Brasil próximo de 1 milhão de casos prováveis de dengue

• 1 milhão com dengue em 2 meses • Arbovirose preocupa Peru • Alcoolismo mata mais brasileiros • Relógios “espertos” não medem glicemia • Febre de Lassa, doença negligenciada • Ultraprocessados contaminados por chumbo nos EUA •

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As cifras do Painel Nacional de Arboviroses apontam que estamos cada vez mais próximos da marca de 1 milhão de casos de dengue no Brasil. São 920.427 casos prováveis, segundo os dados da plataforma do Ministério da Saúde, além de 184 mortes confirmadas e 609 óbitos em investigação. Como explica a Agência Brasil, esses números representam um coeficiente de incidência de cerca de 450 casos para cada 100 mil habitantes. Os brasileiros de 30 a 39 anos têm sido os mais afetados pela doença, seguidos pelas faixas etárias de 40 a 49 anos e 50 a 59 anos. Já na divisão entre os gêneros, 55% dos casos de dengue até aqui foram identificados em mulheres e 45% em homens. O estado de Minas Gerais segue liderando o ranking de casos absolutos, mas passa para o segundo lugar, ultrapassado pelo Distrito Federal, quando se consideram os casos de forma proporcional à população das unidades federativas.

Peru decreta emergência sanitária por surto da doença

Nesta semana, o governo do Peru declarou emergência sanitária devido à situação da dengue, que já afeta 20 das 25 regiões do país. É mais um de nossos vizinhos latino-americanos, depois da Argentina, que sinaliza estar enfrentando uma batalha difícil com as arboviroses. 2023 havia sido o pior ano da dengue em quatro décadas para o Peru, com 270 mil casos e 445 óbitos. Porém, os dois primeiros meses de 2024 já notificaram 3 vezes mais casos que o mesmo período do ano anterior, o que sugere que o surto deste ano pode ser ainda mais grave e mortífero. Para frisar os desafios do atual quadro, um especialista indicou ao jornal La República, da capital peruana Lima, que o país tem uma taxa de mortalidade maior entre os infectados pela doença que nações como o Brasil e Argentina, apesar de registrar bem menos casos absolutos.

Mais brasileiros estão morrendo devido ao álcool

Um levantamento realizado pelo Estadão com dados do SUS identificou um grande aumento nos óbitos ligados ao uso abusivo de álcool no Brasil. O registro dessas mortes se acelerou especialmente após o início da pandemia da covid-19: durante a emergência sanitária, a média foi de 8,5 mil óbitos do tipo por ano, 33% a mais que em 2019. Particularmente entre os indivíduos com mais de 50 anos, o aumento foi mais grave, chegando a 38,7%. Se em 2010 esse grupo representava 49% das mortes associadas ao abuso do álcool, hoje ele chega a 65% dos casos. Também houve um crescimento da porcentagem de óbitos que corresponde às mulheres, mas os homens seguem representando 90% dos registros. A crise de saúde mental e o acesso facilitado ao álcool via delivery são apontados por especialistas como fatores que pesaram na multiplicação das mortes ligadas ao álcool – mas também é relevante refletir sobre o papel que a atomização social promovida pelo neoliberalismo pode ter cumprido nessa situação.

Anvisa não recomenda medição de glicemia por <i>smartwatch</i>

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou uma nota técnica que alerta contra o uso de smartwatches (relógios espertos, com aplicativos que medem dados e saúde) para a medição de glicemia. O documento justifica que “ainda não há estudos com evidências robustas sobre a segurança e o desempenho para esta indicação de uso”. Por um lado, a autarquia já deu sua aprovação a softwares de smartwatch que medem a pressão arterial e notificam ritmos cardíacos irregulares de seus usuários. Por outro, ela considera que a medição não-invasiva da glicemia pelo acessório “representa uma tecnologia em desenvolvimento, que não passou pelo processo regulatório sanitário”. A nota frisa que “não existe, até o momento, nenhum dispositivo desse tipo regularizado para medição não invasiva de glicose ou oximetria”, e pede que anúncios de produtos que alegam ter essa capacidade sejam denunciados à própria Anvisa.

Febre de Lassa se espalha pela África

Uma reportagem da Science lançada nesta semana apresenta em profundidade a crise silenciosa da febre de Lassa, uma doença viral que mata cada vez mais na África Ocidental mas segue desconhecida do grande público e é caracterizada como “a mais negligenciada das doenças negligenciadas”. Identificada há 50 anos, a enfermidade transmitida por roedores teve seu primeiro surto de relevância em 2018 – e não parou mais de crescer em número de infecções. Quatro países que nunca haviam registrado casos da doença a identificaram em seu território nos últimos anos. Diferentes estimativas põem os óbitos anuais causados pela febre de Lassa em 10 a 18 mil. Na Nigéria, a taxa de mortalidade entre os atingidos é de 17,9%. Em cinco breves pontos, este informativo da Médicos Sem Fronteiras explica o que é, como é transmitida e quais são os sintomas desta doença negligenciada. A febre de Lassa exige recursos urgentes para ser enfrentada, mas incide sobre uma das regiões mais pobres do mundo: uma solução para a crise ainda não está à vista.

Centenas de crianças contaminadas com chumbo nos EUA

Uma reportagem do New York Times revelou ontem um escândalo de contaminação de crianças por chumbo nos Estados Unidos. Os casos chegam às centenas – pelo menos 400, segundo o CDC. O problema está ligado a uma marca de apple sauce, um tipo de purê de maçã muito consumido pelos jovens dos EUA como lanche. Em uma planta industrial, o produto parece ter sido intencionalmente contaminado por cromato de chumbo, substância ilegalmente adicionada a alimentos para realçar sua cor. A adulteração só foi identificada porque uma família notou uma altíssima quantidade de chumbo nos resultados de um exame de sangue de sua filha de 3 anos. Diretrizes frouxas de regulação, bem ao gosto da indústria alimentícia, levaram as autoridades sanitárias estadunidenses a não testar o produto. Agora, 3 milhões de caixas de apple sauce serão recolhidas. O chumbo pode causar atrasos no desenvolvimento cognitivo das crianças afetadas – mas a real extensão dos danos talvez só seja conhecida em alguns anos.

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