Um remédio para tuberculose preso sob patentes

• Como refundar a Saúde do Trabalhador • Pobreza, violência e saúde mental • O que se sabe sobre as reinfecções por covid? • Demência poderá ser tratável em poucos anos? •

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A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) demanda que a Johnson & Johnson (J&J) renuncie ao monopólio de patentes secundárias sobre a bedaquilina, um medicamento contra a tuberculose, em todos os países com alta incidência da doença. A doença era a principal causa de morte entre doenças infecciosas, até a aparição da covid, e tem alta subnotificação. Por isso, a MSF exige que a empresa permita que outros fabricantes forneçam versões genéricas mais acessíveis e de qualidade garantida para todos, onde houver necessidade. 

As manipulações para manter o monopólio

A J&J recorre com frequência a uma estratégia conhecida como “evergreening”, registrando patentes adicionais para estender o monopólio. Mas a farmacêutica foi derrotada em decisão histórica da justiça da Índia, no mês passado – uma vitória dos movimentos contra as patentes. A MSF alerta que o alto preço da bedaquilina continua a impedir que os países implementem os regimes orais mais modernos, que são mais curtos e causam menos sofrimento. No Brasil, onde o procedimento ainda não foi adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os requerimentos para ampliação do prazo da propriedade intelectual podem impossibilitar a produção de genéricos pelo menos até o ano de 2026.

Abrasco sugere refundar as estruturas da Saúde do Trabalhador

No Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) lançou uma nota pública pedindo mudanças na gestão da saúde do trabalhador. A organização destaca que os efeitos da pandemia de covid-19 no ambiente de trabalho ainda são incomensuráveis, especialmente para trabalhadores precarizados e aqueles em serviços essenciais, como entregadores, comerciantes, profissionais de saúde, trabalhadores de plataformas e de frigoríficos. No novo governo democrático, a Abrasco sugere refundar a área de Saúde do Trabalhador, revogar decretos abusivos e retomar a relação cooperativa com estados, municípios, universidades e movimento social. Propõe-se aliar defesa da saúde no trabalho com planejamento econômico e manutenção da vida. Participação de trabalhadores, universidades, institutos de pesquisa, órgãos internacionais e outras entidades são necessários para construção de uma nova democracia participativa e cidadã.

O risco da pobreza e do machismo na saúde mental dos jovens

Um estudo da organização não governamental Plan International revelou que a pobreza, a violência e os preconceitos de gênero são as principais causas dos problemas de saúde mental de jovens no Brasil, Índia e Quênia. A pesquisa, que ouviu 67 adolescentes, destacou que meninas são particularmente afetadas pelo “baixo status” na sociedade, falta de autonomia e risco de sofrer violência baseada em gênero. Já os meninos sofrem com a pressão e as expectativas da sociedade em relação a seu comportamento. Os participantes afirmaram que os fatores que levam ao sofrimento emocional são externos e incluem a pobreza, a violência física e sexual, os preconceitos de gênero e a falta de acesso a produtos para o ciclo menstrual. O estudo também apontou que os jovens precisam do apoio dos adultos, que são importantes em sua vida para alcançar uma saúde mental bem estabelecida.

O que se sabe sobre as reinfecções por covid?

Um artigo publicado na revista Nature discute se as infecções repetidas pelo vírus da covid-19 serão prejudiciais à saúde das pessoas, a longo prazo. A essa altura, estima-se que a maior parte da população já foi contaminada ao menos uma vez – e são muitos os casos de pessoas que ficaram doentes duas ou mais vezes. Apesar de não haver consenso na área médica, as pesquisas sugerem que as reinfecções são relativamente raras (de 5% a 15%, embora estejam em crescimento) e os riscos de uma nova infecção grave são menores do que na primeira vez. Estudos mostram que o sistema imunológico é capaz de responder mais rapidamente à infecção quando acontece pela segunda vez, mas as pessoas que são mais vulneráveis à doença continuam a ter maior risco de desenvolver casos graves ou morrer. Já parece bastante claro que a covid-19 continuará a fazer parte da lista de doenças comuns que afetam os seres humanos, daqui para frente.

Reino Unido faz grande investimento público para estudar Alzheimer

De acordo com a chefe executiva do centro de pesquisa britânico Alzheimer’s Research UK e co-presidente da nova missão do governo britânico para a demência, Hilary Evans, a geração atual de idosos pode ser a última a enfrentar a doença de Alzheimer sem tratamento. Ela afirmou que a ciência está “à beira de uma nova era” no tratamento da demência, o que significa que a doença neurodegenerativa devastadora não será mais vista como uma parte inevitável do envelhecimento. O governo do Reino Unido firmou o compromisso de dobrar o financiamento para pesquisa sobre demência para £160 milhões por ano até 2024-2025. No entanto, Evans alertou que é necessária uma reforma no atendimento à demência do NHS, sistema de saúde pública britânico, para garantir que os pacientes possam acessar os primeiros medicamentos eficazes contra a doença de Alzheimer, que podem ser aprovados no Reino Unido já no próximo ano.

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