Caravana pela cloroquina

Com 115 mil mortes, evento ‘Vencendo a covid-19’, do governo federal, foi grande reunião para defesa do medicamento

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E a tal celebração do governo federal era, na verdade, um evento em defesa do uso generalizado da cloroquina. ‘Brasil vencendo a covid-19’ aconteceu ontem no Palácio do Planalto, reunindo médicos que defendem o tratamento comprovadamente ineficaz e seu líder, Jair Bolsonaro. Como o Brasil não é para principiantes, ficamos sabendo que esses profissionais defendem que a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam incluídas no Farmácia Popular. Sim, o programa que Paulo Guedes quer extinguir.  

O Brasil tem pouco mais de 450 mil médicos. O grupo que defende a cloroquina se gaba de ter dez mil membros. O contingente, caracterizado como “uma rede imensa” em uma reportagem da Gazeta do Povo, é contabilizado através da soma do número de participantes de grupos de WhatsApp. Aliás, os médicos que foram recebidos ontem pelo presidente  tinham como ‘prerrogativa institucional’ o fato de administrarem esses grupos. 

Entre eles, há figurinhas carimbadas como Nise Yamagushi e pessoas menos conhecidas, como Vânia Brilhante, que é diretora da Unimed Belém e se gaba de ter orientado a operadora de plano de saúde a distribuir um kit com hidroxicloroquina para todos os consumidores que buscaram atendimento com sintomas leves de gripe no início de maio – antes que o próprio Ministério da Saúde ampliasse seu protocolo, mas já depois que o Conselho Federal de Medicina lavou as mãos em relação à prescrição da substância.

A propósito: um levantamento do jornal O Globo mostra que o governo desembolsou R$ 1,3 milhão com compra e produção de cápsulas de cloroquina. Oito estados e 18 prefeituras também gastaram com drogas sem comprovação no tratamento da covid.

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