Covid e burnout são doenças do trabalho

Ministério incrementa lista de doenças de trabalho • Criar sistema público na Colômbia aumentaria apenas 1% dos gastos em Saúde • Malária e mudanças climáticas • Eficácia da PrEP • Mpox mais mortal • Álcool e direção •

Foto: VCU Health
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Por meio da portaria GM/MS nº 1999, o Ministério da Saúde (MS) incluiu a covid-19 e o burnout na lista de doenças relacionadas ao trabalho (LDRT), informa a Folha. A novidade foi anunciada no 11º Encontro da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, encerrado na quarta-feira (29/11). Será a primeira atualização da lista depois de 24 anos – em 2020, o ex-ministro Pazuello revogou uma medida que a atualizava apenas 5 dias após publicá-la. A inclusão dessas condições de saúde (além de 165 outras, chegando ao número total de 387 doenças) na LDRT facilita que o trabalhador consiga benefícios da Previdência Social como auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Com a mudança, o MS também deve se dedicar à “estruturação de medidas de assistência e vigilância” que contemplem as novas doenças incluídas na LDRT, diz nota oficial.

Os custos de criar um SUS na Colômbia

Em manchete bombástica, a Reuters destaca que a reforma da saúde na Colômbia custaria US$234 milhões a mais para o país só no próximo ano – e os economistas de sempre são convidados a falar da irresponsabilidade fiscal que isso seria. Desde o início do ano, o presidente Gustavo Petro busca aprovar no Congresso a criação de um sistema de saúde público e participativo, algo como um SUS colombiano. Menos claro na reportagem da agência internacional está o fato de que esses milhões de dólares representariam apenas cerca de 1% dos gastos com Saúde no país: eles passariam de US$22,9 bilhões para US$23,2 bilhões. Por serem voltados para a expansão da atenção primária, a formação de mão de obra e a construção de infraestrutura hospitalar, está claro que os gastos são, a bem da verdade, ganhos sociais para o país. No mais, como indicou o próprio Ministério da Fazenda da Colômbia, “a longo prazo, a ênfase na prevenção se traduzirá em menores custos para o cuidado de média e alta complexidade”.

OMS: Malária cresce descontrolada no mundo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou ontem (30/11) seu relatório anual sobre a malária, que aponta que os casos da doença cresceram mais uma vez em 2022. Foram 249 milhões de casos, contra 244 milhões em 2021 e 233 milhões em 2019, no pré-pandemia. Além da crescente resistência do parasita Plasmodium aos medicamentos, o documento aponta as mudanças climáticas como um dos fatores para a alta de infecções. O aumento das temperaturas, assim como as alterações no regime de chuvas dos países, estão ampliando as regiões onde o mosquito Anopheles, vetor da doença, consegue sobreviver. O exemplo do Paquistão é o mais claro: no ano passado, o país passou por grandes inundações, causadas por tempestades anormalmente intensificadas pelas mudanças climáticas – e os casos de malária mais que quintuplicaram. O mundo parece estar cada vez mais distante de cumprir as metas de erradicação da doença.

A PrEP funciona

Um estudo conduzido pelo poder público do Reino Unido revelou novos dados sobre a eficácia da PrEP contra o HIV, confirmando sua utilidade na prevenção da infecção. PrEP é uma sigla para profilaxia pré-exposição: o método consiste em tomar diariamente uma pílula que contém medicamentos que impedem a replicação do vírus que causa a aids. Os testes clínicos do estudo britânico indicam 99% de eficácia da PrEP – levando em conta os casos de uso inconsistente ou incorreto da medicação, recorrentes na utilização real do método, a pesquisa estima que a eficácia ainda seria de 86%. Financiado pelo NHS, o sistema público de saúde britânico, o estudo realizado com 24 mil participantes “demonstrou o efeito protetivo que testes anteriores já haviam relatado, mas em uma nova escala e com a participação dos serviços de saúde sexual e reprodutiva”, disse à BBC um dos pesquisadores.

Mpox de volta, mais mortal

Um novo surto de mpox notificado à OMS pela República Democrática do Congo sugere que uma variante mais mortal do vírus está circulando no país africano, conta a Science. São 12 mil casos registrados até aqui, com quase 600 óbitos confirmados. A título de comparação, 167 pessoas morreram em todo o mundo devido à doença no surto global iniciado no ano passado. Além disso, estudos com o agente infeccioso caminham no sentido de confirmar uma hipótese muito debatida no ano passado: a de que o vírus da mpox, ou pelo menos esta nova variante, pode ser sexualmente transmissível. O Congo, apesar de ser o local onde a mpox foi descoberta em 1970, não tem vacinas para oferecer à sua população, já que elas foram em sua maioria compradas por países do Norte Global. O Brasil, quarto país com mais mortes por mpox no surto global em parte devido à homofobia das políticas de Bolsonaro, deve se preparar para reforçar a imunização.

Homens brasileiros creem: se beber, dirija

A edição deste ano da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023), promovida pelo Ministério da Saúde, traz dados preocupantes sobre o consumo de álcool da população brasileira. Como noticiou O Globo, a sondagem apurou que um a cada dez homens no país dirige depois de beber – e os números chegam próximo de 25% dos homens em capitais menores, como Boa Vista, Palmas e Teresina. A pesquisa também identificou que um quinto da população faz uso abusivo do álcool. Especificamente entre o sexo masculino, a estatística sobe para 27,3%. O uso abusivo é caracterizado pela ingestão na mesma ocasião de quatro doses de álcool pelas mulheres e cinco doses pelos homens. Como apontou Outra Saúde em julho, as políticas públicas hoje existentes contra o álcool estão se provando cada vez menos eficazes.

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