Ainda dá tempo

O IPCC divulgou ontem relatório em que afirma ainda ser possível minimizar as consequências do aquecimento global.

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Essa e outras notícias aqui, em dez minutos.

09 de outubro de 2018

AINDA DÁ TEMPO

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, conhecido pela sigla IPCC, divulgou ontem relatório em que afirma ainda ser possível minimizar as consequências do aquecimento global. Para isso, os governos precisam agir de forma rápida, as sociedades devem abandonar hábitos adquiridos ao longo do século 20 e as indústrias precisam mudar. Uma das metas é reduzir 45% as emissões de dióxido de carbono precisam até 2030 (em comparação com 2010). E zerar até 2050.

O objetivo é limitar a temperatura a 1,5 grau Celsius em relação à era pré-industrial (já aquecemos 1 C). Se o planeta esquentar mais do que isso, alertam os especialistas, haverá consequências para a saúde e o bem-estar da humanidade, além de riscos para ecossistemas e biodiversidade. Para fazer a transição energética para fontes renováveis, o mundo terá que investir US$ 2,4 trilhões entre 2016 e 2035.

POR AQUI…

Nature escreveu sobre as possíveis consequências da eleição de Jair Bolsonaro para a ciência brasileira e para as políticas de proteção ao meio ambiente. Para começar, no plano de governo, o candidato promete cortar ministérios – e não está claro quais serão. O histórico de votações dele como deputado federal sugere alinhamento com a bancada ruralista, diz a revista. (Sabemos que ele, inclusive, recebeu apoio da dita cuja ainda no primeiro turno). Ele propôs retirar o Brasil do Acordo de Paris, sobre o clima. E fundir o ministério do meio ambiente com o da agricultura, e não é preciso ser um gênio para saber quais agendas serão priorizadas. Na região amazônica, acrescenta a Nature, Bolsonaro quer promover uma expansão da agricultura e da indústria às expensas das proteções ambientais e direitos de comunidades indígenas. “A mensagem (…) parece ser que um governo Bolsonaro fará com que industriais e ruralistas farão o que quiserem na Amazônia”, diz o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, à revista – acrescentando que sua vitória “seria um pesadelo”.

A revista comparou essas propostas com o que promete Fernando Haddad. “Diferente de Bolsonaro que quer que o setor privado financia mais pesquisa e desenvolvimento, Haddad se comprometeu a aumentar o gasto federal com ciência até chegar a 2% do PIB, usando um mix de financiamento público e privado. Isso seria um gasto compatível com muitas nações industrializadas”, diz a Nature. “Os dois candidatos oferecem visões muito diferentes sobre como lidar com esses problemas”, observa a revista.

PELA DEMOCRACIA

O Jornal Nacional entrevistou ontem Haddad e Bolsonaro para esclarecer “controvérsias que envolvem a democracia brasileira”. Antes das entrevistas, Willian Bonner afirmou que, segundo o Datafolha, 69% dos brasileiros considera o regime democrático a melhor forma de governo, e que o número é um recorde desde 1969 quando a pesquisa começou a ser feita.

Haddad falou primeiro e na sua saudação aos eleitores disse que está do lado da socialdemocracia, do Estado de bem-estar social e enfatizou dois pontos centrais da campanha: emprego e educação. Foi perguntado sobre o projeto de convocação de uma Constituinte, presente no programa de governo. Disse que reviu o posicionamento e vai fazer as reformas por emenda constitucional, como a tributária (com isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos); bancária; e fim do congelamento de gastos (EC 95). Ele também foi instado a comentar a declaração dada por José Dirceu ao El País Brasil de que: “Dentro do país é uma questão de tempo para gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, o que é diferente de ganhar uma eleição”.

Haddad respondeu: “o ex-ministro não participa da minha campanha, não participará do meu governo e eu discordo da formulação dessa frase. Para mim, a democracia está sempre em primeiro lugar”.

Jair Bolsonaro preferiu saudar os telespectadores esclarecendo que seu “compromisso”, “plataforma”,  e “bandeira” baseia-se em um versículo da Bíblia (João 8:32) que diz: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Agradeceu às lideranças evangélicas, aos policiais civis e militares, aos integrantes das Forças Armadas, ao “homem do campo”, aos caminhoneiros e à “família brasileira” pela sua votação. Agradeceu também ao Nordeste, “apesar de eu ter perdido lá”, e afirmou que só não teve mais votos na região “por fake news, mentiras”. Se comprometeu a não acabar com o programa Bolsa Família. Mas disse que vai “combater as fraudes para que aqueles que realmente precisam possam ter um dinheiro um pouco maior”. Balizou a proposta do economista Paulo Guedes de fazer uma mudança no Imposto de Renda, de modo que todos que recebam acima de cinco salários mínimos (R$ 4.770) paguem os mesmos 20%, extinguindo a progressividade.

Foi perguntado sobre duas declarações de seu vice, general Hamilton Mourão. A primeira foi a afirmação de que a Constituição foi um “erro” e que deveria ser convocada nova Constituinte composta por notáveis, e não por “eleitos pelo povo”. A segunda de que o presidente da República pode perpetrar um “autogolpe”. Bolsonaro disse que desautorizou o vice nesses dois momentos, que não admitiria nova Constituinte e não teria poderes para convocar uma e que não entendeu o que Mourão quis dizer com “autogolpe” – aparentemente, ele não perguntou depois para o vice. Não deve ser uma pessoa curiosa… Para ele, falta “tato” ao general, mas isso vem com a “vivência” política.

