OMS: Países ricos devem fazer mais para combater pandemias

Governo busca reduzir fila de cirurgias • Reclamações contra planos de saúde • O risco da gripe aviária • Inteligência Artificial no SUS • Piso da Enfermagem não retira empregos •

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Os Estados com “mais capacidades e recursos” devem ter um “grau proporcional” de responsabilidade pela preparação e resposta às ameaças globais de saúde, diz o rascunho de um novo tratado internacional em negociação na Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento, divulgado pela Reuters, terá caráter vinculante e tem origem na preocupação gerada pela ausência de uma resposta comum das nações à pandemia da covid-19, marcada pelo que a OMS chamou de “nacionalismo de vacinas”. Em seu discurso na Assembleia Mundial da Saúde na segunda-feira (22/5), a ministra Nísia Trindade havia enfatizado a importância da equidade e do multilateralismo na saúde. Os termos atuais do rascunho do tratado ainda incluem a reserva de 20% de vacinas, tratamentos e testes para distribuição entre países pobres pela OMS durante emergências – mas abandonaram uma cláusula que obrigaria as companhias farmacêuticas a tornarem públicos seus negócios com entes governamentais.

Governo investe R$137 milhões para realização de 360 mil cirurgias

A fila de cirurgias eletivas do sistema público de saúde só cresceu com a catastrófica gestão do combate à pandemia da covid-19 no Brasil – e já chega a 924 mil procedimentos solicitados. Buscando combater essa situação, o ministério da Saúde repassou R$137 milhões aos estados no âmbito do Programa Nacional de Redução de Filas, informou a Agência Brasil. Ao longo de 2023, o investimento total do governo deverá chegar à casa dos R$600 milhões. Com esses recursos, a previsão é que mais de 360 mil cirurgias sejam realizadas em 23 estados e no Distrito Federal. Cirurgias de catarata, retirada da vesícula biliar, laqueadura, cirurgia de hérnia, vasectomia e retirada do útero foram alguns dos procedimentos considerados prioritários pelas unidades federativas que aderiram ao programa do governo federal.

Reclamações contra planos de saúde multiplicam

Mais do que dobraram as reclamações contra os planos de saúde registradas na Agência Nacional de Saúde (ANS) nos últimos 5 anos, aponta matéria da Uol. Em 2018, a ANS criou o Índice Geral de Reclamação (IGR), que mede a satisfação dos usuários de plano de saúde levando em conta o número de clientes e a quantidade de reclamações contra a empresa. Em apenas meia década, o IGR saltou de um índice de 15,5 em seu ano de criação para 44,8 pontos em abril de 2023 – os indicadores chegaram perto de triplicar. A Unimed-Rio é a operadora campeã de reclamações, marcando 159 pontos no índice. Entrevistado pela reportagem, o professor da USP Mario Scheffer apontou os altos reajustes, os atendimentos negados e as coberturas excluídas como principais fatores para a insatisfação dos brasileiros com os serviços de saúde oferecidos pelo setor privado. 

Adaptação da gripe aviária a humanos pode levar a uma nova pandemia

“Se ele [vírus da gripe aviária] conseguir se adaptar aos humanos, e circular entre nós, estão dados os ingredientes para uma potencial nova pandemia”, opinou Esper Kallás, novo diretor do Instituto Butantan, para O Globo. Kallás, indicado por Tarcísio de Freitas, é infectologista e professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP). Ele afirma que o Butantan começou a trabalhar com uma vacina contra a gripe aviária em janeiro e que os testes clínicos do imunizante em humanos devem ter início ainda em 2023. A produção de vacinas pelo centro de pesquisas paulista poderá ganhar uma escala mais ampla com a inauguração de uma nova fábrica ligada ao instituto neste ano. A planta foi construída com o intuito de focar na CoronaVac, mas as mudanças no cenário pandêmico levaram a uma diversificação – suas instalações também servirão para a entrega de doses de imunizantes contra a dengue, a hepatite e a chicungunha.

Ministério da Saúde planeja inclusão de inteligência artificial no SUS

Em entrevista concedida à Agência Brasil, o diretor do Departamento de Saúde Digital e Inovação (Desd) do ministério da Saúde, Cleinaldo de Almeida Costa, apresentou alguns detalhes da implementação de tecnologias de Inteligência Artificial ao SUS estudada pelo governo. Como antecipou o Outra Saúde na última quinta-feira, os planos passam pelo programa SUS Digital, ainda por ser lançado, que abrangerá todos os aspectos da “transformação digital do Sistema Único de Saúde”. Na entrevista, Cleinaldo apontou que a IA deverá ser incorporada aos serviços de atendimento à população – além de reiterar que, da atenção primária à atenção terciária, todos os níveis do SUS serão parte desse processo de digitalização. Um dos principais desafios percebidos pelo diretor do Desd é a assimetria de conectividade entre as regiões do país, que precisará ser enfrentada com melhorias na infraestrutura de rede.

Especialistas descartam fechamento de vagas com Piso da Enfermagem

Não existe qualquer evidência de que a aprovação de um piso salarial tenha causado a extinção de vagas de emprego em uma área de trabalho, esclarecem pesquisadores ouvidos pelo Portal do Cofen. Desde que o STF recuou da suspensão do pagamento do Piso da Enfermagem, após a sanção de crédito especial pelo governo federal no último dia 12, as entidades patronais da saúde e os municípios ampliaram sua voz contra a conquista da categoria recorrendo a esse argumento. “Toda vez que você avança num determinado direito, sempre tem a pressão de que isso vai gerar desemprego”, explicou a economista Marilane Teixeira, professora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit). A especialista recorda que a desvalorização das trabalhadoras da enfermagem se agrava pelo fato de que a categoria é majoritariamente feminina: se a mulher seria naturalmente uma cuidadora, “por que pagar salários altos por um trabalho que elas já nasceram sabendo fazer?”, provoca Marilane.

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