Médicos Sem Fronteiras denunciam “guerra sem regras” de Israel

• MSF “perplexos” com a guerra em Gaza • A covid, quatro anos após primeiro caso • DF em colapso pela dengue • Integração de dados de brasileiros • Saúde nos presídios • Maconha legal na Alemanha, mas não nas farmácias •

Foto: Anadolu
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O secretário-geral da Médicos Sem Fronteiras (MSF), Christopher Lockyear, esteve na Palestina e se dirigiu ao Conselho de Segurança da ONU para relatar a barbárie que vêem os médicos que atuam em Gaza. Para ele, Israel vem travando uma “guerra de punição coletiva, uma guerra sem regras, uma guerra a qualquer preço”, onde “os militares israelenses desmantelam hospitais, um após o outro” e “trabalhadores médicos são alvejados, atacados e demonizados por atender aos feridos”. Multiplicam-se as “crianças feridas sem familiar sobrevivente”, diz Lockyear, e “as feridas psicológicas têm levado crianças tão pequenas como as de 5 anos a nos dizer que preferiam estar mortas”.

A MSF, como outras organizações, tem sido atingida diretamente. “Forças israelenses atacaram nossos comboios, detiveram nossos funcionários e destruíram nossos veículos com tratores, e hospitais foram bombardeados e invadidos”, denuncia Lockyear. Ele crê que “este padrão de ataques é intencional ou é um indicativo de incompetência negligente”. Frente a tudo isso, o líder da MSF se diz “perplexo” com o veto dos EUA à proposta de resolução do Conselho de Segurança da ONU que determinava um cessar-fogo em Gaza. O depoimento de Lockyear soma-se à crescente pressão de povos e Estados por medidas que ponham um basta no genocídio promovido por Israel.

Covid segue ameaçando saúde dos brasileiros

Quatro anos após o primeiro caso da doença no Brasil, uma série de especialistas entrevistados pelo Brasil de Fato consideram que ainda há uma série de entraves para controlar a covid-19 no país. Um deles é a ausência de uma sazonalidade tão clara quanto a da gripe comum. Outro, sua alta transmissibilidade, que, junto da imprevisibilidade de suas mutações, torna difícil a identificação de um “padrão de comportamento do vírus”. Os estudiosos ouvidos pela reportagem são unânimes: não é possível negligenciar o impacto que o coronavírus ainda tem na saúde da população brasileira, mesmo que a pandemia já tenha ficado para trás. Aliás, dados reunidos por O Globo revelam que, em 2024, a covid-19 já matou 10 vezes mais que a dengue. A arbovirose, contudo, causa mais hospitalizações e, por isso, tem sobrecarregado mais os hospitais no último período. Com mais de 38 milhões de casos e 709,9 mil mortes, a subnotificação continua a ser um problema devido à falta de testagem, dificuldades no isolamento e rastreamento de casos, e baixa vigilância genômica. Especialistas ouvidos pela Folha apontam a ausência de uma política pública de testagem eficaz em níveis municipal, estadual e federal.

Dengue leva Brasília ao colapso da rede hospitalar

Com alta histórica dos casos de dengue, Brasília parece ver sua rede hospitalar chegar ao limite de suas capacidades de atendimento da população. Segundo a CartaCapital, o governador Ibaneis Rocha classificou a atual situação como colapso, e acrescentou que a epidemia ainda não está em seu auge. São 84 mil casos frente a cerca de 5 mil no ano passado, um aumento exponencial que levou o governo da capital federal a contratar 741 profissionais de saúde e abrir 11 tendas de atendimento à população. A dengue já matou pelo menos 35 pessoas no DF, mas outras 73 mortes ainda estão sob análise. O Brasil pode alcançar até 4 milhões de casos de dengue neste ano, o que seria de longe o maior número da história e uma prova cabal da falha nas estratégias de combate ao mosquito. Atualmente, o país registra 762.542 casos prováveis de dengue, com 150 mortes confirmadas e 523 óbitos sob investigação.

MCTI e IBGE buscam acordo para integração de dados

A ministra Luciana Santos e o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, se reuniram na semana passada para discutir o estabelecimento de um acordo de cooperação técnica entre o MCTI e o IBGE. No encontro, Pochmann apresentou os esforços do Instituto que preside para criar um Sistema Nacional de Geociência, Estatística e Dados, para superar o que considera uma “colcha de retalhos de dados” na administração do país. Santos, por sua vez, acrescentou que o MCTI pode colaborar com a integração de dados por meio do Comitê Gestor da Internet e do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, instrumentos sob sua direção, trabalhando para que o Brasil possa “dar um passo adiante para ter soberania nos dados”. Juntos, os dois órgãos também deverão realizar uma pesquisa para avaliar o impacto das principais políticas de ciência e tecnologia tocadas pelo ministério.

Saúde forma 268 novas equipes para sistema prisional

A fim de melhorar a atenção primária em saúde no sistema prisional brasileiro, o ministério anunciou um aumento de 83,5% da quantidade de novas equipes de saúde para o sistema carcerário. Agora, o país totaliza 588 Equipes de Atenção Primária Prisional (eAPP), parte integrante da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional, instituída em 2014. As eAPP são formadas por médicos, enfermeiros, dentistas e profissionais de saúde mental, e atendem a critérios específicos, como o número de detentos e o perfil epidemiológico. Ficarão sob responsabilidade de estados ou municípios, a depender da forma como forem credenciadas no sistema prisional.

Alemanha legaliza maconha

Numa votação que contou com 407 votos favoráveis, 226 contrários e 4 abstenções, a Câmara Federal da Alemanha legalizou o consumo e produção de maconha em até três plantas, além da posse de até 25 gramas da erva em locais públicos. A lei favorece os clubes de consumo da substância, uma vez que para ter direito a fumar maconha será necessário se filiar a algum deles – que poderão ter no máximo 500 membros. A medida visa inibir o comércio de grande escala, uma vez que a legislação alemã se confronta com a de países vizinhos da União Europeia. Apesar de críticas de setores que esperavam uma legalização total, o movimento antiproibicionista alemão comemorou a vitória, que torna o consumo virtualmente acessível a todo maior de 18 anos. Para menores de idade e ambientes próximos de escolas, as restrições se mantêm. A legislação também inclui anistia para condenados por posse de drogas de menor grau, potencialmente revisando mais de 100 mil casos.

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