Alckmin fala em aumento do orçamento para a Saúde após reunião com equipe

• Alckmin faz pronunciamento sobre a Saúde • Fila do SUS no pós-pandemia • Ministério sem acordo de vacinas para 2023 • Aids: campanha do governo Bolsonaro chega tarde demais • Jovens fora da escola • Saúde privada avança sobre o digital •

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O vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), falou com jornalistas na noite de domingo (4/12) após se reunir com a equipe de Saúde para a transição e afirmou que o próximo governo precisará de R$ 22 bilhões a mais para a pasta em 2023, somados aos R$ 162,8 bilhões previstos pelo Orçamento. Alckmin afirmou que, se seguir os valores colocados pelo governo de Jair Bolsonaro para o ano que vem, não haverá recursos para a Farmácia Popular e a remuneração de profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde estará comprometida. “Não tem recurso para a Farmácia Popular. Quem tem doença crônica, precisa tomar remédio”, afirmou o vice-presidente, que também é médico. Alckmin afirmou que uma das prioridades do governo Lula será zerar a fila para exames e cirurgias do SUS, resultado da pandemia de covid-19. “A ideia é fazer um mutirão, se precisar, contratar a iniciativa privada, para realizar exames e cirurgias”, concluiu. A vacinação, em queda no país, também foi posta como pauta urgente. 

Fila do SUS: 1 milhão de procedimentos hospitalares atrasados 

Um estudo da Fiocruz, com base na média de exames e cirurgias realizados em hospitais brasileiros entre 2014 e 2019, estima que a defasagem de procedimentos hospitalares pelo Sistema Único de Saúde chega à cifra de 1,1 milhão. O número inclui exames de imagem e intervenções cirúrgicas que deixaram de ocorrer durante a pandemia, que afetou a detecção e o acompanhamento de tratamentos de saúde de milhares de pacientes na rede pública. Como exemplo, o estudo cita a queda dos atendimentos a pessoas com glaucoma e catarata, ambas doenças oculares que necessitam de cirurgias eletivas. “No momento oportuno [os procedimentos] evitariam o agravamento dos problemas, que podem, a longo prazo, trazer impactos maiores e indiretos como a cegueira”, explica o estudo. O agravamento das doenças pode ser vinculado aos atendimentos nos períodos mais críticos da pandemia, segundo a Fiocruz.

Ministério ainda não fechou acordo para vacinas em 2023

O ministério da Saúde e o Instituto Butantan ainda não fecharam os acordos para o fornecimento de imunizantes do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2023.  Em coletiva de imprensa na terça (29/11), Dimas Covas, ex-diretor do instituto ligado ao governo do estado de São Paulo, afirmou que não há contrato para a produção e entrega de doses contra a gripe, enquanto vacinas com contratos vencidos não têm sinal de renovação – é o caso dos imunizantes contra  HPV, difteria e tétano. A lentidão por parte do ministério da Saúde é preocupante, em um momento em que o Brasil atingiu os níveis mais baixos de vacinação infantil dos últimos 30 anos. 

Cinismo bolsonarista: após cortes, ministério lança campanha no último mês de governo 

Após as inúmeras políticas de desmonte da saúde pública pela gestão Bolsonaro, o ministério da Saúde lançou, há poucos dias do fim do governo, uma campanha de conscientização e prevenção contra a aids. No entanto, o atual governo vem cortando verbas do programa brasileiro de combate ao HIV/aids, satisfazendo a sanha moralista de seus apoiadores. O último deles foi o anúncio do corte à Farmácia Popular, que irá dificultar o acesso à PrePs e ao remédio de controle do HIV – cuja distribuição no Brasil era exemplo internacional de controle do vírus. “Precisamos humanizar o tratamento dessas pessoas não só no Sistema Único de Saúde (SUS). A gente não pode deixar que doenças como a aids fiquem à margem diante de novas situações, como foi com a chegada da pandemia. Que a gente possa gerar equidade em todo o mundo para o tratamento do HIV”, disse a secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Sandra Barros, em matéria da Agência Brasil. 

Após dois anos de covid, 1 em cada 4 jovens não estuda

A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgada pelo IBGE na sexta (2/12) revelaram que, em 2021, um em cada quatro jovens brasileiros entre 15 e 29 anos não estudava ou trabalhava. Mais da metade desses jovens (62,5%) eram mulheres. Segundo a pesquisa, jovens com baixa qualificação representam o grupo mais vulnerável em tempos de crise econômica, devido a dificuldade de ingressar e se manter no mercado de trabalho. Em 2021, dos 12,7 milhões de jovens de 15 a 29 anos que não estudavam nem estavam ocupados no Brasil, as mulheres autodeclaradas negras ou pardas representavam 41,9% desse grupo, enquanto as brancas apenas 20,5%. Entre os 4,7 milhões de jovens restantes nessa situação, 3 milhões eram homens pretos ou pardos (24,3%), conforme classificação do IBGE, e 1,6 milhão de brancos (12,5%).

Sírio-Libanês lança startup para saúde digital
A iniciativa Alma, lançada pelo Hospital Sírio Libanês, visa refinar o processamento de dados e estatísticas de pacientes, para agilizar consultas médicas e aumentar o escopo de informações dos pacientes. A direção do hospital prevê investimentos de 200 milhões de reais até 2030, com captação de talentos na área de tecnologia da informação, informa a Folha. Trata-se de mais uma importante iniciativa no campo da medicina de dados e, a despeito do tom sempre positivo em torno de inovações tecnológicas, há todo um debate ético em torno do uso de dados de usuários de serviço de saúde, sejam públicos ou privados, como tem colocado o Outra Saúde. A sanha privatista já se faz presente e contou com iniciativas até do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, ao tentar lançar o Open Health, política que daria de presente às empresas privadas os dados de todos os usuários do SUS no país.

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