Depressão em alta no Brasil

• Depressão pode chegar a 15% da população brasileira • Fumaça tóxica em Manaus • Enel: caos em SP põe pacientes em risco • Por que o estado dificulta aborto legal? • Tecnologia em Campina Grande • Para diminuir a fila de transplantes •

Foto: Global Health Intelligence
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O crescimento da depressão no país está tomando um ritmo alarmante. Se hoje 5,8% dos brasileiros, 11,7 milhões de pessoas, já sofrem com a doença (a maior taxa da América Latina, só atrás dos Estados Unidos nas Américas por inteiro), um estudo epidemiológico do Ministério da Saúde noticiado pela BBC  News Brasil estima que 15,5% da população poderá sofrer de depressão em poucos anos. O estigma, a ausência de um protocolo mais claro de atendimento a pessoas com o transtorno e os obstáculos ao tratamento de qualidade na rede pública são alguns dos fatores que especialistas têm apontado como agravantes dessa alta incidência da depressão. A questão de classe também guarda importante correlação com os transtornos mentais: a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou que o aumento dessas doenças a nível global está ocorrendo principalmente entre pessoas de baixa renda – o desemprego e a pobreza fazem crescer o risco de ficar deprimido.

Manaus irrespirável

Nos últimos dias, o ar do Amazonas voltou a ser tomado pela fumaça tóxica das queimadas criminosas promovidas pelos agentes do latifúndio agropecuarista. Segundo o portal Amazônia Real, por ter chegado à concentração de partículas de 440 ug/m³, o projeto Índice de Qualidade do Ar Mundial chegou a considerar o ar manauara como “perigoso à saúde humana”. A reportagem do site de jornalismo amazônico traz diversos relatos de trabalhadores de diversas idades e regiões do estado do Amazonas, que convergem em uma série de pontos: a sensação de calor, a falta de ar e as fortes dores nos olhos e na garganta. Como ressaltou um pesquisador da Fiocruz Amazônia, situações como essa podem levar ao desenvolvimento de doenças respiratórias – em especial nas crianças e idosos, problemas cardiovasculares e neurológicos podem vir à tona. O governador do AM Wilson Lima insiste no argumento de que a fumaça está vindo de outros Estados – se eximindo do trabalho de combater a crise e inocentando seus aliados e financiadores, os criminosos que causaram as queimadas.

Pacientes em risco com apagão em SP

São incontáveis os efeitos negativos da falta de energia em São Paulo desde a forte chuva no feriado da semana passada – que se prolonga com a inação da prefeitura, do governo do Estado e da empresa Enel, que assumiu o fornecimento dos serviços de luz desde a privatização da Eletropaulo. Reportagens lançadas nos últimos dias apontam para uma das situações mais aberrantes: a da saúde dos paulistas, gravemente prejudicada. Em um caso, medicamentos que custaram R$3,3 mil para a mãe de uma criança com problemas na glândula hipófise estragaram pela falta de condicionamento correto. O refrigeramento adequado se tornou impossível sem energia elétrica. Em outro exemplo, um jovem com Atrofia Muscular Espinhal (AME) teve que ser deslocado às pressas pelos familiares até uma região com luz, para que os aparelhos que o mantém vivo não parassem de funcionar. “Além de todo esse transtorno, nós tivemos o desgaste emocional. E se faltar energia na casa da minha mãe?”, diz uma parente do paciente. A omissão das autoridades e da empresa pode ser fatal.

SP dificulta aborto legal

Para a Defensoria Pública paulista, o governo do Estado de São Paulo não está garantindo os serviços de aborto legal previstos em lei. Diligências realizadas nos últimos meses pelo Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem) do órgão identificaram que nenhum dos hospitais públicos visitados que deveriam oferecer a interrupção de gravidez acima de 22 semanas – nos casos devidamente regulamentados pela legislação brasileira – efetivamente realizavam o serviço. Ainda segundo o Nudem, um dos equipamentos de saúde chega a orientar as pacientes a seguir com a gravidez. Em outro, a curetagem, que deixou de ser recomendada pela OMS há dez anos, ainda é realizada. Por isso, a DP apresentou uma ação civil pública acusando SP de ferir os direitos das mulheres que buscam o SUS ao não dar pleno acesso às orientações sobre o aborto legal. O MP já se manifestou de forma favorável à demanda por mais transparência sobre as informações acerca do aborto legal em SP.

Campina Grande, novo centro de tecnologia

Em viagem à Paraíba na semana passada, a ministra Luciana Santos, titular do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), viajou à Paraíba para o lançamento de duas iniciativas que expandem a infraestrutura científica do estado nordestino. A primeira é uma expansão do Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB), em Campina Grande, “para abrigar ainda mais empresas de base tecnológica e atores do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação”, de acordo com nota do MCTI. O ministério oferecerá um aporte de R$13 milhões para a ampliação do PaqTcPB. A segunda é a criação do Centro de Tecnologia em Energias Renováveis do Semiárido (Cetersa), também em Campina Grande. Com um projeto de R$33 milhões, o Cetersa estimulará a inovação tecnológica em fontes de energia solar, térmica e fotovoltaica, eólica de pequeno porte, biogás, biocombustíveis e hidrogênio verde.

Recursos públicos para transplantes

O Ministério da Saúde (MS) liberou mais R$56 milhões para o Sistema Nacional de Transplantes, segundo decisão publicada no início da semana no Diário Oficial da União. O encaminhamento dos recursos foi aprovado após uma revisão no Programa de Qualidade no Processo de Doação e Transplantes (Qualidot) identificar falhas nas métricas anteriormente utilizadas, que “poderiam impedir o aporte adequado de fundos aos serviços”. A intenção do Governo Federal é que a verba seja direcionada principalmente aos transplantes de órgãos e de medula óssea – e que os centros transplantadores que os realizam recebam um acréscimo financeiro de 40% a 80%. Com a enorme fila de procedimentos legada pela pandemia da covid-19 e pela desorganização da gestão da Saúde no governo Bolsonaro, o avanço no número de transplantes feitos se tornou uma pauta urgente em 2023 – segundo os dados oficiais, eles já cresceram, resta saber se na velocidade necessária.

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