Adriano Massuda deve assumir secretaria após crise

• Novo secretário de Atenção Especializada à Saúde • Apoio a Nísia de cientistas e médicos • Greve de agentes de endemias completa caos em SP • Novo documentário sobre mulheres na pandemia • Licitações fraudadas na crise sanitária •

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Sanitarista com vasta experiência no poder público, Adriano Massuda será o novo secretário de atenção especializada do Ministério da Saúde, após as conturbadas demissões de Helvécio Magalhães, anterior secretário, e Alexandre Telles, diretor geral dos hospitais federias do Rio. Professor da FGV, com passagens pelo ministério e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Massuda participou dos trabalhos de transição do governo, após a vitória de Lula nas eleições de 2022 e é um nome que angaria respeito nos movimentos e profissionais da saúde pública brasileira.

Grupos médicos e científicos manifestam apoio a Nísia

Após o movimento de desestabilização orquestrado entre a bancada fisiológica do centrão e a mídia de mercado, grupos relevantes das áreas médica e científica saíram em apoio à ministra Nísia Trindade. “Como não é política de profissão, Nísia tem enfrentado muito mais dificuldades à frente de um ministério muito cobiçado. Por isso, nosso apoio é fundamental. E é preciso deixar muito claro que não se está defendendo a Nísia, mas o que ela representa para a organização de um ministério que foi devastado e para o papel da ciência na saúde”, disse Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em matéria de Miriam Leitão no Globo.

Já a presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Rosana Onocko-Campos, endossou o apoio e também destacou a importância de prestigiar a primeira mulher a chefiar o ministério. “Torço para que ela – como muitas de nós mulheres em lugares difíceis – mantenha-se calma e serena, segure a própria voz, se ampare na sororidade de milhares de cientistas e sanitaristas do Brasil e se mantenha firme, dando continuidade ao processo de reconstrução e inovação que tão legitimamente lidera. É preciso ter a estatura de uma Nísia Trindade para combater a miséria política”, disse à Folha.

Com greve de agentes de endemias, cidade de São Paulo vê casos explodir

Como destacado em matéria do Outra Saúde, se por um lado a mídia de massa bombardeia o governo federal com pressões e especulações a respeito de supostas incapacidades na gestão da Saúde, por outro lado a vida de alguns políticos que têm grandes responsabilidades na liderança de esforços de proteção da população parece muito tranquila. É o caso do prefeito da cidade mais rica do país, Ricardo Nunes, que no ápice da epidemia de dengue se vê diante de greve de agentes de combate a endemias, ao lado de outras categorias do serviço público municipal. Não por acaso, o prefeito declarou estado de emergência em saúde nesta semana, em que cerca de 80% dos agentes encontram-se paralisados.

Mesmo com R$ 30 bilhões de reais em caixa, o prefeito, entusiasta das privatizações e da ideologia do Estado mínimo, fez uma contraproposta de 2,16% de reajuste diante de ao menos 4% de inflação anual, fora as perdas acumuladas nos anos anteriores. Os agentes, categoria cujo piso salarial é de R$ 2.824,00, reivindicam 16% de aumento. Em sua defesa, Nunes faz os manjados ataques: diz considerar a greve política e acusa os servidores de não estarem interessados nos problemas reais da cidade. Isso enquanto partes do centro registram apagões de mais de dias seguidos sem que o prefeito se pronuncie ou monte algum gabinete de emergência. Mas nada que rompa o cerco de proteção da mídia oligárquica.

Lançado documentário Mulheres e Covid

Dirigido por Fernanda Kopanakis e Ivan de Angelis, foi lançado nesta quinta, no auditório do Museu da Vida, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o documentário Mulheres e Covid, que reúne depoimentos de mulheres a respeito de suas vivências na pandemia. O filme entrevistou diversas moradoras da área de Manguinhos, no entorno da Fiocruz, região suburbana. “É muito diferente da (minha) realidade a periferia do Rio de Janeiro. Completamente diferente. A gente fez o trabalho com o coração na mão porque o desejo de entrevistar mais mulheres era muito grande, porque tinha, e tem, muita mulher incrível que fez essa passagem e o caminho da pandemia de forma impressionante. A comunicação é muito diferente para nós, em geral, e para essas mulheres da periferia”, explicou Kopanakis, ao comentar os obstáculos em lidar com a crise sanitária e as recomendações de prevenção de uma classe trabalhadora que foi obrigada a viver constantemente exposta à contaminação pelo coronavírus. O filme ficará disponível no Canal Vídeo Saúde da Fiocruz.

PF faz operação contra suspeito de fraudar licitações na pandemia

Nesta quarta, 20/3, a Polícia Federal, auxiliada por servidores da Controladoria Geral da União, realizou operação de busca e apreensão de bens possivelmente obtidos por meio de superfaturamento em compra de equipamentos no contexto de combate à covid. De acordo com a operação, o grupo teria se aproveitado do sentido de urgência para usar brechas que facilitavam licitações e fez aquisições viciadas. Além de prender a filha de um dos acusados do esquema, a PF sequestrou bens imobiliários e outros valores que somam 5 milhões. Vale lembrar que foi este tipo de operação que levou à cassação do mandato do governador Wilson Witzel.

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