Equipe de transição defende Complexo Industrial de Saúde

• Proposta do Complexo Industrial-Econômico da Saúde chega à equipe de transição • Baixo orçamento em ciência prejudica produção de vacinas • Em defesa dos Núcleos de Atenção à Saúde da Família • Como enfrentaremos o câncer nos próximos anos – Brasil e Europa • Medicamento para Alzheimer •

.

O Valor Econômico publicou declarações de diversos membros da equipe de transição da Saúde, que destacaram a necessidade de o país criar um plano para a retomada de sua capacidade industrial na área. O Brasil tem plantas fabris ociosas e uma forte dependência da China na produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), insumo que permite o desenvolvimento em solo nacional de fármacos. Por isso, os membros da transição dizem estudar a criação de um novo marco legal no setor. “Será um processo longo e complexo porque envolve o governo como um todo: saúde, economia, indústria e comércio, ciência e tecnologia, incluindo a Anvisa. O objetivo será construir uma política de Estado com um horizonte de décadas”, afirmou o ex-ministro José Gomes Temporão. Também entrevistado pelo Valor, o economista e pesquisador Carlos Gadelha alertou para o caráter estratégico da questão e destaca que EUA e França já investem nesta direção.

Baixo investimento limita desenvolvimento vacinal no Brasil

Antes capaz de produzir seus próprios imunizantes para doenças cuja cura está descoberta há bastante tempo, o Brasil passa por uma crise de financiamento que atinge sua capacidade produtiva no ramo. Como mostrou o Estadão, além da diminuição das verbas do ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, há ainda uma baixa taxa de execução do que lhe é garantido. “O que foi efetivamente gasto mostra a perda de prioridade dos investimentos em ciência nos últimos anos, com liberação efetiva de recursos passando de 55% em 2019 para 50,8% em 2020, 40% em 2021 e apenas 30% até junho de 2022”. Uma política irresponsável, uma vez que além de produzir vacinas anticovid o país precisa de seu complexo farmacêutico apto a preparar imunizantes para outras eventualidades epidemiológicas.

Em defesa dos Núcleos de Atenção à Saúde da Família

Participantes da Oficina “O trabalho em equipe multiprofissional na Atenção Primária em Saúde (APS): ainda há lugar para o NASF”, no 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva da Abrasco, produziram um manifesto em defesa dos Núcleos de Atenção à Saúde da Família (NASF), instrumento essencial da Atenção Primária em Saúde e fundamental na conexão do SUS com grande parte de seus usuários. “Estudos têm demonstrado efeitos negativos do Programa Previne Brasil (atual modelo de financiamento da Atenção Básica brasileira) na cobertura e escopo de ações e serviços da AB, com redução no quantitativo de equipes NASF em todo o País; adoção e indução de modelo de atenção médico-centrado e focado na atenção às condições agudas; e fragilização das ações de promoção à saúde e prevenção de doenças e agravos”, destaca a carta publicada no site da Abrasco. O documento também elenca uma série de políticas públicas de aprofundamento das NASF e valorização de seus profissionais.

Os tipos de câncer que mais afetarão brasileiros até 2025

Projeção do Instituto Nacional do Câncer listou 21 tipos de cânceres que deverão incidir no brasileiros nos próximos três anos. Trata-se de mais uma pauta fundamental para o sistema de saúde, uma vez que a pandemia e seu isolamento social causaram um recuo geral de consultas, exames e diagnósticos desta e outras doenças, que certamente serão retomados em maior volume a partir de 2023. Mas há outros motivos que explicam o aumento da incidência da enfermidade no país. “A população aumentou e envelheceu, e a idade é um dos fatores de risco. Também temos que levar em consideração o estilo de vida do brasileiro, que é cada vez menos saudável em relação à alimentação e atividade física. Já um ponto positivo que interfere nos números é que o diagnóstico tem sido feito mais precocemente e de forma mais específica para cada tipo de tumor, além de um maior número de brasileiros agora ter acesso aos exames”, enumerou Pedro Exman, oncologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, à BBC Brasil.

Europa já enfrenta “epidemia de câncer” pós-pandemia

Especialistas alertaram que a Europa enfrenta uma “epidemia de câncer” e deve tomar medidas urgentes para impulsionar o tratamento e a pesquisa. Segundo matéria do jornal O Globo, cerca de 1 milhão de diagnósticos foram perdidos durante a pandemia e 100 milhões de testes e rastreamentos deixaram de ser feitos. O relatório European Groundshot – Addressing Europe’s Cancer Research Challenges: a Lancet Oncology Commission, reuniu uma ampla gama de pacientes, cientistas e especialistas em saúde com conhecimento detalhado sobre o câncer em toda a Europa. Eles recomendam um aumento de investimentos governamentais em saúde para atingir a meta de garantir 70% de sobrevivência dos pacientes diagnosticados até 2035.

Resultados históricos de medicamento para Alzheimer
Pesquisa divulgada pelo New England Journal of Medicine anunciou o primeiro resultado bem sucedido de um medicamento contra a doença de Alzheimer. O lecanemab ataca a chamada beta-amilóide, espécie de gosma que se instala no cérebro e impede as conexões neurais, o que dá vazão à doença. Hemorragias, inchaço e outros danos colaterais foram verificados em quase metade dos voluntários testados, mas essa foi a primeira vez em que um fármaco conseguiu estancar o avanço do Alzheimer, no caso, em cerca de um quarto do tempo usual. “Estamos vendo o início de tratamentos contra o Alzheimer”, disse John Hardy, em matéria da Folha. Há cerca de 30 anos, ele foi um dos primeiros a propor tratamentos que atacassem a proteína amilóide.

Leia Também: