Abuso deixa marcas no DNA

Novo estudo mostra que as marcas de abusos são mais profundas que cicatrizes ou abalos emocionais

.

. Essa e outras notícias aqui, em dez minutos.

04 de outubro de 2018

ABUSO EM CRIANÇAS MUDA DNA

A gente já sabe que abusos físicos e emocionais em crianças deixam marcas pra vida toda, mas um novo estudo mostra que elas são mais profundas do que cicatrizes físicas ou abalos psicoógicos. A pesquisa – desenvolvida por cientistas Universidade de British Columbia, no Canadá, e pela Universidade Harvard, nos EUA, e publicada na Translational Psychiatry – revela que esses abusos chegam a alterar o DNA. A descoberta foi feita a partir da comparação de marcadores químicos no DNA de 34 homens adultos que tinham passado por diferentes tipos de abuso. E as alterações afetaram genes ligados a função cerebral e ao sistema imunológico. Apesar de a amostra pequena ser uma limitação, os cientistas acreditam que, no longo prazo, o fato pode ser usado para provar abusos em casos policiais.

Uma mutação no DNA significa que, ao menos em tese, essas marcas devem ser passada para os filhos. Em animais isso já foi observado: filhos de camundongos submetidos a choques têm reações de medo quando acham que vão ser submetidos a descarga elétrica. No caso dos humanos, ainda não se sabe se as alterações sobrevivem à fertilização e passam adiante também.

VIOLÊNCIA SEXUAL

Mulheres que sofrem abuso ou assédio sexual têm muito mais chances de sofrer de ansiedade, distúrbios de sono, pressão alta e depressão. A afirmação vem de uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh que examinou mais de 300 mulheres entre 40 e 60 anos. Recentemente, outro estudo mostrou que quatro entre cinco adolescentes que sofreram agressão sexual tiveram problemas de saúde mental nos meses seguintes.

Mas o presidente dos EUA, Donald Trump, acha que estamos vivendo uma época “assustadora” para homens. “É uma situação assustadora quando você é considerado culpado até que prove sua inocência”, disse ele, sobre acusações de abuso e assédio, inclusive as que recaem sobre Brett Kavanaugh, juiz da Suprema Corte nomeado por ele. Bom, a matéria da CNN afirma que casos de falsas acusações não são tão comuns. Segundo a matéria, as pesquisas feitas até hoje sugerem que apenas algo entre 2% e 10% das denúncias são falsas naquele país. E o número real pode ser ainda menor, porque às vezes elas são legalmente desconsideradas por falta de provas ou testemunhas, o que não necessariamente significa que o abuso não tenha acontecido.

SAI DARWIN, ENTRA GUERRA SANTA

É na Turquia: o governo vai em breve remover Charles Darwin e qualquer menção à seleção natural de seus livros didáticos para adolescentes.   “Em vez disso, eles aprenderão a jihad (guerra santa) nas aulas de religião pela primeira vez, uma trnasição alarmante do racionalismo para a crença religiosa”, escreve Kaya Genç, do Index on Censorship. Desde 2002, o número de escolas religiosas aumentou dez vezes. Existe uma fundação de pesquisa ligada ao criacionsimo e anti-darwinismo que, com mais de cinco mil membros, abre processos contra os racionalistas. Mas o novo ministro da educação, que esteve por trás da criação das escolas mais progressistas de Istambul, traz uma esperança.

QUANTO VALE?

Em coluna na Época, o jornalista Rafael Ciscati comenta os 30 anos do SUS, com todos os avanços, e diz que “em ano de eleições, é urgente a pergunta: quanto o país está disposto a pagar por tudo isso?”. Ele faz um breve resumo da história do subfinanciamento do Sistema, que fica ainda mais insuficiente com o aumento e envelhecimento da população. Hoje, o SUS dispõe de pouco mais de R$ 3,00 por dia, por pessoal. Ciscati afirma que todos os principais candidatos à presidência afirmam a necessidade de ampliar investimentos no SUS, exceto Jair Bolsonaro.

O TUCANO QUE NÃO VOA

Na verdade, embora Alckmin venha dizendo nos debates que vai investir em saúde, seu programa não fala nada sobre financiamento, então pra ele não é nada tão importante. É ele o foco da análise de hoje no Outra Saúde, que vem falando sobre os candidatos à presidência.

CANGURU NA VENEZUELA

Estadão (via Reuters) divulga que, para poupar incubadoras, o maior hospital-maternidade da Venezuela ensina às mães de bebês prematuros sem gravidade que cuidem de seus filhos com o ‘método canguru’, que consiste em manter o contato pele a pele o tempo todo. O tom da manchete é de crítica – e a falta de equipamentos que leva o hospital a realizar a medida é mesmo um péssimo motivo – mas o corpo do texto explica que esse método é conhecido há décadas como a maneira mais eficaz de reduzir a mortalidade infantil e melhorar o desenvolvimento de bebês prematuros. A reportagem também informa que ele é largamente usado em países como Noruega, EUA e Finlândia. No Brasil, começou em 1999.

