Malária: outra doença da pobreza avança com a covid

Número de mortes cresceu 11% em 2020, chegando a 627 mil. Pandemia afetou tratamentos e crise só não foi maior devido às agências de Saúde pública. Crise não causa alarde, pois 96% dos óbitos ocorrem na África Subsaariana

Lordina Dadzie, de seis meses de idade, recebe uma dose da vacina RTS,S contra a malária na clínica Breman-Amanfopong, em Gana, em 2019. Imagem: Francis Kokoroko
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Ainda bem que o pior cenário não aconteceu: não houve um aumento catastrófico dos casos de malária, como havia previsto a OMS (Organização Mundial da Saúde) no início da pandemia. Os serviços de atendimento aos pacientes da doença foram de fato interrompidos pela covid, o que agravou a situação, especialmente na África Subsaariana. Aí ocorreram cerca de 95% dos casos globais e 96% das mortes em 2020, sendo 80% das mortes entre crianças de até 5 anos.

Vai ser preciso ação urgente, avalia a OMS, para controlar a doença, que já vinha dando sinais preocupantes, em 2019. O efeito da pandemia não foi pequeno: as interrupções na oferta de prevenção, diagnóstico e tratamento da malária responderam por dois terços das mortes adicionais. O número de casos cresceu 5,8%; e o de óbitos, 11%. Em 2020, foram 241 milhões de casos e 627 mil mortes no mundo.

A OMS afirma que a atribulação não foi maior graças às medidas urgentes tomadas por muitos países para reforçar seus programas de malária. “Graças ao árduo trabalho das agências de saúde pública”, comemorou Tedros Adhanon, diretor da organização. “Precisamos aproveitar essa energia”, conclamou ele, para acelerar novamente o combate à doença.

Até 2017, o enfrentamento avançava. Desde 2000, verificou-se uma redução de 27% na incidência global da doença e de quase 51% na taxa de mortalidade. Desde então o progresso estancou. Para a OMS, o bom caminho, agora, consiste em garantir um acesso melhor e mais equitativo a todos os serviços de saúde, fortalecendo a atenção primária e aumentando os investimentos nacionais e internacionais.

Em parte por isso, cita a OMS, alguns países contornaram bem os atropelos pandêmicos e marcaram pontos contra a malária, nesse período. China e El Salvador ficaram livres de malária em 2021, recebendo os devidos certificados sanitários. A República Islâmica do Irã chegou a 3 anos consecutivos de zero casos em 2020. Os seis países da região do rio Mekong, no Sudeste Asiático, continuam a obter declínios impressionantes no número de casos.

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