Nísia Trindade, futura ministra da Saúde?

• Ministra será mulher. Boa noticia? • Fiocruz e Butantan entre maiores produtores de vacina • 14 mil médicos e 100 mil cientistas sem receber • Paxlovid chegará às farmácias a preço exorbitante • Estatuto do Nascituro é votado hoje •

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Presidente da Fiocruz cotada para ministra da Saude

O nome da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, está sendo aventado para a pasta por alguns membros do governo de transição. Segundo matéria do Poder360, sua nomeação é apoiada pelo deputado Alexandre Padilha, que faz parte da equipe de transição de Lula, e por Roberto Kalil Filho, médico cardiologista que palpita extraoficialmente no futuro governo. Nísia se destacou por sua atuação firme em favor da saúde e da ciência durante os meses mais duros da pandemia e as gestões mais incompetentes no ministério. Sob sua gestão, a Fiocruz fez parcerias internacionais para a fabricação de medicamentos e vacinas – a mais notória foi com a Oxford/AstraZeneca para a produção nacional do imunizante contra covid que chegou aos braços de milhões de brasileiros. 

Lula estaria buscando uma mulher para a pasta

Outros participantes do novo governo, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, apoiam a médica cardiologista Ludhmila Hajjar, nome ligado à saúde privada e que rejeitou o convite de Jair Bolsonaro para assumir a pasta, em março de 2021, com a saída do general Pazuello. Ela chegou a participar de reunião com o presidente, mas não aceitou o convite. Corre nas notícias que Lula gostaria de escolher uma ministra da Saúde mulher. Outras que estão sendo consideradas, segundo matéria do Metrópoles, são Lúcia Souto, médica, ex-deputada estadual do Rio de Janeiro e presidente do Cebes; Linamara Rizzo Battistella, médica e professora da USP e Margareth Dalcolmo, médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz.

Fiocruz e Butantan figuram em lista de maiores produtores de vacina da OMS

A Organização Mundial da Saúde lançou o Relatório Global do Mercado de Vacinas 2022 no final do mês passado, com a intenção de reunir lições aprendidas com a pandemia de covid e poder elaborar respostas mais efetivas nas próximas crises sanitárias. Entre os principais produtores de imunizantes, estão os brasileiros Fundação Oswaldo Cruz e Instituto Butantan. Na lista, estão também farmacêuticas como Pfizer, Sanofi e MSD. O documento da OMS busca registrar as falhas globais na distribuição de vacinas e encontrar possíveis saídas para que não haja tanta desigualdade. 

“Que prevaleça uma lógica de cooperação”

Ao celebrar o reconhecimento da Fiocruz pela OMS, a presidente Nísia Trindade falou: “Realço a importância de se diminuírem as desigualdades na capacidade de produção de bens de saúde entre países, como vacinas, medicamentos e testes diagnósticos, por meio da descentralização dessa produção. Espero que mais países de renda média e baixa possam desenvolver essa capacidade e que prevaleça uma lógica de cooperação, conforme os princípios da abordagem One Health. Ao lado da descentralização da produção, o fortalecimento dos sistemas de saúde e de proteção social e investimentos contínuos em Ciência, Tecnologia e Inovação nos diferentes países serão elementos fundamentais para enfrentar as emergências sanitárias, presentes e por vir, e para promover uma única saúde planetária”.

Governo Bolsonaro bloqueia bolsas científicas e salários de médicos de hospitais universitários

A primeira reunião da equipe de transição de Lula com o atual ministro da Educação, Victor Godoy, não deve ter sido muito animadora. Godoy admitiu que não há dinheiro para pagar o trabalho já executado de 14 mil médicos residentes de hospitais federais e outros cerca de 100 mil bolsistas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) no mês de dezembro. Os afetados já começaram a mobilizar-se. O problema acontece por causa do último contingenciamento feito por Bolsonaro em 1º/12, que limpou o caixa do MEC. Entre os médicos que atendem em hospitais universitários, estão, por exemplo, os que trabalham no Hospital São Paulo, ligado à Unifesp, que já sofre há anos com os desmontes. O MEC afirma que está conversando com o ministério da Economia para a liberação de recursos. A pasta comandada por Paulo Guedes bloqueou os recursos alegando que o simples pagamento de salários e bolsas bateria no “teto de gastos”. Além das preocupações imediatas, há outras bombas prestes a estourar. É o caso do material didático: não há recursos no MEC para entregar os livros nas escolas até o fim de fevereiro. 

Covid: remédio da Pfizer pode custar R$ 2,7 mil nas farmácias. E o SUS?

Já faz sete meses que a Anvisa autorizou o uso do Paxlovid, medicamento produzido pela Pfizer, para o tratamento de covid. Mas as tratativas do ministério da Saúde para a compra e disponibilização no SUS tardam. Foram encomendadas 100 mil doses; metade chegou em agosto e as outras 50 mil devem chegar nos primeiros meses de 2023. É muito pouco, dado que o tratamento requer cinco dias de administração do medicamento. Agora, está previsto que o Paxlovid chegue a farmácias brasileiras. Mas o preço pode ser muito impeditivo, se seguir o que é praticado nos EUA e França. Estima-se que possa custar R$ 2,7 mil reais para o tratamento completo. A nova equipe do ministério do governo Lula buscará uma redução do preço para o SUS, ou buscará a suspensão da patente? Enquanto o problema com o Paxlovid não é resolvido, deveria haver outra saída: o Molnupiravir, medicamento anticovid produzido pela farmacêutica MSD. A empresa firmou um acordo com a Fiocruz para produção do remédio no Brasil. Será iniciada a tempo de evitar novas ondas de contaminação?

“Estatuto do Nascituro”: por que não aprovar

O PL nº 478/2007, que dispõe sobre o Estatuto do Nascituro, poderá entrar em votação hoje (0712) na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Federal. Na semana passada, em sessão tumultuada, a bancada fundamentalista tentou forçar a votação do PL, ignorando o parecer contrário de parlamentares mulheres na Comissão. Um documento, escrito pela Frente Nacional contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto e publicado no Outras Palavras, elenca 12 razões pelas quais o chamado “Estatuto do Nascituro” é prejudicial à saúde e aos Direitos Humanos das Mulheres. Ele é parte da Campanha Nem Presa Nem Morta por Aborto, iniciativa criada em agosto de 2018, por ocasião da audiência pública convocada pelo STF para discutir a ADPF [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental] nº 442. A campanha mobiliza organizações e coletivos feministas que atuam pela garantia do direito ao aborto nos três casos garantidos por lei e para difundir informações sobre Justiça Reprodutiva.

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