Genérico do Ozempic poderá começar a ser produzido no Brasil

• Remédio para emagrecer pode começar a ser produzido no Brasil • Por que o Ozempic virou febre • Tratamento para demência • Hospitais públicos com UTI • Inpe cria modelo para prever enchentes •

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Um genérico de semaglutida, princípio ativo do medicamento Ozempic, pode começar a ser fabricado no Brasil em 2026. A farmacêutica Novo Nordisk chegou a solicitar à justiça a prorrogação da patente do remédio em 2021, mas não obteve sucesso após o TRF-1 negar a apelação. O colegiado seguiu o parecer da desembargadora Daniele Maranhão Costa, de que a prorrogação do prazo de patente poderia causar danos sociais à saúde pública no que diz respeito ao enfrentamento à diabetes e obesidade – visto que a semaglutida é utilizada no controle dessas doenças.

O remédio que virou febre

O Ozempic foi originalmente desenvolvido para o tratamento da diabetes de tipo 2. A semaglutida pertence a uma classe de medicamentos que simulam o hormônio GLP-1 no corpo humano. Ao entrar em contato com os receptores do pâncreas, a substância gera o aumento da produção de insulina, necessária para pacientes diabéticos. O Ozempic, porém, promove também um dos melhores efeitos de perda de peso já alcançados pela ciência através de remédios – e com poucos efeitos colaterais – o que vem gerando um aumento extraordinário em sua comercialização. A “febre Ozempic” está relacionada com o alto preço do remédio no Brasil – que tem levado muitos pacientes à justiça, visto que o medicamento ainda não foi incorporado no Sistema Único de Saúde (SUS) e não tem previsão de cobertura pelos planos de saúde. 

Demência deve ser tratada com atividades diversas

Estudos científicos vêm comprovando, cada vez mais, a importância de tratamentos paralelos à medicação para demência e Alzheimer. Entre eles, são citados o cuidado personalizado, atividades físicas e recreativas, oferta de treinamento para cuidadores e até fototerapia. Em entrevista à Folha, Rita Ferreira, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que esses procedimentos são tão importantes quanto o uso dos remédios, visto que permitem a preservação de habilidades cognitivas do paciente – podendo evitar, inclusive, o surgimento de novos sintomas. Um estudo realizado por pesquisadores chineses e publicado na revista científica Nursing Open divulgou resultados de que essas terapias podem melhorar as funções cognitivas e psicológicas dos pacientes. 

Hospitais públicos têm poucas UTIs de alta performance

Um levantamento inédito da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) em parceria com a Epimed Solutions revelou que as unidades de tratamento intensivo (UTIs) administradas pela rede hospitalar pública no Brasil têm desempenho inferior em comparação com as unidades privadas. Dos 707 hospitais com UTIs pesquisados, 40% eram públicos e 60% privados. Apenas 18 dos hospitais públicos apresentaram uma taxa considerada de alta performance, enquanto 117 hospitais privados integraram a lista. Os critérios para avaliar as UTIs foram a taxa de mortalidade nas unidades ajustada pela gravidade da internação e a taxa de utilização de recursos durante o tempo de internação do paciente. Durante a pandemia, a mortalidade de pacientes com covid internados em UTIs públicas chegou a 53%, enquanto em UTIs privadas foi de 30%.

Inpe desenvolve modelo para prever inundações no país

Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil desenvolveram uma metodologia para identificar áreas de alto risco de inundação em cidades, usando modelos preditivos de expansão urbana, mudanças de uso da terra e hidrodinâmica. A metodologia combina imagens de alta resolução com algoritmos de deep learning (aprendizado profundo) para identificar áreas suscetíveis a inundações, incluindo aquelas causadas por eventos de chuva extrema. Os cientistas validaram o modelo usando dados de São Caetano do Sul, cidade na região metropolitana de São Paulo. O estudo tem como objetivo fornecer informações para apoiar políticas públicas para mitigar o impacto desses fenômenos, prevenir a destruição da infraestrutura e evitar fatalidades. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e envolveu parcerias com as Universidades Federais da Paraíba e do Rio Grande do Sul.

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