Tuberculose: Brasil não vai bater metas de redução

Casos e mortes aumentaram entre 2018 e 2019. Doença é prevenida por BCG, que teve menor cobertura em 25 anos. Relatório da OMS aponta esforço global insuficiente – quatro mil pessoas morreram por dia no ano passado

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A OMS lançou ontem seu relatório anual sobre tuberculose e, para o Brasil, a conclusão é que não vamos alcançar as metas de redução de casos e mortes pela doença. “Surpreendentemente, podemos ver, nos últimos dois anos, aumento na incidência de tuberculose no Brasil“, afirmou Tereza Kasaeva, diretora do programa global de tuberculose da OMS. Segundo o G1, passamos de 95 mil casos e 4,8 mil mortes em 2018 para 96 mil casos e 6,7 mil mortes em 2019. Considerando que se trata de uma doença tratável, é bem preocupante ver as mortes crescendo ainda mais do que as infecções.

É bom lembrar que a tuberculose pode ser prevenida com a vacina BCG, dada a recém-nascidos. E que em 2019 essa vacina teve a menor cobertura da série histórica: só 85,1% dos bebês foram imunizados. Em 25 anos, essa foi a primeira vez que a meta de 90% de cobertura não foi atingida. 

A estratégia de redução da tuberculose no mundo, estabelecida em 2014, incluía uma diminuição de 20% na incidência da doença e uma queda de 35% nas mortes de 2015 a 2020. Por enquanto, a Europa e a África estão conseguindo bons resultados – embora os números ainda sejam muito altos nesse último continente. Apesar dos avanços locais, a média global é ruim. Dez milhões de pessoas pegaram a doença no ano passado e 1,4 milhão morreram, o que dá quase quatro mil mortes por dia. Em parte, por falta de diagnóstico e a consequente falta de tratamento. Em parte, por resistência microbiana: quase meio milhão de pessoas foram diagnosticadas com tuberculose resistente a medicamentos, e menos de 40% delas conseguiram obter remédios adequados. A maior parte dos casos está no Sudeste Asiático (44%), na África (25%) e no Pacífico Ocidental (18%). A incidência é menor nas Américas (2,9%) e na Europa (2,5%).

A preocupação obviamente aumenta com a pandemia e, segundo a OMS, no ano que vem o número de mortes por tuberculose pode aumentar em 400 mil. Se isso acontecer, vamos regressar aos números de 2012.

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