Nísia volta de Portugal com novidades

• Parcerias Brasil-Portugal na Saúde • Fiocruz faz acordo para produção científica • Planos privados sem lucro… • …mas salvos pelo rentismo! • Médicos entre o público e o privado • Parceria da USP com Instituto Pasteur •

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A ministra da saúde, Nísia Trindade Lima, fez parte da comitiva de Lula que viajou a Portugal para avançar tratativas em diversas áreas. A ministra afirmou que o encontro serviu para alinhar o interesse dos países em fortalecer seus sistemas de saúde e prepará-los para futuras epidemias, conforme recomenda a OMS. “Tanto Brasil quanto Portugal compartilham uma visão comum que é a resiliência dos sistemas de saúde que precisam ser fortalecidos para enfrentar esse tipo de adversidade, que, naturalmente, não esperamos que se configure com a gravidade da pandemia de covid-19, mas também com a capacidade de autonomia na produção de vacinas, de medicamentos e outros insumos para a saúde”, explicou. 

Fiocruz assina parceria

Outra novidade é o memorando assinado entre a Fiocruz e os ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Saúde, da Economia e do Mar de Portugal. “É preciso avançar em infraestruturas e novos arranjos colaborativos para produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde que visem o desenvolvimento econômico e social dos dois países, que têm sistemas universais de saúde. Buscamos com essa agenda uma ação cooperativa para a redução das assimetrias de domínio e acesso às tecnologias”, disse Mario Moreira, presidente da Fiocruz, também presente na viagem. Além disso, como explicou Camilo Santana, ministro da Educação, os acordos visam facilitar a validação dos diplomas de profissionais por ambos os países.

Planos privados ficam no zero

A ANS divulgou o Painel Contábil da Saúde Suplementar, que traz os resultados financeiros do setor privado de saúde do 4o. trimestre de 2022. Os números são uma leve melhora em relação ao primeiro semestre do referido ano, que registrou o primeiro prejuízo da história da saúde suplementar. No entanto, não trazem lucros. Com receita bruta de R$ 237 bilhões, o setor registrou R$ 2,5 milhões de lucro, isto é, uma margem de 0,0001%. É certo que 2020, primeiro da pandemia, foi o de maiores ganhos da história, seguido de um 2021 ainda bem lucrativo. Dividido em setores, vê-se que os serviços odontológicos e médico-hospitalares ficaram no vermelho, com perdas de 1,29% e 0,22% frente à receita bruta.

Rentismo salva

O informe da ANS traz uma informação muito interessante para aqueles que buscam entender a dinâmica econômica da saúde suplementar, que acumula dívida bilionária com o SUS. O Painel Contábil destaca que o setor totalizou perdas de R$ 11,5 bilhões e “esse prejuízo operacional foi parcialmente compensado pelo expressivo resultado financeiro de R$ 9,4 bilhões no ano, reflexo do aumento das taxas de juros que remuneram as aplicações financeiras das operadoras”. Uma informação fundamental para compreendermos o apego das elites econômicas brasileiras a dogmas econômicos que em nada dialogam com a economia produtiva e mantêm o país na estagnação.

Médicos entre o público e o privado

Reportagem da Folha destrinchou alguns dados da última Demografia Médica, estudo de diversos parâmetros e dados da categoria publicado no início deste ano, e colocou em debate os dilemas que dividem profissionais da área em optar pelas áreas pública ou privada. Em linhas gerais, a grande maioria dos médicos, de distintas especialidades, começa sua residência, estágio inicial da carreira, no setor público, mas ao final deste período a curva se inverte e a maioria busca o setor privado. As explicações são variadas, desde valorização salarial a condições estruturais das instalações de cada rede, além das desigualdades regionais que atraem uma maior quantidade de profissionais para os principais centros. Aqui, o dreno de recursos públicos em favor da medicina de mercado fica outra vez patente. “A formação especializada ocorre toda ela no SUS, o financiamento são bolsas públicas pagas pelo governo. Mas, depois de formados, esses médicos se inserem num mercado de trabalho que não vai atender prioritariamente usuários do SUS”, declara Mário Scheffer, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.

USP fecha parceria com Instituto Pasteur

O famoso instituto de pesquisa francês anunciou acordo com a Universidade de São Paulo para criar o primeiro laboratório Pasteur no Brasil. A iniciativa terá foco diversificado e um dos principais será as arboviroses, com pesquisa e monitoramento de doenças transmitidas por mosquitos, em especial o aedes aegypti. “O Brasil é um país de grandes dimensões e com a maior fonte de biodiversidade do planeta. Existem muitos problemas de saúde pública no país associados à sua posição, mas também com a intervenção humana no meio ambiente, como, por exemplo, alterações no comportamento dos vetores que transmitem malária devido ao desmatamento”, disse Stewart Cole, diretor do Instituto, à Folha. Ambas as instituições já desenvolvem parcerias desde 2016 e o novo laboratório também trabalhará em pesquisas genômicas, de doenças neurodegenerativas e do espectro autista.

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