Burnout afeta 30% dos trabalhadores brasileiros

• Um em cada 3 brasileiros sofre de estafa • Como democratizar o acesso à produção acadêmica • Pesticidas e leucemia em crianças • Saúde e ondas de calor • Vacina contra chicungunha • Estratégia para reduzir consumo de álcool entre idosos •

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A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) afirma que praticamente um em cada três brasileiros sofre a chamada síndrome de burnout, uma forma de esgotamento mental associada ao trabalho. Reflexo da maior atenção a questões de saúde mental e também precarização do mundo do trabalho por meio de aplicação de dogmas neoliberais na economia e na sociedade, o burnout (que também pode ser chamado de estafa) tem no Brasil um epicentro. O país é o segundo do mundo que mais relata tal condição, já reconhecida e classificada pela OMS no ano passado e assimilada pela legislação trabalhista.

Publicadores acadêmicos levantam a bandeira do acesso total

Um grupo de pesquisadores criou a iniciativa cOAlition S, que visa ampliar o acesso a publicação de artigos em revistas do mundo acadêmico, aprofundou sua pauta. Se antes o grupo tentava pressionar revistas a baixarem suas exigências, inclusive de pagamentos, para publicação de artigos e pesquisas, e também tentava torná-los mais acessíveis ao público geral, agora a ideia avança. Os acadêmicos querem que todos possam publicar seus trabalhos sem mediadores e editores com poder de veto. Assim, toda pesquisa e artigo revisado por pares, isto é, dentro das regras vigentes para validação, poderiam ser imediatamente disponibilizados, em qualquer espaço. “Queremos que todo este sistema esteja nas mãos da comunidade científica, ou pelo menos controlado pela comunidade científica”, diz Johan Rooryck, diretor executivo da cOAlition S e linguista na Universidade de Leiden, na Holanda.

Estudo relaciona leucemia em crianças com pesticidas

Marin Skidmore, pesquisadora da Universidade de Illinois especializada nas relações entre EUA e Brasil, apresentou um estudo que aponta a possibilidade de 123 mortes de crianças de até 10 anos de idade terem ocorrido em áreas de plantio de soja e uso de agrotóxicos. Cruzando dados epidemiológicos do SUS e de produtividade agrária, o trabalho analisou uma quantidade excepcional de leucemia linfoblásticas – praticamente metade dos casos registrados no Brasil – em um período entre 2008 e 2019, numa área reduzida do cerrado e da Amazônia, onde esses monocultivos se expandiram. Além de indicar o futuro do uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil – foram cerca de 5 mil liberados de 2019 para cá –, o estudo ainda revela o descuido, talvez baseado no poderio político do agronegócio, em se registrar detalhadamente cada produto químico usado no país. “Esse trabalho tem uma perspectiva diferente e é mais uma evidência para avaliar o custo-benefício do uso de pesticidas. Se ele chegar aos formuladores de política certos e aos executivos de indústria certos, eles podem usá-lo para tomar suas decisões”, disse Skidmore ao Globo.

Estratégias contra ondas de calor nos EUA

Apesar de já estarmos no outono do hemisfério norte, as ondas de calor registradas no verão seguem a fazer estragos e gerar temores, em especial nos EUA. As sequelas sociais são enormes, desde um número elevado de mortes até o cancelamento de atividades cotidianas, a exemplo do retorno às aulas, em setembro. Como mostra matéria da Stat News, a sociedade segue vulnerável, em especial as fatias mais pobres – e o sistema de saúde do país ainda não desenvolveu as devidas condições para responder ao agravamento de doenças crônicas em razão do calor. Diante disso, grupos de profissionais do campo da saúde organizam iniciativas de educação de funcionários de serviços da área, a fim de prepará-los para as adversidades que seus pacientes enfrentarão com as próximas ondas de calor. Entre as mudanças necessárias está a necessidade de avisar pacientes que tomam medicamentos para pressão alta ou ansiedade, por exemplo, que eles podem afetar a capacidade do corpo de regular o calor. Também é preciso ensiná-los a identificar os sinais e sintomas de doenças relacionadas ao aumento de temperatura. Outra necessidade é de prover bens materiais, como aparelhos de ar condicionado, para melhorar as condições dos mais vulneráveis.

EUA prestes a aprovar vacina para chicungunha

As doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti já alcança cerca de metade dos países do mundo, de maneira que estão a se espalhar para além de ambientes mais quentes. O resultado é que, ao atingir Europa e EUA, passaram a ser alvo de pesquisas para desenvolvimento de vacinas pelos grandes laboratórios destes países. A francesa Valneva criou um imunizante para chicungunha, que agora se encontra próxima de ser aprovada pelo Food and Drug Administration norte-americana. Em princípio, será oferecida para cidadãos que retornam ao país de locais onde a doença tem incidência. No entanto, com as alterações climáticas é possível vislumbrar que a doença se torne epidêmica em locais nunca atingidos e novas vacinas passem a ser desenvolvidas. A revista Science lembra que, por influência militar, os EUA abandonaram estudos para uma vacina contra esta doença, em razão da “pouca necessidade”. Mas a realidade do planeta mudou.

Atenção Primária busca redução de consumo de álcool

Inspirados na experiência liderada pela canadense Marta Sanchez Craig em 1972, enfermeiros de Ribeirão Preto criaram um protocolo de abordagem de pacientes da Atenção Primária para reduzir o consumo de álcool por pessoas de 60 anos ou mais. A ideia foi aplicada em visitas domiciliares, ao lado dos Agentes Comunitários de Saúde, com apresentação de dados informativos sobre as características de cada bebida. Foram criados dois grupos, de controle e intervenção – neste segundo caso com definição de medidas para a diminuição do consumo e abordagem mais incisiva. O protocolo consistia em fazer o questionário Audit (Teste de Identificação de Transtornos por Uso de Álcool) e descobrir qual o nível de risco que o paciente apresenta. Em seguida, os agentes comunitários entregavam um folheto educativo, com indicações dos limites recomendados de ingestão de álcool para pessoas com 60 anos ou mais. Para o grupo de intervenção, realizavam-se procedimentos técnicos para aumentar a autonomia do idoso, “atribuindo-lhe a capacidade de assumir a iniciativa e a responsabilidade por suas escolhas”. Ao final do estudo, foi possível reduzir quatro vezes mais a ingestão de álcool do grupo que participou da intervenção em comparação ao controle.

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