Debate sobre licença-paternidade avança no Brasil

• Licença-paternidade e saúde dos bebês • Marina Silva, personalidade do ano da Nature • Política Nacional de Cuidados Paliativos • Ato defende parâmetros da Reforma Psiquiátricas • OMS envia ajuda para hospital em Gaza •

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Após decisão do STF que obriga o legislativo a formular uma lei sobre licença paternidade em até 180 dias, a fim de superar a atual regra, que concede apenas 5 dias de afastamento para pais de crianças recém-nascidas, parece que uma nova frente deste debate sobre equidade se abriu. “O maior envolvimento do pai está associado à diminuição dos problemas comportamentais, melhor desempenho cognitivo e melhores habilidades de regulação emocional. Por outro lado, um envolvimento menor foi associado com maior chance de comportamentos agressivos, de maneira independente da qualidade da relação entre a criança e a mãe”, afirmou Rodrigo Darouche Gimenez, psiquiatra do Hospital e Maternidade Santa Joana, ao Estadão. Na reportagem, é possível conhecer os nascentes esforços para criar condições de um compartilhamento mais igualitário entre pai e mãe no cuidado de um bebê. Além de permitir um desenvolvimento mais saudável de todos os familiares, não apenas da criança, uma licença ampliada para pais também pode contribuir para a afirmação de novas relações de trabalho entre empregadores e homens que partilhem desta responsabilidade, com benefícios para a mulher também no aspecto individual e profissional.

Marina Silva na lista de influentes para a ciência da Nature

Há mais de dez anos, a prestigiosa revista Nature elege dez pessoas que mais contribuíram para a ciência no último período. Na semana passada, saiu a lista de 2023, com uma surpresa: o nome de nossa ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. A ela é atribuída a “mudança de maré” no que diz respeito ao combate ao desmatamento, no Brasil. A revista exalta seu esforço em reconstruir instituições ambientais que foram enfraquecidas no governo Bolsonaro. E também seus resultados: em agosto, Marina anunciou a redução de 43% nos alertas de desmatamento com base em imagens de satélite na floresta amazônica. A revista também alerta para as quedas de braço que acontecem hoje nesse sentido – em especial as tentativas de extrair petróleo da Amazônia, defendidas por parte do governo Lula. Entre outras personalidades destacadas pela Nature, estão Kalpana Kalahasti, engenheira indiana que contribuiu para as missões espaciais de seu país e Halidou Tinto, cientista da Costa do Marfim que foi crucial para a elaboração de mais uma vacina para a malária. Há também, pela primeira vez, um não-humano na lista: o Chat GPT foi escolhido por representar uma grande mudança para a ciência – com todos os riscos que também representa.

Ministério oficializa nova especialidade em saúde

Foi aprovada, nesta quinta, 14/12, a Política Nacional de Cuidados Paliativos. Isso significa o reconhecimento, pelo Estado brasileiro, de mais um ente da integralidade do SUS: o escopo de terapias e especialidades profissionais abarcado pelo sistema público de saúde. Desta forma, o Ministério da Saúde prevê investimentos de até R$ 851 milhões no SUS, a fim de capacitar e ampliar a rede de cuidados paliativos, que atualmente não atingem 10% dos municípios. Já existem normas determinando o acesso a tal tipo de cuidado desde 2002, no entanto, o país ainda carece de formação especializada, que só apenas recentemente começou a avançar, tanto em instituições públicas como privadas.

“Precisamos de uma capacitação em massa, educar a população e, principalmente, os profissionais de saúde para que entendam que os cuidados paliativos são uma boa prática de saúde, melhoram a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes”, disse Rodrigo Kappel Castilho, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Como explicou Julieta Fripp, médica e dirigente da Frente Paliativista, ao Outra Saúde, “Cuidados paliativos são estratégias de melhora da qualidade de vida de pessoas que têm doenças que ameaçam tal qualidade, desde o diagnóstico. Devem ser ofertados a todos, nos aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais, se estendem a seus familiares e à fase de luto. Deve-se cuidar da pessoa adoecida e de seus familiares, todo seu entorno e integralidade na situação de adoecimento”.

Militantes fazem ato em defesa da Reforma Psiquiátrica

No contexto da 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada em Brasília na semana passada, movimentos sociais de saúde fizeram um ato na antiga torre de TV da Capital Federal. Saíram em defesa das políticas contemporâneas de abordagem de pessoas em situação de vício em drogas e à população de rua. Isso porque, com o aumento da pobreza e da exclusão social nos últimos anos, voltou a ganhar força o discurso favorável às internações compulsórias de populações indesejadas nos grandes centros urbanos, em especial em momentos de comoção a respeito de violência urbana e crimes associadas a esta população, a exemplo do Rio de Janeiro neste momento. Os manifestantes, em linhas gerais, pediram a implantação efetiva da Política Nacional de Saúde Mental e defenderam os princípios de acolhimento com tratamentos baseados na ciência. “A Saúde mental deve ser construída na luta da reforma psiquiátrica. Para nós, esta conferência deve propor a política que precisamos para que efetivamente a gente se fortaleça quanto aos retrocessos”, declarou Marisa Helena Alves, coordenadora da Conferência. “Chega de enxergar só a droga. Ninguém pergunta os motivos que te levaram até ela. Reivindicamos redução de danos, pois assim veremos o sujeito, e não somente a droga”, completou Laura Dias, do Movimento Nacional de População de Rua (MNPR) e ex-moradora de rua. 

OMS manda nova ajuda para Gaza

Em uma missão conjunta da ONU, em 16/12, representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) visitaram o Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza, em meio aos impactos devastadores das ações israelenses. A equipe entregou suprimentos médicos e avaliou a situação crítica nas instalações. O hospital, que já foi o principal de Gaza, enfrenta desafios alarmantes, operando com escassez de pessoal, falta de combustível, oxigênio e insumos médicos devido às condições impostas. Atualmente, oferece apenas serviços básicos de estabilização para traumas, enquanto as salas cirúrgicas e serviços essenciais permanecem inoperantes. A tragédia é agravada pela utilização do hospital como abrigo por milhares de deslocados, destacando a urgência de responsabilização e ações imediatas para aliviar o sofrimento da população sitiada em Gaza. A OMS afirma estar comprometida em continuar a fortalecer o Al-Shifa nas próximas semanas, buscando restaurar operações básicas e fornecer serviços essenciais em meio à crise humanitária exacerbada pelos ataques de Israel.

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