Procura por medicamentos para saúde mental continua a crescer no Brasil

• A explosão da venda de antidepressivos • A importância social dos dados de saúde • El Niño: dias quentes virão • Por que não se pesquisa sobre endometriose? • Dieta infantil em análise • Encarcerados eram cobaias nos EUA em 1960 •

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O Conselho Federal de Farmácia revelou que a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor cresceu 58% entre 2017 e 2021 – o que, segundo especialistas, evidencia que a população com algum problema relacionado à saúde mental tem recorrido imediatamente e principalmente aos fármacos. Um levantamento divulgado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstrou que o Brasil é um dos países mais depressivos e ansiosos do mundo: cerca de 5,8% da população sofre com a depressão e 9,3% possui problemas de ansiedade. Esses medicamentos alteram medidores químicos, substâncias produzidas pelo organismo – como serotonina e dopamina – responsáveis pelos estágios de humor.

Márcia Castro: “sem dados não há políticas públicas”

“É a informação que permite o planejamento de políticas públicas e programas visando a garantia dos direitos constitucionais”, escreveu, em artigo para a Folha de São Paulo nesta segunda (16/1), a chefe do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública de Harvard, Márcia Castro. A especialista reafirmou que a coleta detalhada de dados –  trabalho feito no Brasil pelo DataSUS e IBGE, por exemplo – permite a identificação de grupos e localidades mais vulneráveis, possibilitando a implementação de ações que “busquem a equidade”. Veículos de comunicação diversos vieram denunciando irregularidades nos dados divulgados pelo ministério da Saúde durante o governo de Jair Bolsonaro.

Com El Niño somado às mudanças climáticas, 2023 será muito quente

O La Niña, fenômeno responsável pelo resfriamento das águas do Pacífico e pela consequente queda das temperaturas – com secas em alguns países e altas precipitações em outros – chegou ao fim. Segundo cientistas, a corrente foi responsável por amenizar o calor no mundo, que tende a aumentar devido às mudanças climáticas. Agora, cientistas expõem sua preocupação diante da volta do El Niño, no final de 2023 – que, oposto ao La Niña, tende a causar o aumento de temperaturas. Somado ao efeito estufa, o fenômeno deve causar “ondas de calor sem precedentes”, com a maior incidência de temperaturas extremas como as que ocorreram no Paquistão e na Índia em 2022. O ano mais quente registrado na história, 2016, foi impulsionado por um grande El Niño.

Endometriose: tratamentos para a doença não têm novidades em 25 anos

A condição afeta 190 milhões de mulheres no mundo e caracteriza-se pelo crescimento do tecido endometrial fora do útero. Raúl Gómez, pesquisador principal do Grupo de Investigação de Terapias para Endometriose e Câncer de Endométrio do Health Research Institute (Incliva), afirmou ao El País que os tratamentos contra a doença utilizam há mais de duas décadas as mesmas estratégias, que geralmente envolvem terapia hormonal. As pequenas variações de tratamento provém de estudos recentes realizados em pacientes. Segundo o pesquisador, a doença, que causa fortes dores crônicas, nunca recebeu a atenção merecida. Quando há cirurgia sem a retirada completa do órgão, a reincidência da doença após 5 anos é de 40% a 50%, segundo um estudo do Hospital União China-Japão da Universidade Jilli, publicado na revista científica Frontiers.

Cardápio infantil: a permanência de uma dieta indigesta

Nuggets, batata frita, bife e macarrão na manteiga: esses são os pratos mais comuns encontrados nos restaurantes para o “menu infantil”.  Frutas, legumes e verduras raramente constam no cardápio para os pequenos, mesmo em restaurantes renomados e inovadores. Uma reportagem de O Joio e o Trigo revela que os pratos voltados para crianças passam longe do Guia Alimentar para a População Brasileira – com sua composição formada, muitas vezes, por ultraprocessados. Em 87,9% dos 74 pratos analisados de 46 estabelecimentos pelo Maternidade sem Neura, somente um ou dois grupos alimentares estavam representados – carboidratos e alguma carne. O problema, segundo a reportagem, não é exclusivo do Brasil. 

1960: os testes antiéticos em presidiários nos EUA

A Universidade da Califórnia (UCSF) passou a empregar novos métodos de pesquisa com a finalidade de investigar casos de má conduta científica ocorridos há anos. Em dezembro, o primeiro relatório produzido pelo programa foi divulgado, após a análise de mais de 7 mil documentos. Pesquisadores analisaram casos de experimentos questionáveis feitos com prisioneiros de um hospital penitenciário estadual em Vacaville, na Califórnia, entre as décadas de 1960 e 1970 – quando cerca de 2,6 mil presos foram expostos a pesticidas, herbicidas e a remédios com potenciais efeitos colaterais. As substâncias eram aplicadas na pele dos detentos e injetadas na veia para aferir eventuais reações no organismo humano. A maioria dos detentos tinha alguma doença psiquiátrica, motivo pelo qual estavam no hospital. A participação, voluntária, era recompensada com 30 dólares por mês.

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