Avança PPP da atenção primária no Recife

• Privatização da Atenção Primária em Recife • Quais brasileiros mais morreram de covid? • O perigo da crise climática para crianças • Campanha para exposição ao sol segue sem regularização • OMS contra vapes • Adeus a Ennio Candotti •

Foto: Conselho Municipal de Saúde do Recife
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Na última quinta-feira (14/12), o Conselho Municipal de Saúde de Recife aprovou a proposta da Prefeitura de entregar a construção, manutenção e administração de 41 Unidades de Saúde da Família a uma parceria público-privada (PPP). Itamar Lages, diretor do Cebes Recife presente na reunião, relatou a Outra Saúde que a secretária de Saúde do município, Luciana Albuquerque, teria apresentado o plano de efetiva privatização da atenção primária como uma “expansão da saúde da família” que ajudaria a garantir 100% de cobertura na cidade – sem abordar frontalmente que “se estará transferindo recursos do SUS para empresas praticantes do rentismo”, ele diz. Albuquerque fez questão de destacar que contava com apoio do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), à proposta de PPP. 

Os mortos por covid-19 nos hospitais

O artigo Covid-19 inpatient mortality in Brazil from 2020 to 2022: a cross-sectional overview study based on secondary data, publicado no International Journal for Equity in Health e divulgado em português pela Agência Fiocruz, revisou dados de uma série de sistemas e cadastros públicos para responder: quem morreu de covid-19 nos hospitais brasileiros? As cinco pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública responsáveis pelo estudo identificaram que “indivíduos negros e indígenas, residentes em municípios de menor IDH e internados fora de sua cidade de residência, apresentaram maiores chances de mortalidade hospitalar”. Além disso, se confirmou mais uma vez a importância da vacinação contra o coronavírus, já que “as taxas ajustadas de mortalidade hospitalar foram significativamente reduzidas após a vacinação contra a covid-19 atingir uma cobertura razoável, a partir de julho de 2021”.

A “injustiça geracional” das mudanças climáticas

São muitas as maneiras pelas quais podem ser observados os problemas acarretados pelas transformações do clima da Terra nos últimos dois séculos. Um artigo de Disha Shetty no Health Policy Watch escolheu o instigante ângulo da “injustiça geracional” das mudanças climáticas, ressaltando o maior impacto de seus efeitos nas crianças. Um estudo estima que 20% dos óbitos infantis ligados ao calor ocorridos entre 2005 e 2014 não teriam acontecido sem o aumento das temperaturas no período. Além disso, existem fortes indícios de que as mudanças climáticas também multiplicam os riscos de partos prematuros, mortes fetais e casos de pré-eclâmpsia (hipertensão na gestação, que pode afetar o bebê). Apesar disso, apenas 23 dos 119 planos nacionais de ação climática revisados recentemente pelas Nações Unidas apresentam propostas concretas para a proteção de crianças e mães – problema que deve ser corrigido com urgência.

Quando se regulamentará a prevenção à exposição ao sol?

Uma reportagem da Agência Brasil lembra que apesar de sancionada pelo presidente Lula em março, há nove meses, a lei da Campanha Nacional de Prevenção da Exposição Indevida ao Sol ainda não foi regulamentada. Por isso, as ações de conscientização da população e de facilitação do acesso ao protetor solar ainda não se tornaram obrigatórias. A incidência solar, no contexto de chegada do verão e de auge dos efeitos das mudanças climáticas, só crescerá. Entidades da sociedade civil reivindicam que as autoridades acelerem o processo de regulamentação, lembrando que o câncer de pele é a doença oncológica mais comum do país – entre as mulheres, é a com mais diagnósticos em todas as regiões do Brasil. O Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos da agência de notícias sobre os motivos da demora na regulamentação.

OMS quer proibir cigarros eletrônicos, principalmente de sabor

Na semana seguinte à autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uma nova consulta pública em torno da regulamentação dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), a Organização Mundial da Saúde (OMS) lança um recado contundente: cigarros eletrônicos precisam ser banidos – ou, no mínimo, deve haver medidas duras de contenção de seus impactos. O comunicado da OMS enfatiza os efeitos negativos duradouros que os vapes e similares podem ter nos mais jovens, e relata que “há um crescimento alarmante no uso de cigarros eletrônicos entre crianças e jovens, em alguns países ultrapassando o uso entre adultos”. Por isso, caso não se opte pela proibição total, a agência multilateral recomenda a proibição dos sabores nos DEFs, sua taxação e a limitação de sua concentração de nicotina.

O adeus a Ennio Candotti

Revista Pesquisa Fapesp publicou um pequeno memorial para Ennio Candotti, escrito por Felipe Floresti, que conta um pouco da vida do ex-presidente da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) por quatro mandatos, falecido no último dia 6 em Manaus. O físico, nascido na Itália e naturalizado brasileiro em 1983, foi professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Candotti também foi criador das revistas Ciência Hoje e Ciência Hoje para Crianças, ambas iniciativas voltadas para a divulgação científica. No contexto de uma Reunião Anual da SBPC, o docente foi ainda um dos idealizadores do Museu da Amazônia (Musa), onde chegou a ser diretor-geral. Em todos os seus projetos, Candotti “era movido pelo ideal de que a educação científica é o caminho para o desenvolvimento do Brasil”, lembra o escrito, ao lamentar sua morte.

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