta de racionalidade na alocação de recursos no campo da saúde global em cooperações internacionais”. Membro da comissão do periódico The Lancet, ela colaborou com a análise do tema no estudo Sinergias entre Cobertura Universal de Saúde, Segurança Sanitária e Promoção da Saúde, publicado neste mês pela revista científica britânica. Para Ventura, vinculada à Faculdade de Saúde Pública da USP, os organismos internacionais como a OMS estão estrangulados pela infiltração do investimento privado: “Cada vez mais os doadores influenciam na forma de gerir o dinheiro: para onde vai o dinheiro, como ele deve ser administrado, quem deve ser o canal de aplicação dos recursos. Isso acaba, muitas vezes, invertendo as prioridades de saúde pública dos países destinatários”. A questão também foi abordada em profundidade na capa de 25/5 do Outra Saúde.

Vem aí a 1ª Conferência Nacional Livre de Saúde Quilombola

Nesta terça-feira (30/5), acontecerá a histórica 1ª Conferência Nacional Livre de Saúde Quilombola, organizada pela Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) com o apoio do Conselho Nacional de Saúde e 18 outras entidades representativas. Com o tema “A saúde quilombola como política pública: Em defesa da democracia, do direito à terra e por um novo modelo de saúde dentro dos territórios quilombolas”, o evento faz parte das etapas prévias à 17ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorrerá em julho. Alguns dos temas que devem surgir na conferência são a criação de uma política nacional de saúde quilombola, a demanda por maior representatividade dos quilombolas no controle social da saúde e a ampliação dos debates sobre o direito à saúde alinhado à luta por terra e território, segundo matéria do Brasil de Fato.

Farmanguinhos produzirá remédio contra hepatite C

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) assinou parceria que garante transferência de tecnologia para a produção de daclatasvir, remédio voltado ao tratamento de hepatite C, que acometeu ao menos 280 mil brasileiros neste século 21 (36% do total de casos para todos os tipos de hepatite). “Farmanguinhos já possui o registro na Anvisa do medicamento sofosbuvir, também fruto de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo, e agora parte para a complementação do tratamento, com o daclatasvir. Essas duas parcerias apoiam o Complexo Econômico Industrial da Saúde e a independência nacional no tratamento da hepatite”, comemorou Alessandra Esteves, coordenadora de Desenvolvimento Tecnológico da Farmanguinhos. Quem cederá a tecnologia é a Blanver SA, empresa brasileira de produção de insumos farmacêuticos. Com a produção do daclatasvir e sua entrada no SUS, o Brasil pode garantir a conquista da meta de redução de hepatites dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030.

Pesquisa brasileira revela detalhes de proteína do Sars-CoV-2

Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP) e publicado no periódico Nature Communications ampliou as informações disponíveis sobre o processo de maturação da proteína Mpro, cujas atividades são essenciais para o ciclo de vida do vírus Sars-CoV-2. Para analisar a proteína, foram realizados experimentos de cristalografia no acelerador de partículas instalado em Campinas, o Sirius. A compreensão em profundidade das proteínas do novo coronavírus pode ser muito importante para o desenvolvimento de novas medicações, já que dois remédios disponíveis no mercado para tratar a covid-19 interagem com essa molécula, explica a Galileu. Uma pesquisa de 2021 realizada pelo mesmo grupo, orientado pelo professor Glaucius Oliva, já apresentava detalhes importantes da maturação da Mpro – mas não havia descrito o processo por completo, como foi possível agora.

Novo genótipo da dengue circula na Bahia, aponta estudo

Nota do Portal da Fiocruz informa que uma pesquisa conduzida com pacientes de Feira de Santana, na Bahia, identificou um agrupamento do vírus da dengue tipo 1 antes ausente na região: o genótipo V. O estudo realizou o sequenciamento genético das amostras coletadas do vírus e observou a circulação de duas de suas cepas – o tipo 1, mais presente, e o 2, de menor expressão. Coordenado por Isadora Siqueira, pesquisadora da Fiocruz Bahia, o trabalho considera que a disseminação de uma nova cepa viral pode estar relacionada à mobilidade humana inter-regional. Os casos de dengue estão em alta no Brasil – 3 milhões foram registrados só entre 2017 e 2022 – e a vigilância genômica tem tido um papel determinante no acompanhamento da endemia e na identificação de áreas de risco, ajudando a orientar a resposta a eventuais surtos da doença infecciosa.

China passa a usar satélites para monitorar áreas conservadas

O governo chinês deu início a um novo programa nacional de monitoramento por satélite de áreas de preservação ecológica, conta artigo da Nature. Antes dispersas entre diferentes níveis administrativos, as unidades de conservação do país agora fazem parte de um sistema único, de responsabilidade do governo central, e serão todas acompanhadas por sensoriamento remoto. O novo mapa ecológico anunciado pelo ministério dos Recursos Naturais dobrou a área dos territórios preservados: eles agora cobrem 3 milhões de quilômetros quadrados – cerca de 30% do território chinês. Um pesquisador entrevistado pela revista científica elogiou a medida pelo “potencial de conservação dos hotspots de biodiversidade” da China, terceiro país mais biodiverso do mundo. Uma frota de 30 satélites terá a tarefa de produzir imagens de alta resolução das zonas preservadas e identificar alterações na cobertura florestal e no uso da terra.

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