Farmácia Popular na mira

Para custear renda Brasil, nova aposta de Paulo Guedes é acabar com o programa que atendeu mais de 20 milhões de pessoas só no ano passado

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A apresentação do ‘Big Bang’ da equipe econômica, que aconteceria hoje, foi adiado. Motivo? Como sempre, faltou colocar na conta a política. Ontem, Paulo Guedes apresentou a Bolsonaro sua proposta de extensão do auxílio emergencial que, na prática, funcionará como uma ponte para o programa Renda Brasil, caso o pacote seja aprovado. Chegou ao valor de R$ 270. Não agradou. O presidente parece ter sido convencido de que é preciso apresentar um “meio termo” de R$ 300 à população e, segundo relatos colhidos pela Folha, pediu que Guedes volte à calculadora. 

Já o valor do benefício médio do Renda Brasil também não é um número redondo. A proposta da equipe econômica é que os R$ 190 do Bolsa Família, que atende cerca de 14,2 milhões de brasileiros a um custo anual de R$ 32,5 bilhões, subam para R$ 247. Para isso, será preciso reservar R$ 52 bilhões no próximo ano, pensando em um público-alvo de 24 milhões.

Guedes & cia querem tirar a diferença de R$ 20 bi extinguindo programas considerados “ineficientes”. De acordo com O Globoa tarifa social de energia elétrica está na mira. Segundo o Estadão, o foco são quatro programas: abono salarial (recriminado por contemplar todos os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos, inclusive jovens de classe média em início de carreira a um custo de R$ 20 bi); salário-família (atende trabalhadores formais e contribuintes da Previdência autônomos, de acordo com a quantidade de filhos); seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período em que a pesca é proibida; a equipe econômica tem dito que tem alto índice de irregularidades); e… Farmácia Popular.

Pois é. Essa novidade surgiu ontem. Para os técnicos do Ministério da Economia, o pecado do programa criado em 2004 é atender a população sem focalizar nos mais pobres – ou seja, seu caráter universal. No ano passado, o Farmácia Popular atingiu 21,3 milhões de pessoas – bem menos do que no auge, que aconteceu em 2017 quando beneficiou 22,9 milhões. O programa oferece medicamentos gratuitos ou com descontos de até 90%. E com um orçamento bem pequeno, de R$ 2,5 bilhões em 2020.

O repórter Mateus Vargas destaca que extinguir o programa significa passar por cima do Plano Nacional de Saúde, que vai até 2023 e tem como meta expandir o programa dos 75% de municípios com menos de 40 mil habitantes contemplados atualmente para 90%. “As farmácias credenciadas oferecem 35 medicamentos, sendo 20 gratuitos. Os produtos tratam hipertensão, diabetes, asma, doença de Parkinson, glaucoma, entre outras doenças. Os descontos também se aplicam a contraceptivos e fraldas geriátricas”, lista na reportagem.

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