Rio decreta emergência sanitária causada pela dengue

• Emergência de dengue no Rio • DF não convoca enfermeiros concursados • Aplicativo público de gestão de hospitais no SUS • Câncer de mama e desigualdades • Doenças autoimunes e os cromossomos XX • Ex-coordenadora do PNI na Anvisa •

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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), decretou estado de emergência em saúde pública por causa da dengue, conforme anunciado no Diário Oficial do município desta segunda-feira (5/2). Também hoje a prefeitura inaugura 3 de 10 polos de atendimento para pacientes com o vírus. O Rio de Janeiro enfrenta uma epidemia de dengue, com uma taxa de incidência estimada superior ao último pico, em 2016. Em janeiro, a cidade registrou um recorde de 362 hospitalizações pela doença, o maior desde 1974. Embora não haja mortes confirmadas, três óbitos estão sob investigação. A prefeitura intensificará esforços de prevenção e a aplicação de fumacê será retomada. A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatiza a importância da cooperação da população, e sua pasta apresentará em breve o cronograma de vacinação contra a dengue. Como afirmou o sanitarista Gonzalo Vecina em entrevista recente ao Outra Saúde, “A explosão de casos de dengue certamente se deve às condições climáticas. Quanto mais quente, mais chuva, mais casos, mais mosquitos. Não há nenhuma dúvida sobre isso”.

DF: em meio à crise, militares no lugar de enfermeiros

O Distrito Federal também vive uma emergência sanitária devido ao aumento alarmante nos casos de dengue, com uma incidência nove vezes maior que a média nacional. A situação sobrecarrega hospitais, unidades e profissionais de saúde, levantando questionamentos sobre a demora da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) em convocar enfermeiros aprovados em concursos. Segundo matéria do Brasil de Fato, há um déficit de 1.460 enfermeiros na rede pública de saúde. O governo, ao decretar situação de emergência em razão do risco de epidemia de dengue, autorizou contratações temporárias. Também convocou 250 militares do Comando Militar do Planalto para atuar nas inspeções, visitas domiciliares e na condução de veículos que fazem fumacê. São “medidas paliativas”, segundo entidades de saúde, que defendem a nomeação imediata dos aprovados nos concursos vigentes. O governador tentou justificar a não nomeação alegando “responsabilidade financeira”. A oposição na Câmara Legislativa criticou a situação e defendeu que sejam convocados os profissionais da saúde para lidar com a epidemia.

Ebserh disponibiliza aplicativo para secretarias de saúde

As secretarias estaduais e municipais de saúde já podem começar a utilizar o Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU), desenvolvido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Segundo matéria da Jota, a secretária de Saúde Digital, Ana Estela Haddad, e o presidente da Ebserh, Arthur Chioro, detalharam como será feito o uso do sistema de gestão de dados, permitindo sua aplicação em hospitais públicos e conveniados SUS. O AGHU visa otimizar a gestão hospitalar, prevenindo desperdícios de exames, reduzindo o absenteísmo para consultas e procedimentos, regulando filas, monitorando estoques de medicamentos e acompanhando a trajetória de medicamentos de alto custo até sua dispensação. 

Com mais de 25 milhões de pacientes cadastrados, o aplicativo já era utilizado por hospitais universitários vinculados à Ebserh. O novo acordo permitirá que estados e municípios também adotem o sistema de forma mais ágil, sem necessidade de acordos de cooperação técnica ou convênios. A iniciativa visa também gerar uma economia estimada em aproximadamente R$ 3 bilhões, ao permitir que os hospitais do SUS utilizem o sistema em vez de investir em sistemas privativos mais caros. A adesão ao programa requer o atendimento de condições, como a formação de equipes de TI e de saúde pelos estados e municípios, para contribuir com as futuras atualizações do sistema. Segundo um estudo coordenado pela pesquisadora Ilara Hämmerli, o AGHU tem a qualidade no nível de hospitais de excelência, com a enorme vantagem de ser de código aberto – ou seja, outros hospitais podem reproduzir o software e adaptá-lo a suas necessidades, desde que mantenham a lógica do conhecimento livre.

Desigualdades territoriais e câncer de mama

Um recente estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) apontou que mulheres que residem em áreas economicamente segregadas enfrentam maior risco de morte por câncer de mama. Segundo a pesquisa, publicada no periódico Jama Network, há uma correlação direta entre o nível de segregação da área de moradia e a incidência de mortalidade pela doença. Matéria d’O Globo informa que foram avaliadas mais de 20 milhões de mulheres brasileiras com idade entre 18 e 100 anos. Segundo os pesquisadores observaram, mulheres que vivem em áreas com estrutura desfavorecida têm menos acesso a serviços de rastreamento e cuidado e descobrem o câncer em fase mais avançada – portanto, têm menor sobrevida e a taxa de mortalidade é maior. O estudo chega a uma conclusão importante: o Programa Bolsa Família (PBF) foi crucial para mitigar esses riscos. Além disso, a pesquisa reforça achados anteriores, que indicam que mulheres negras têm um risco 10% maior de morrer de câncer de mama em comparação com mulheres brancas. 

Por que mulheres têm mais doenças autoimunes

Um estudo liderado por cientistas da Universidade de Stanford descobriu uma possível explicação para um mistério de longa data sobre por que mulheres são muito mais propensas a doenças autoimunes do que os homens. A pesquisa revela que uma molécula chamada Xist, presente apenas em mulheres, desempenha um papel significativo no desenvolvimento de mais de 100 doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. A explicação é a seguinte: as mulheres geralmente têm dois cromossomos X, enquanto os homens têm um X e um Y. O Xist, presente apenas em indivíduos do sexo feminino, serve para regular a produção de proteínas, ao inativar um dos cromossomos X. No entanto, o estudo mostra que o Xist também gera complexos moleculares associados a doenças autoimunes. O mistério ainda não está de todo solucionado: a descoberta não explica por que alguns homens desenvolvem essas doenças, mas oferece uma peça intrigante do quebra-cabeça. Compreender melhor o Xist pode levar a novos testes e tratamentos mais eficazes para doenças autoimunes, afirma a matéria do Washington Post

Ex-coordenadora do PNI na Anvisa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou Samara Furtado Carneiro, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde durante a gestão de Marcelo Queiroga, para a ouvidoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A indicação, publicada no Diário Oficial da União, ainda precisa ser aprovada pelo Senado. Segundo a Jota, Carneiro ocupou o cargo no PNI por um curto período de janeiro a abril de 2022, sendo exonerada sem explicações, atribuídas à sua atuação na remodelação do modelo de trabalho do programa e à redução no represamento de processos. Servidora de carreira da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Carneiro ocupava anteriormente o cargo de subsecretária de Logística em Saúde (Sulog).

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