FOME E CÓLERA

E se devem a conflitos. No Iêmen, em guerra há quatro anos, cerca de um milhão de pessoas  estão à beira da fome e, em meio a uma região de conflitos, as organizações de ajuda têm dificuldade para levar comida. Na região costeira de uma de suas maiores cidades, Hodeida , os casos de cólera triplicaram desde junho.  Foi quando a coalizão Arábia Saudita, que tem apoio logístico dos EUA, lançou uma ofensiva militar para retomar a área, onde há um porto estratégico. Um terço dos casos suspeitos ocorrem em crianças com menos de cinco anos. As pessoas não têm mais acesso a água limpa e o sistema de saúde do país praticamente colapsou nos últimos anos.

SOB AMEAÇA

Uma pesquisa inédita da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB/IPÊ) mostrou que agrotóxicos e metais pesados ameaçam a saúde desse animal. Entre 2015 e 2017, cientistas coletaram centenas de amostras biológicas de 116 antas vivas e carcaças em sete municípios do Mato Grosso. E 40% das amostras estavam contaminadas. Segundo os pesquisadores, os resultados demonstram os riscos para outras espécies, inclusive animais domésticos e seres humanos. Na região, a pulverização aérea é a forma mais usada de aplicação de agrotóxicos, e é a que mais se relaciona à ocorrência de contaminação do meio ambiente.

QUER UM PEDIDO DE DESCULPAS

O jornal britânico The Guardian publicou recentemente uma entrevista com Dewayne Johnson, jardineiro que processou (e, por enquanto, venceu) a Monsanto. Para lembrar: ele desenvolveu câncer depois de dois anos de uso contínuo de um agrotóxico da empresa e ficou demonstrado, por e-mails, que a Monsanto conhecia os riscos. A Abrasco traduziu a matéria. “Johnson disse que não estava preocupado com os riscos à saúde, já que os rótulos da Monsanto não tinham nenhum aviso. Em uma sessão de treinamento, ele foi informado de que era ‘seguro o suficiente para beber’”.

MACONHA

Uma pesquisa da Universidade de Montreal, no Canadá, rastreou e examinou 3,8 mil adolescentes durante quatro anos e descobriu que, para eles, o impacto da maconha  sobre as habilidades de raciocínio, memória e comportamento é pior que o do álcool. Foi uma surpresa para a principal autora do estudo, que esperava o contrário. Além de ser pior, esse impacto se mostrou duradouro.

E quem está ganhando dinheiro com o negócio da cannabis? O Guardian mostra que, num cenário de crescente processo de legalização, “quem lucra é uma questão de direitos civis tão grande quanto quem é punido [tradicionalmente, pelo consumo e venda ilegais]”. Grupos marginalizados, que lutaram pela legalização e estão envolvidos profissionalmente nisso há décadas, têm imensa dificuldade de fazer frente a grandes empresários que nunca se importaram realmente com isso,  mas são capitalizados e buscam entrar na onda.

Na Califórnia, onde hoje há milhares de fazendas cultivando a planta, o processo de legalização não beneficiou pequenos produtores. Esperava-se que, para dar tempo de eles se adaptarem, a legislação tivesse um dispositivo proibindo grandes fazendas até 2023, mas isso não aconteceu. No Canadá, hoje um punhado de empresas já domina a produção.

HPV NA AUSTRÁLIA

O país tem altíssimas taxas de vacinação e pode eliminar o câncer de colo de útero até 2028, segundo estudo divulgado ontem na Lancet. Em 2022, já deve ser um tipo de câncer considerado raro por lá. Estima-se que 99,7% dos casos desse tumor sejam causados pelo HPV.

OUTRO NOBEL

Este ano, o de química foi dado a três pesquisadores que controlaram mecanismos evolutivos para produzir enzimas e anticorpos de interesse para a humanidade. A engenheira química Frances H. Arnold fez nos anos 1990 os primeiros experimentos para obter catalisadores, enzimas que aceleram reações químicas e hoje são amplamente usados na indústria farmacêutica. As pesquisas dos outros dois – George Smith e Gregory Winter – levaram à geração de anticorpos para fins terapêuticos.

MAIS AMOR

Não que se precisasse de evidência científica pra abraçar  quem teve um dia ruim, mas agora o estudo existe: uma artigo  publicado na PLOS One afirma que abraços têm impacto mensurável no humor e no estresse quando as pessoas passam por conflitos interpessoais.

UM POUCO DE LAZER

No teatro: Neste fim de semana estreia em São Paulo a peça Volúpia da Cegueira, que trata da sexualidade de pessoas com deficiência, especialmente visual. O espetáculo tem tradução em Libras e audiodescrição.

Nos fones: Como já dissemos por aqui,  O Cebes bolou uma radionovela cuja personagem principal é uma agente comunitária de saúde, a SUSete. Saiu o segundo capítulo, em que elas discutem as consequências do Teto de Gastos para o seu trabalho.

Nas telas: A elogiada & criticada série Sob Pressão (Globo), volta para a segunda temporada na terça-feira, dia 9. Agora vai tratar também de corrupção.

Leia Também:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *