Amil não poderá vender usuários individuais

ANS interrompe transação em que a operadora venderia 338 mil carteiras a uma nanica do ramo. Percebeu que nova detentora não teria capacidade financeira para poder manter novos clientes, além de falta de transparência e cooperação com a agência

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A operação em que a Amil pretendia se desfazer de seus clientes com plano de saúde individual não deve mais ir à frente. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou, na segunda-feira (4/1), que a empresa reassuma os planos que estavam sendo transferidos à pequena operadora Assistência Personalizada à Saúde (APS). As autoridades reguladoras constataram que a nova empresa não terá capacidade financeira de manter as 338 mil carteiras que estava assumindo.

A crise teve início quando usuários da Amil começaram a relatar dificuldades em agendar exames, descredenciamento de hospitais sem aviso prévio e falta de orientação da empresa. As reclamações à ANS deram um salto a partir do momento em que a Amil decidiu “vender” 337 mil clientes de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná às empresas APS (Assistência Personalizada à Saúde) e Fiord Capital, em dezembro de 2021.

A ideia parece ser a de não atender mais os usuários de planos individuais, que são mais bem regulados que os corporativos. A gana de livrar-se deles é grande, pois a Amil pagaria R$ 3 bilhões pelo negócio. Pesquisadores veem a venda também como um sinal da retirada da norte-americana United Health, detentora da Amil, do Brasil.

A transferência de usuários foi interrompida pela ANS, em 8 de fevereiro. Pedia-se explicações sobre a tramitação, e alertava-se que a Amil estava sendo pouco transparente numa suposta “junção” com a APS – primeiro passo da empreitada. Foi exigido um plano de ação detalhado sobre como ficaria o atendimento aos usuários se a operação de venda for autorizada – mas a operadora não estava facilitando e omitiu fatos da agência.

Foi divulgada, então, a decisão da ANS em que exige que a Amil traga de volta os usuários inicialmente transferidos. Segundo notícia da Agência Brasil, a empresa “informou que garantiria qualquer necessidade de aporte financeiro necessária para manter o equilíbrio econômico-financeiro da APS ‘enquanto Amil e APS integrarem o mesmo grupo econômico’”. Mas e depois disso? Para não colocar os usuários em risco de ficarem desassistidos, a transferência foi bloqueada. As empresas têm dez dias para manifestar-se.

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