Não foi perguntado sobre as diversas declarações de que as urnas eletrônicas fraudam o resultado das eleições.

DIFERENTES VISÕES

Para Miriam Leitão, as declarações no JN foram suficientes para que eleitores respirem aliviados e as campanhas, agora, partam para a discussão de propostas (principalmente as econômicas).

Nem todo mundo é tão otimista, claro. Para o ex-presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, a eleição de Bolsonaro seria um “sinal fatal”para a América Latina e um peso para a cooperação internacional.

E o historiador argentino Federico Finchelstein cravou: “Mussolini não tinha programa econômico, nem Hitler, nem os demais. Para esse tipo de líder o protagonismo está em suas ações políticas e em sua performance pública, vejo algo disso em Bolsonaro.”

AINDA ELEIÇÕES

A Câmara dos Deputados teve o mais alto índice de renovação desde 1998: dos 513 deputados, “só” 48,9% foram reeleitos. Mas, como apontam especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato, a renovação foi à direita.

A Bancada da Bala na Câmara saltou de dez para 22 deputados. E nada menos do que 13 são do PSL. Pelo menos 360 concorreram ao cargo.

Na matéria da Folha, há ainda o conselheiro de Bolsonaro, general Augusto Heleno, falando que diminuiu o “ranço contra os militares” na sociedade. E prometendo que “um dia”, uma “outra história” do “regime” militar vai ser contada “para buscar um equilíbrio”.

E mais do que 70 candidatos com patente militar foram eleitos em todo o país, contabilizou a EBC. Foi uma taxa de sucesso de 8% num universo de 961 postulantes.

LOBBY

As empresas de medicina diagnóstica têm demandas aos candidatos à Presidência. Querem indicação de profissionais “técnicos” para a direção da Anvisa e da ANS. Querem mudar uma resolução, de número 25/2001 da Anvisa, que determina a readequação de equipamentos para transferências entre instituições, de modo que a exigência caia quando houver cessão dentro do mesmo grupo empresarial. Também querem aprovar um PL que regula a prestação de serviços por pessoas jurídicas e eliminar sobreposição nas fiscalizações das vigilâncias sanitárias municipais, estaduais e federal.

COMPROU

A operadora de planos de saúde SulAmérica anunciou a compra da empresa de assistência odontológica Prodent. A operação tem um custo de R$ 145,7 milhões e trará 400 mil beneficiários para a carteira de planos odontológicos da SulAmérica, que vai atingir a marca de 1,5 milhão de pessoas. A Prodent é a oitava maior empresa do ramo no país.

NEGOCIOU

A novela da Qualicorp, maior administradora de planos de saúde do país, parece ter chegado ao fim. A XP, detentora de 9% do capital da empresa, exigia a anulação de um contrato – anunciado há uma semana – em que o fundador da empresa, José Seripieri Filho, receberia R$ 150 milhões para permanecer na companhia por seis anos sem abrir negócios concorrentes. Chegou-se a um acordo no domingo: a bolada será reinvestida na compra de ações da empresa. E a participação de José saltará de 15% para 20%. Com isso, as ações da empresa tiveram alta ontem. Mas há desconfiança entre os investidores, avalia um relatório do BTG e do Bradesco BBI.

MAL DO ESTÔMAGO

Mais da metade dos brasileiros sofre com má digestão de acordo com a Federação Brasileira de Gastroenterologia. Levantamento feito em junho aponta que a azia é o problema mais recorrente nas cinco regiões do país, sendo mais frequente no Nordeste, concentrando 48% das queixas totais. Quem mais sofre são mulheres jovens e com sobrepeso. A entidade acredita que isso acontece porque a mulher é mais sobrecarregada, com jornadas duplas e triplas – já que a causa não deve ser alimentação pois, em geral, os homens se alimentam pior. Sintomas como azia, refluxo e tosse seca causam prejuízos na ida pessoal e profissional para 93% dos entrevistados. E 74% relatam que há reflexos no sono.

RISCO GENÉTICO

Pela primeira vez, cientistas identificaram a região do genoma humano relacionada com a disfunção erétil: é a SIM1. O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy os Sciencesconclui que há um componente genético para o problema – antes relacionado a causas neurológicas, hormonais e vasculares. “Encontrar o primeiro fator genético de risco para a disfunção erétil é excitante porque abre portas para investigações de novas terapias genéticas”, disse o coordenador do estudo, Eric Jorgenson, da divisão de pesquisa da empresa Kaiser Permanente.

O estudo de associação genômica ampla usou dois coortes: 36.648 homens da Pesquisa de Epidemiologia Genética sobre Saúde e Envelhecimento de Adultos com diagnóstico clínico de disfunção erétil, que já haviam passado por algum tratamento e 222.358 homens do Biobank do Reino Unido. A conclusão é que variações no SIM1 estão associadas com risco aumentado em 26% para a impotência sexual.

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