ANS proíbe seis empresas de venderem planos de saúde

Explodem reclamações de usuários, carentes de serviço e ampla cobertura de saúde. Agência suspende a comercialização de convênios até que empresas resolvam irregularidades. Ministro, que deveria cuidar do SUS, trabalha para as corporações

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Com a piora em vários serviços da saúde privada no ano passado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu 12 planos de saúde, operados por seis grandes empresas do país, devido ao enorme número de reclamações sobre a cobertura assistencial. Segundo a agência, foram analisadas 33.377 mil queixas; a abrangência dos planos autuados cobre mais de 83 mil usuários.

A medida faz parte do Monitoramento da Garantia de Atendimento, que acompanha de perto o desempenho do setor e atua na proteção dos consumidores. Esses planos só poderão ser comercializados novamente para novos clientes quando as empresas apresentarem melhora ao monitoramento. São elas a Unimed de Manaus, Unimed Vertente do Caparaó, Saúde Sim, Santo André Planos de Assistência Médica, Oraclass e Saúde Brasil.

As queixas quanto à cobertura e aos serviços oferecidos pelos planos privados têm sido recorrentes. Na última terça-feira, 15/3, a Folha revelou que a operadora de saúde Prevent Senior descredenciou 15 hospitais entre janeiro e março deste ano, tornando a vida de usuários em busca de atendimento médico mais penosa. Ao mesmo tempo, as reclamações contra a empresa mais que dobraram no mesmo período avaliado: foram 662 queixas na ANS, contra 311 nos três primeiros meses de 2021.

Outros movimentos no mercado da saúde suplementar também têm assustado consumidores de planos, como a venda de 337 mil planos de saúde individuais da Amil para o fundo de investimentos Fiord Capital e a operadora APS (Assistência Personalizada à Saúde). Com o aumento das denúncias de usuários com dificuldade em conseguir tratamento, a ANS suspendeu temporariamente a transação dos ativos, até maiores esclarecimentos e transparência da empresa sobre o processo.

Em resposta à insistência do ministro Marcelo Queiroga em promover um projeto que facilitaria as transações comerciais das operadoras, a plataforma “open health”, a professora e especialista em saúde pública pela UFRJ, Ligia Bahia, escreveu um oportuno artigo em que alerta para as irregularidades do uso de dados sensíveis da população para que empresas as empurrem planos baratos, mas precários. Ela critica a postura da maior autoridade de Saúde do país que, no lugar de ampliar e melhorar o SUS, garantir uma saúde democrática, se enxerga como “paladino da competição empresarial”.

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