Não uma pandemia, mas uma sindemia

Para editor do periódico The Lancet, não é possível combater covid-19 sem atacar doenças não-transmissíveis – e, para todas elas, reversão de disparidades sociais é primordial

Rua de Paraisópolis, na zona sul da cidade de São Paulo | Foto: Ponte Jornalismo
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Neste fim de semana a BBC pôs em destaque um artigo publicado em setembro por Richard Horton, editor da revista The Lancet, que na época passou batido nos principais meios de comunicação. Ele argumenta que não adianta tratar a crise da covid-19 como uma pandemia porque na realidade se trata de uma sindemia – e sindemia é quando duas ou mais doenças interagem de tal forma que causam danos maiores do que a mera soma dessas duas doenças. 

Temos a covid-19 junto com uma série de doenças não-transmissíveis (DNTs), sendo que estas últimas são agravantes da primeira. Assim, atacar as DNTs seria pré-requisito para uma contenção bem-sucedida do novo coronavírus: “Abordar a covid-19 significa abordar a hipertensão, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas e câncer”, escreve o autor, ressaltando que essas doenças não são uma agenda apenas das nações mais ricas. Aliás, ele sublinha a taxa desproporcional de doença e morte (tanto por covid-19 como por DNTs) na população de baixa renda e de minorias étnicas. “Não importa quão eficaz seja um tratamento ou quão protetora seja uma vacina, a busca por uma solução puramente biomédica contra a covid-19 vai falhar”; alerta. E conclui: “A menos que os governos elaborem políticas e programas para reverter profundas disparidades sociais, nossas sociedades nunca estarão verdadeiramente protegidas da covid-19”.

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