Arthur Lira mira em Nísia Trindade

• Mais ataques ao Ministério da Saúde • Diretora de saúde mental fala sobre medicalização • Consulta pública sobre vapes • Tedros incentiva produção brasileira de vacinas • Ultradireita e ivermectina • Milei tira mais um direito •

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Em mais uma tentativa baixa de enquadrar o governo Lula, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e líderes parlamentares assinaram um requerimento exigindo esclarecimentos de Nísia Trindade, sobre os critérios na liberação de recursos vinculados a parlamentares. Parlamentares fisiológicos criticam uma suposta baixa execução orçamentária no final do ano passado, mais especificamente relacionada às emendas. O requerimento exige esclarecimentos sobre a composição dos recursos destinados à saúde e critica uma suposta falta de acesso a informações detalhadas sobre a distribuição dos recursos federais para o sistema de saúde, informa a Folha. Além da tentativa de Lira de abocanhar uma parte ainda maior do orçamento brasileiro para o Congresso Nacional, o ataque a Nísia reforça a cobiça pelo Ministério da Saúde. Desde o início de 2023 o centrão tenta fragilizar a ministra, em busca do controle sobre a pasta com maior orçamento. “Essa nova ofensiva tem uma motivação tornada bem explícita: o fato de o Ministério da Saúde ter estabelecido critérios técnicos para o repasse de emendas parlamentares aos estados e municípios”, afirmou Túlio Batista Franco, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro da operativa nacional da Frente pela Vida, em recente entrevista ao Outra Saúde.

Sônia Barros fala sobre a crise de depressão e ansiedade

Em entrevista publicada ontem (7/1) na Folha de S. Paulo, Sônia Barros, diretora do Departamento de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, fez uma fala interessante sobre a epidemia global de ansiedade e depressão. Ela argumenta que políticas públicas não irão, sozinhas, resolver a questão, e alerta para problemas como o consumo indiscriminado de medicamentos. “Entendemos que isso é derivado de determinantes socioculturais. O mundo passa por uma série de problemas muito graves, que foram revelados ou aumentados com a pandemia de Covid. Mas a questão permanece: populações inteiras que se deslocam dos seus países de origem, fome, falta de moradia. Tivemos uma crise do capitalismo e a questão do emprego está posta no mundo e no Brasil”, defendeu. Ela também afirmou que seu departamento busca oferecer educação aos trabalhadores da saúde, para buscar reduzir a medicalização e o uso excessivo de ansiolíticos e antidepressivos. Segundo Sônia, “nos consultórios privados, o uso de benzodiazepínicos, de ansiolíticos, talvez pudesse ser reduzido se as pessoas tivessem um tempo para escuta, para relação”. Na entrevista, a diretora também falou sobre a 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental e fez um balanço de seu primeiro ano no cargo.

Brasil deve permitir a venda dos cigarros eletrônicos?

A consulta pública da Anvisa sobre vapes no Brasil, aberta em dezembro, encerra nesta sexta-feira, após 60 dias de recebimento de contribuições (para participar, clique aqui). Atualmente, a agência determina a proibição da comercialização de dispositivos eletrônicos de fumar, bem como sua fabricação, publicidade e divulgação. A interdição se baseia, entre outros motivos, no fato de que o uso ainda é muito restrito a grandes capitais – e, caso a venda fosse liberada, seu uso poderia se espalhar nacionalmente. O que seria um problema de grandes proporções, já que os vapes tem se mostrado muito atraentes para iniciar os jovens no tabagismo. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), jovens que usam cigarros eletrônicos têm duas vezes mais chances de se tornarem fumantes na vida adulta. A proibição, em vigor desde 2009, também se deve ao fato de que não há estudos o suficiente para verificar os riscos à saúde associados ao uso dos dispositivos. Segundo estudiosos da indústria do tabaco, os vapes são o novo estratagema das corporações para tentar reverter a tendência de queda do número de fumantes mundo afora. Por isso, fazem lobby pesado por sua aprovação.

Vacina contra dengue: abre-se uma chance ao Brasil 

O presidente Lula se reuniu essa semana com Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), para discutir a dengue, durante encontro no Palácio do Planalto. Segundo matéria do Estadão, Tedros sugeriu a possibilidade de o Brasil se tornar um fornecedor de vacinas contra a doença, envolvendo tanto o Instituto Butantan quanto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Atualmente, a única vacina contra a dengue disponível e aprovada no Brasil é a Qdenga, da Takeda, mas o Butantan está nas fases finais do desenvolvimento de uma vacina nacional de dose única, com eficácia confirmada em cerca de 79,6%, segundo estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine. Detalhes da conversa não foram divulgados, mas a OMS também se comprometeu a apoiar o Brasil no combate a outras doenças como tuberculose, hanseníase, doença de Chagas e transmissão de doenças de mãe para filho, incluindo a aids.

De novo, a aposta descabida na ivermectina

Por motivo ainda obscuro, a extrema-direita encontrou um medicamento para chamar de seu – e recomendá-lo indiscriminadamente para tratar doenças. O Ministério da Saúde do Brasil teve de emitir um alerta sobre a disseminação de informações falsas relacionadas à ivermectina como tratamento para a dengue. O órgão esclarece que não há evidências ou fontes confiáveis que respaldem o uso desse remédio no combate à doença e reforça que não é eficaz na diminuição da carga viral da doença. O comunicado destaca que a divulgação de fake news, especialmente em contextos epidemiológicos críticos, é extremamente perigosa. O protocolo oficial para tratamento da dengue enfatiza a identificação de sintomas pelo médico, repouso, hidratação e, em casos leves, administração de analgésicos. O Ministério ressalta que as condutas são baseadas em evidências científicas e que os medicamentos prescritos têm aprovação da Anvisa. Cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas contra a dengue no Brasil em 2024.

Milei corta programa de assistência médica a pessoas vulneráveis

Durante viagem a Israel para apoiar as políticas de genocídio contra Gaza, o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou mais um corte aos direitos sociais em seu país. Agora, ele deseja acabar com a assistência médica e os tratamentos previstos pelo programa de Assistência Direta para Situações Especiais (Dadse). O programa, destinado a famílias em situação de vulnerabilidade social e de saúde sem cobertura médica, foi cancelado com a velha justificativa da “austeridade”. Seu encerramento deixará centenas de famílias desamparadas, especialmente aquelas que esperam iniciar tratamentos oncológicos. 

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