Dia D do combate à dengue

• Dia para intensificar o combate à dengue • 2024, ano atípico • Consórcio do Nordeste planeja-se contra o mosquito • Nova política de combate ao câncer • Aliança Global pelos Cuidados • Vacina BCG não funciona em adultos •

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O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira que haverá um esforço conjunto com estados e municípios para tentar conter a epidemia de dengue que assola o país. O vírus está próximo de contabilizar 1 milhão de infecções, com 195 mortes e outras 672 em investigação. A ação contará com participação decisiva de agentes comunitários de saúde e agentes de endemias, peças chaves na execução da vigilância sanitária. Os profissionais de saúde deverão ir a casas e outros potenciais focos de reprodução do mosquito transmissor, a fim de orientar moradores a não deixar água parada em seus espaços residenciais e ajudar a eliminá-los, se necessário.

“Faço aqui um chamamento à sociedade, aos profissionais de imprensa, para que estejam conosco no Dia D – Brasil unido contra a dengue, no próximo sábado. Este é um momento de atenção não só das autoridades sanitárias, do Ministério da Saúde, mas também de toda a sociedade. Ainda que essa pauta esteja concentrada na saúde, há uma importante discussão interministerial para enfrentamento dessa doença a médio e longo prazo, para isso temos reforçado ações estruturantes, com o papel fundamental do presidente Lula nessa articulação”, explicou Nísia Trindade.

Novo momento histórico da dengue

Tal como afirmou o sanitarista Gonzalo Vecina ao Outra Saúde, a dengue tem uma explosão de casos diretamente relacionada com as alterações climáticas que tornam o planeta mais quente, contexto favorável à procriação de mosquitos, que inclusive têm se expandido para novas partes do mundo. “Por mais alertas que estivéssemos com fatores climáticos, a situação é atípica pelo aumento de casos em certas regiões, espalhamento para cidades pequenas e médias, circulação de novos sorotipos, como o 3 e 4, e prevalência do 2, para o qual a imunidade no país é menor”, afirmou Nísia.

Consórcio do Nordeste reúne-se com Nísia

Ainda nesta semana, Nísia se reuniu com o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, composto por todos os governos estaduais da região. A região é, por enquanto, a menos afetada pelo surto de dengue e a pauta do encontro era acelerar as estratégias de prevenção do vírus pelos estados, uma vez que especialistas concordam que o pico da doença pode se dar entre março e abril. O encontro contou com o apoio de diversas associações relacionadas à área da saúde, como o CFM e a Associação Médica Brasileira, além de ter recebido os conselhos dos secretários estaduais e municipais de saúde do Brasil. A ministra enfatizou a colaboração de entidades médicas e especialistas no combate à dengue, destacando a importância do guia de diagnóstico e manejo clínico. O governo anunciou mais R$ 23,5 milhões em ações de controle da dengue, que se somam aos investimentos de R$ 1,5 bilhão em todo o esforço de controle da epidemia.

Câncer, nova política e mudanças

Sancionada em dezembro, a Lei 14.758/23 pretende estabelecer novos parâmetros de prevenção e controle do câncer no Brasil. Com o envelhecimento da população, além da própria evolução da atenção primária em saúde, o número de diagnósticos de tipos diversos de câncer aumentará nos próximos anos, ainda que as taxas de cura também estejam em crescimento. Trata-se de uma mudança natural de perfil epidemiológico. Em entrevista à Rádio USP, Maria del Pilar Estevez Diz destacou a importância da prevenção permanente dos usuários do sistema de saúde e também a importância do avanço da informatização do SUS. “Tem duas questões: a primeira delas é a população realmente aderir aos exames preventivos, como a mamografia, o papanicolau e a consulta anual ao urologista (para prevenção do câncer de próstata). Outra questão é que aquelas pessoas que têm alguns sintomas que levam à suspeita de câncer devem fazer os exames rapidamente. Organizar prioridade nas filas dos exames”, aconselhou.

Brasil adere à Aliança Global pelos Cuidados

Debate ainda incipiente, uma política ampla de cuidados começou a ser concebida no país em 2023. Trata-se de um debate que pode tocar em raízes profundas de nossa organização social, divisão do trabalho, igualdade de gênero, entre outras questões. Nesta semana, foi realizado em Belém – PA, o encontro “Experiências de construção e territorialização de políticas e sistemas de cuidados na América Latina e no Caribe”, que contou com a participação dos Ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Social, da Igualdade Racial e das Mulheres, e tratou da chamada economia do cuidado.

Ao final do evento, o país anunciou sua entrada na Aliança Global pelos Cuidados, iniciativa da OMS que envolve variados governos e grupos da sociedade civil. “É uma iniciativa de alguns anos do governo do México e da ONU Mulheres que criou a Aliança Global pelos Cuidados. É uma plataforma com muita informação, com as legislações, políticas, estudos e análises existentes, para discussão e troca de experiências, o que potencializa um encontro como esse”, afirmou Lais Abramo, secretária de cuidados e família do ministério do Desenvolvimento Social.

Estudo refuta validade de vacina BCG em adultos

Uma pesquisa coordenada por Julio Croda, Margareth Dalcolmo e Marcus Lacerda, da Fiocruz, com resultados publicados na revista Lancet, atestou que a vacina BCG, que combate a tuberculose, não tem eficácia relevante em adultos. Trata-se da mesma vacina aplicada em crianças de até 5 anos – que neste caso garante bons resultados, com o adendo de prevenir também a meningite. No entanto, o imunizante perde sua capacidade de aumentar as defesas do corpo no caso do adulto. Em 2023, o Brasil incorporou o pretomanida ao rol de medicamentos ofertados no SUS, uma terapia que reduz o tratamento de tuberculose, doença negligenciada que voltou a crescer no país nos últimos anos, de 18 para 6 meses. Parte do estudo Brace, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, a pesquisa destaca a urgência de desenvolver novas vacinas para prevenir a tuberculose, especialmente em populações de alto risco. E também de que seja garantida a vacinação na idade correta, durante a infância.

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