79% das mães adolescentes abandonam os estudos

• Gravidez na adolescência ainda preocupa • Casos de mpox crescem em 2024; Carnaval preocupa • Tedros no Brasil • Nova vacina contra a malária • Como o tabaco deteriora também o ambiente • Câncer e desigualdades globais •

Foto: Ministério da Saúde
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Pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde (MS) ilustra o quadro ainda preocupante da gravidez na adolescência no Brasil. Apesar de uma queda no número de gestações, o país segue registrando uma taxa de 43,1 nascimentos por mil adolescentes, o triplo da média do Norte Global. Todo dia, são mil novas crianças filhas de mães menores de idade. Um quinto delas têm informações “ausentes e confusas” sobre sexualidade – e engravidam novamente antes de chegar à maioridade. Mais da metade relata ter desenvolvido estresse, ansiedade e depressão – além de problemas físicos, em decorrência da gravidez de risco. 79% abandonou os estudos, o que sublinha os impactos para a vida social dessas mães. A partir dos resultados da pesquisa, impulsionada pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi), o MS pretende formular novas ações para prevenir a gravidez na adolescência.

Mpox terá novo auge?

Alertados pela detecção de um aumento de casos após a virada do ano, especialistas opinaram n’O Globo que o Brasil deve estar vigilante com as novas infecções pela mpox. Em São Paulo, de outubro a dezembro de 2023, três casos foram notificados por semana. Houve pelo menos seis vezes mais novos registros da doença na cidade em todas as semanas de 2024 até aqui. Os números ainda são bem modestos se comparados com os da epidemia de 2022 – mas infectologistas apontam que o Carnaval tende a ser um “evento potencialmente disseminador”, devido à grande presença de turistas e outros fatores. Traz preocupação o fato de que “não há vacina suficiente e ainda não temos um antiviral específico para tratamento” da mpox, eles dizem. No governo Bolsonaro, o descaso federal favoreceu a explosão de casos. Por sua vez, a concentração dos imunizantes no Norte Global também foi um fator negativo. Resta ver, neste novo momento, qual será a resposta das autoridades.

Lula, Nísia e Tedros se reúnem

Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom se encontrou com Lula e Nísia Trindade em reuniões separadas nesta segunda-feira (5/2) em Brasília. O etíope está no Brasil para participar da cerimônia de lançamento do Plano de Eliminação de Doenças Determinadas Socialmente. O novo Plano é um primeiro resultado dos trabalhos do Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDS), estabelecido em junho do ano passado para organizar o esforço de brasileiro de alcançar a meta das Nações Unidas de erradicar enfermidades como a doença de Chagas e a malária até 2050. Contudo, membros do Governo Federal afirmaram ao Globo que as reuniões entre Tedros, o presidente da República e a ministra da Saúde também abordaram a questão da escalada de casos de dengue no Brasil e no mundo.

Vem aí uma nova vacina contra a malária

Bons auspícios para o imunizante da Universidade de Oxford e do Serum Institute of India: sua eficácia contra a malária é de 75%, segundo estudo publicado na revista The Lancet. Ainda no mês passado, a primeira vacina a ser desenvolvida contra a doença – feita pela farmacêutica britânica GSK, com o nome de RTS,S – passou a ser aplicada na população de Camarões, por meio de uma campanha de vacinação em massa. Contudo, sua eficácia é de apenas 36%. Por outro lado, em entrevista à Reuters, um especialista desincentiva a comparação direta entre a eficácia dos produtos, “já que há muitas variáveis distintas nos dois estudos”. A verdadeira vantagem da vacina indo-britânica, conhecida como R21, estaria no preço e na escala: sua dose custa apenas US$3,00 e o Serum Institute of India já produziu 25 milhões delas só para este ano, enquanto a GSK oferecerá um total de 18 milhões de doses até 2026.

Brasil: tabaco faz mal ao meio ambiente, não só à saúde

No primeiro dia da COP-10, a delegação brasileira defendeu que a conferência também discuta os impactos do tabaco no meio ambiente, e não só na saúde da população. A proposta já tem o apoio do Panamá e do Equador, e a ACT Promoção de Saúde afirmou à Jota que a ideia “dará oportunidade para aprofundar o conhecimento também sobre prejuízos ao meio ambiente, com destinação de recursos para pesquisas sobre o tema”. A 10ª COP do Tabaco reúne os países-membros da Convenção-Quadro de Controle do Tabaco (CQCT), tratado que organiza a resposta mundial à epidemia do tabagismo. A conferência também deverá tratar de temas como os cigarros eletrônicos e a crescente ofensiva empresarial para reverter os avanços das últimas décadas no combate aos efeitos negativos do tabaco. Em pronunciamento à COP nesta segunda-feira (5/2), o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom afirmou que “devemos continuar em guarda contra a indústria do tabaco e suas táticas”.

Aumento dos casos de câncer onera países, em especial os mais pobres

Um relatório da OMS lançado no início da semana alerta para os desafios crescentes da luta contra o câncer no mundo. O documento estima que, em 2050, haverá 35 milhões de novos casos da doença, 77% a mais que os 20 milhões registrados em 2022. O câncer de pulmão causou o maior número de casos e óbitos, seguido pelo câncer de mama. O fardo, porém, é desigual: no caso do câncer de mama, por exemplo, 1 a cada 71 mulheres morrem da doença nos países de IDH alto, enquanto o número sobe para 1 a cada 48 nas nações de IDH baixo, de acordo com a sondagem. Em parte devido às inequidades típicas da atual ordem global, apenas 39% dos países cobrem o tratamento do câncer em seus sistemas de saúde, e o número desce para 28% quando se sonda a cobertura dos cuidados paliativos. A pesquisa foi conduzida pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, um braço da OMS.

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