Madri: os protestos pela saúde pública continuam

• A Espanha levanta-se novamente pela saúde pública • Movimentos de Madri planejam grande ato • Bolsas do CNPq podem ter aumento de 40% • Fiocruz desenvolve remédio nacional contra covid • TikTok investe no ramo na saúde • A relação entre demência e isolamento •

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“É o momento, agora ou nunca”. Sob esse lema, movimentos pela saúde, entidades, profissionais e cidadãos seguem se manifestando pelas ruas da capital espanhola, com o objetivo de “salvar a Atenção Primária”. A organização dos atos, composta por associações como a Sociedade Espanhola de Médicos da Atenção Primária (Semergen), afirma que “a saúde está em perigo de extinção” na metrópole – mas também em outras regiões da Espanha, que vêm sofrendo com a falta de médicos e profissionais para uma alta demanda de atendimentos. O problema, segundo as organizações, está ligado às baixas contratações por parte do governo e aos baixos salários oferecidos aos profissionais que decidem seguir carreira no setor público de saúde. Assim como está ocorrendo no Reino Unido, trabalhadores do setor relatam jornadas exaustivas, atendimento precário e falta de estrutura e equipamentos. 

Grande mobilização marcada para 12 de fevereiro

Após o sucesso da marcha de 13 de novembro, movimentos em defesa da Saúde Pública convocaram uma nova grande manifestação para o dia 12 de fevereiro. No final de 2022, o que levou moradores de assembleias de bairros e profissionais da saúde para as ruas foi o colapso de alguns centros de saúde e a operação disfuncional de postos de atenção primária com profissionais insuficientes. Segundo as organizações, nada melhorou desde então – o que motiva as novas mobilizações. O governo da região de Madri, chefiado pela conservadora Isabel Díaz Ayuso (Partido Popular), não autorizou novas contratações. Os médicos da Atenção Primária decretaram greve por tempo indeterminado. 

Ricardo Galvão planeja aumento de bolsas de mestrado

Físico e cientista perseguido durante o governo de Jair Bolsonaro, Ricardo Galvão assumiu a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) nesta semana. Galvão afirmou que o órgão estuda promover um reajuste de 40% para bolsas de pesquisa, mestrado e doutorado. Hoje, uma bolsa de mestrado tem valor em média de R$ 1.500, o que impossibilita pesquisadores de se dedicarem exclusivamente ao trabalho científico. Lula já havia sinalizado que haveria um aumento, após afirmar que a pesquisa no Brasil não poderia avançar enquanto seus autores estivessem “preocupados com o que vão comer”. “[Governo Bolsonaro] que empreendeu verdadeiro desmonte das políticas públicas em diversas áreas. No dia de hoje viramos essa página triste de nossa história com a convicção de que a ciência voltará a promover grandes avanços para a nossa sociedade”, declarou Galvão ao tomar posse. 

Fiocruz estuda medicamento antiviral contra a covid-19

A Fiocruz, em parceria com a empresa Microbiológica e o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), está trabalhando no desenvolvimento de um antiviral de uso oral contra a covid-19. A substância foi chamada de MB-905 e, em um primeiro momento, demonstrou eficácia para inibir a replicação do coronavírus em células humanas do fígado e dos pulmões, além de auxiliar a frear o processo inflamatório desencadeado pelo vírus. A pesquisa já foi publicada na revista científica Nature Communication e o dossiê pré-clínico foi encaminhado para a Anvisa – após a aprovação do órgão será possível dar início aos primeiros testes clínicos. “Nosso objetivo é que essa substância possa se tornar um antiviral inovador, desenvolvido no Brasil desde a sua concepção”, explicou Thiago Moreno, um dos autores principais do estudo. O pesquisador disse que, caso tenha sucesso, a substância entrará para o SUS com um custo mais baixo devido ao desenvolvimento e produção nacionais – um exemplo em prol da independência tecnológica do setor público de saúde brasileiro.


TikTok compra rede hospitalar chinesa

A Amcare Healthcare, cadeia hospitalar presente em Pequim, Xangai e Shenzhen, foi comprada pela ByteDance – empresa dona do TikTok – por 1,5 bilhão de dólares. Trata-se de mais um grande investimento de uma Big Tech no setor privado da saúde – movimento em alta entre as gigantes da tecnologia, como Amazon e Google. A ByteDance já está no setor, atuando especialmente no ramo de consultas digitais e clínicas offline. Na China, de acordo com dados do instituto de pesquisa chinês iiMedia Research, a receita geral do segmento médico-assistencial privado chegou a 1,11 trilhão de dólares em 2021, com um aumento anual de 8,1% em relação ao ano anterior. 

Encontrada relação entre demência e isolamento social

Um estudo publicado no Journal of the American Geriatrics Society indicou que adultos socialmente isolados tinham 28% mais chances de desenvolver demência durante um período de 9 anos, independentemente de raça ou etnia, em comparação com pessoas que não eram socialmente isoladas. A pesquisa utilizou dados de 5.022 adultos de idade mais avançada nos Estados Unidos; 1.172 deles (23,3%) foram classificados como socialmente isolados: moravam sozinhos, não tinham duas ou mais pessoas com quem pudessem discutir assuntos relevantes ou participaram de atividades que exigem convívio social. Os cientistas observaram que existe uma forte associação entre o isolamento social e fatores de risco para a demência, como hipertensão, doença cardíaca coronária e depressão. Além disso, a falta de envolvimento social tende a causar uma redução na atividade cognitiva. 

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