Gonzalo Vecina: planos de saúde tem “modelo suicida”

• Transplantes aumentaram 7% em 2023 • Butantan pede registro de sua primeira vacina • Lobby por remédios para emagrecer no SUS • Mortes no trânsito aumentam para pedestres • Psicodélicos terapêuticos •

Foto: TV Cultura
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Em entrevista ao Uol, o ex-presidente e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Gonzalo Vecina opinou que o atual “modelo suicida” dos planos de saúde precisa ser revisto com urgência. O sanitarista acredita que a conta simplesmente não está fechando, e pinta o seguinte quadro: “Os hospitais, para continuar existindo, têm que gerar receita, ou seja, despesa para a operadora. As operadoras querem continuar ganhando o que sempre ganharam, e não querem se preocupar em tentar rever” seu negócio. Até aqui, ele aponta, “esse crescimento absurdo dos custos, até agora, foi pago pelos compradores. Subiu 18%? Eu pago. Subiu 20%? Eu pago. Só que chegou em um ponto que os compradores não querem mais pagar”. A judicialização em massa seria só um sintoma desse quadro. A solução? “Montar um sistema de operação de ações de serviços de saúde, em que vamos tentar que os serviços solicitados e prestados gerem, de fato, saúde e não lucro ou prejuízo”, avalia Vecina.

SP: Transplantes retomam o nível de 2018

As medidas implementadas para combater o caos da fila de cirurgias no pós-pandemia parecem estar funcionando: de acordo com dados da Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo, os procedimentos do tipo aumentaram em 7% em 2023, na comparação com os registros do ano passado. Houve um total de 7,2 mil transplantes, o que resulta na maior quantidade desde 2018 – os números passaram por grandes reduções, especialmente em 2020 e 2021, por conta da grande desorganização no combate ao coronavírus promovida pela administração federal. Dois outros dados paulistas do último ano também sugerem melhores horizontes para os transplantes de órgãos: a grande redução das recusas familiares à doação dos órgãos de seus entes queridos e o maior número de doadores do período recente.

Vacina para chicungunha do Butantan a caminho

O Instituto Butantan pediu à Anvisa nesta terça (12) o registro da primeira vacina contra a chicungunha, desenvolvido pelo centro de pesquisas paulista em parceria com uma farmacêutica da Europa. A ideia é que o imunizante, que produziu anticorpos em 98,8% dos participantes de seus estudos clínicos, seja analisado em conjunto pelas autoridades sanitárias brasileiras e europeias. A necessidade de vacinação da população contra o vírus se tornou mais clara após a identificação de um aumento de 142% nos casos de chicungunha só no estado de SP. Nesta semana, o Ministério da Saúde também criou a Sala Nacional de Arboviroses, para preparar melhor a resposta a essas infecções – que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), devem seguir crescendo, em decorrência dos efeitos das mudanças climáticas.

Como o lobby busca trazer o “irmão do Ozempic” para o Brasil

Uma gigante farmacêutica europeia e seu país de origem podem estar comprando deputados brasileiros para fazerem lobby de seus produtos. A apuração é de Mariana Costa, d’O Joio e o Trigo, que rastreou viagens dos parlamentares Zacharias Calil (União Brasil – GO), Silvia Cristina (PL-RO), Daniel Soranz (PSD-RJ), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Lucas Redecker (PSDB-RS), Kim Kataguiri (União Brasil-SP), Rosângela Moro (União Brasil-SP) e Marcos Pontes (PL-SP) rumo à Dinamarca, com tudo pago pela embaixada. Ali, eles visitaram as instalações da Novo Nordisk, desenvolvedora de remédios para emagrecer como Ozempic, Saxenda e Wegovy – este último, ainda não disponibilizado no Brasil. A empresa deseja que o SUS incorpore seus produtos, mas o Ministério da Saúde pensa diferente. Os deputados e senadores citados podem ser convencidos a dar uma “forcinha” à farmacêutica. A reportagem completa vale ser lida.

OMS alerta para mortes no trânsito

De acordo com um novo relatório publicado anteontem (13/12) pela OMS, o mundo ainda registra 1,2 milhão de mortes no trânsito por ano. Apesar disso, a cifra representa um avanço, mesmo que pequeno, em relação aos anos anteriores. Desde 2010, os óbitos totais caíram em cerca de 5%. Por outro lado, eles passaram a pender cada vez mais para o lado vulnerável – enquanto caíram entre motoristas, se ampliaram em 3% entre pedestres (23% do total) e 20% entre ciclistas (6% do total). Dez países foram considerados modelos pela OMS, por terem alcançado reduções de mais de 50% nos acidentes com as políticas públicas que implementaram: Belarus, Brunei, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Japão, Lituânia, Noruega, Rússia, Trinidad e Tobago e Venezuela. O documento completo pode ser lido aqui.

Terapias psicodélicas avançam nos EUA e no Brasil

A utilização de psicodélicos para fins psicoterápicos teve dois notáveis avanços na última semana. Nos Estados Unidos, o uso de MDMA para tratar o transtorno de estresse pós-traumático está mais próximo de ser disponibilizado para a população – os desenvolvedores do estudo fizeram na terça-feira (12/12) a requisição de registro do medicamento à FDA, autoridade sanitária norte-americana. A expectativa é de que haja uma resposta em até 12 meses. Já no Brasil, estudiosos da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) aguardam a aprovação da Anvisa para a importação da psilocibina: sua intenção é fazer a primeira pesquisa com a substância dos cogumelos alucinógenos em nosso país, investigando sua utilidade no combate à depressão. O Comitê de Ética da UNILA já deu o seu aval e, com a anuência da autarquia federal, o estudo deve ter início no primeiro trimestre de 2024.

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