Capes: a asfixia da pesquisa em saúde e ciência pelo governo 

• Bloqueios nos hospitais universitários e no Capes • Equipes da Saúde da Família sem verba em SP • Verba liberada para Santas Casas • Poluição nos EUA • Boicote à vacinação infantil • Burnout em fisioterapeutas de UTIs •

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A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) afirmou que não será possível pagar cerca de 200 mil bolsas de pesquisa devido ao bloqueio de verbas realizado pelo governo de Jair Bolsonaro. Segundo o comunicado, a restrição orçamentária “asfixia” o órgão, que terá sua manutenção administrativa prejudicada. No início da semana, o ministro da Educação, Victor Godoy, já tinha alertado que sua pasta não teria recursos para pagar cerca de 14 mil residentes de medicina e 100 mil bolsistas de mestrado e doutorado em dezembro – mas os números revelados pela Capes foram ainda piores. Na semana passada, o ministério da Economia fez um novo bloqueio de R$ 5,7 bilhões, o quinto corte neste ano. Em nota, a Capes pediu ao governo a imediata desobstrução dos recursos para que possa “conferir tratamento digno à ciência e a seus pesquisadores”. 

Bloqueio ameaça sobrevivência de estudantes e pesquisadores

Estudantes de mestrado e doutorado que dependem da bolsa do Capes  revelaram à reportagem do UOL estarem sofrendo com ansiedade e pânico diante da falta de recursos para pagar o aluguel e as contas ou comprar remédios. O receio de não receber em dezembro soma-se ao fato de que as bolsas do órgão não são reajustadas há anos e à falta de investimentos em pesquisa por parte do governo. Em nota conjunta, entidades como a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) definiram a situação como “grave” e repudiaram a interrupção de programas pela “completa falta de planejamento e provisão do Governo Federal”. Na noite de ontem, o ministro do STF Dias Toffoli respondeu a ação protocolada por entidades estudantis e determinou que o governo federal explique o bloqueio da verba em até 72 horas.

Mais cortes federais: equipes de Saúde da Família sem verba em SP

O Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems-SP) informou que o ministério da Saúde, através de seu novo sistema de envio de verbas, o Previne Brasil, não tem cumprido sua parte no financiamento do SUS no estado. Dessa forma, a atenção primária fica desfalcada de recursos essenciais, e resta aos estados e municípios providenciarem verba para o seu custeio. Segundo matéria da Folha, o problema atinge 392 das 6.734 equipes de saúde da família no estado. Passam pela mesma situação 780 das 2.430 equipes de atenção primária. Essas equipes atuam em cerca de 5.000 UBS (Unidades Básicas de Saúde), de acordo com a entidade.

Sancionada lei que libera R$ 2 bi para Santas Casas que prestam serviços ao SUS

A Lei Complementar 197/22 foi publicada nesta quarta-feira (7/12) no Diário Oficial da União e destinará R$ 2 bilhões para o custeio de serviços prestados por Santas Casas e hospitais filantrópicos para atender pacientes originários do SUS. Os recursos virão dos saldos de repasses da União aos fundos de saúde e de assistência social de estados, Distrito Federal e municípios, que poderão ser utilizados até o final de 2023, segundo a Agência Câmara. A lei é também uma medida que busca viabilizar o piso salarial da enfermagem, aprovado pelo Congresso e barrado pelo STF por falta de fontes de financiamento. 

Poluição do ar atinge níveis graves nos EUA

A incidência de incêndios e secas no oeste dos Estados Unidos piorou nos últimos anos e está se somando à poluição industrial local, revela a revista Nature. Em 2020, por duas semanas, o ar manteve moradores do Oregon como reféns em suas casas, devido a incêndios florestais na região.  A poluição por partículas finas atingiu níveis entre 4 e 11 vezes o limite dos Padrões Nacionais de Qualidade do Ar Ambiente (NAAQS) estabelecidos pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), além de chegar até a Nova Inglaterra – na costa leste dos Estados Unidos. Globalmente, espera-se que o número de incêndios florestais extremos aumente 14% até 2030 e até 30% até o final de 2050, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Nesse cenário, a exposição às partículas tóxicas no ar matará até 10 milhões de pessoas por ano. 

Vacinação infantil: sabotagem cada vez mais notória

Depois de retardar a campanha de vacinação contra a covid-19 de crianças entre 0 e 5 anos, o ministério da Saúde abriu na terça-feira (6/12) uma consulta pública sobre a incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS) da vacina da Pfizer destinada a bebês de 6 meses à crianças menores de 5 anos. Especialistas ouvidos pelo UOL apontam que a investida é mais uma tentativa da gestão Bolsonaro contra a vacinação infantil, já que a “Pfizer Baby” foi liberada pela Anvisa em setembro sem restrição de aplicação. Em outubro, o ministério da Saúde contrariou a orientação de sua câmara técnica ao indicar a vacina apenas para bebês com comorbidades.

Síndrome de burnout em fisioterapeutas de UTIs

Um artigo publicado na revista Fisioterapia e Pesquisa discute a incidência da síndrome de burnout entre fisioterapeutas que atuam em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).  O “distúrbio emocional resultante de situações de trabalho desgastante que demandam muita competitividade ou responsabilidade”, segundo definição do ministério da Saúde, foi investigado em cinco hospitais públicos do Recife pelos pesquisadores. Os resultados indicam que a síndrome leva a “negligência do período de lazer e descanso recomendados para o equilíbrio da saúde” levando a problemas como depressão e dificuldades nos relacionamentos familiares e sociais.

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